Música

Tuyo lança primeiro álbum infantil pouco antes do dia das criança

O grupo Tuyo mergulha em memórias de infância para produzir o último disco, 'Quem eu quero ser', dedicado ao público infantil

Tuyo -  (crédito: Walter Firmo)
Tuyo - (crédito: Walter Firmo)

O grupo Tuyo foi formado em Curitiba a partir do desejo dos integrantes Lay, Lio e Machado de transformar as conversas que tinham juntos em música. As letras que navegam por sentimentos profundos com melodia e leveza agora também acessam o público infantil com o novo álbum do grupo, intitulado Quem eu quero ser. O lançamento no dia 3 de outubro, mês em que se celebra o dia das crianças, não poderia ser mais assertivo. 

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As oito faixas do disco perpassam memórias de infância, o que permitiu ao trio se reconectar com suas crianças interiores. Em virtude disso, o resultado foi um projeto que cria diálogos horizontais com o novo público. “Ao conversar com esses mini queridos, fui descobrindo que não existe uma grande diferença entre adultos e crianças. Talvez a maior semelhança seja que, independente da idade, você sempre tem alguém para te ajudar a dar nomes às coisas. Quando criança, você cai, chora e alguém fala: isso aqui que você está sentindo é dor. Continuamos com isso quando crescemos”, diz Lio, em entrevista para o Correio.

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Algumas das músicas retratam vivências mundanas do universo infantil. A famosa frase “para tudo tem uma primeira vez” é bastante pertinente ao falar de faixas como Dógui, que narra o encontro do eu lírico com o primeiro pet. A fase inicial da vida é onde todos têm os primeiros encontros, seja com um cachorro ou com os devaneios que surgem na distração. A primeira faixa do álbum, Acordei, fala sobre esses devaneios e provoca o ouvinte a desistir de antemão de construções lineares. Os arranjos inventivos que misturam sons de bolhas estourando e peixes no rio propõem uma experiência imersiva para os fãs. 

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O resgate do trio visitou ambientes não amistosos, mas o objetivo estava direcionado em olhar para as crianças que eles foram e criar a narrativa de Quem eu quero ser. “Fomos crianças que cresceram em lugares cristãos e, apesar das boas memórias, tivemos alguns enfrentamentos com relação à nossa sexualidade, a ideologias que cada um de nós tem. Sinto que, de alguma maneira, a música tem um um poder muito irreversível e incontrolável — até descolado da do nosso domínio — de operar na memória e reorganizar o nosso emocional. Tomamos cuidado, porque a ideia não é romantizar experiências traumáticas, nem bater palma para tudo que era violento na nossa infância. A ideia é que a gente consiga olhar para trás de uma maneira mais gentil com a gente”, relata Lio. 

“Por ter sido uma criança cristã, vejo que, em muitas coisas da minha infância, eu me sentia envergonhada ou culpada…Três anos de terapia para ficar visitando infância e igreja, mas pude revisitar memórias em que eu me sentia livre. Que eu me reconhecia e hoje falo; nossa isso aí sou eu sim”, diz Lay. “Aprendi que ainda há tempo para ser quem eu quero ser sem me cobrar com parâmetros dos outros”, fala Machado. Ele segue: “o mínimo que a gente pode fazer enquanto artista pelas pessoas de fato é conseguir acionar esse lugar de ser criança de novo sem medo”. 

Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco 

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postado em 10/10/2024 16:43
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