Artes visuais

Brasília recebe exposição do artista chinês Mzyellow

Evento celebra 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China e é a primeira no campo das artes visuais a exibir o selo Carbon Free (carbono livre) no Centro-Oeste.

Mzyellow: uma sinfonia em quatro movimentos: diálogo de culturas -  (crédito: Arnaldo Saldanha)
Mzyellow: uma sinfonia em quatro movimentos: diálogo de culturas - (crédito: Arnaldo Saldanha)

A Caixa Cultural Brasília recebe a exposição do artista chinês Mzyellow: Uma Sinfonia em Quatro Movimentos.  O evento celebra 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China e é a primeira no campo das artes visuais a exibir o selo Carbon Free (carbono livre) no Centro-Oeste. Obras de Mzyellow da última década são expostas até  3 de novembro, incluindo peças feitas a partir da tradição milenar chinesa da caligrafia e tinta no papel de arroz. 

Nascido em 1957 e residente de Suzhou, cidade mais populosa da China, Mzyellow foi inspirado pela guinada econômica da China nas obras e trabalha com a caligrafia desde os oito anos de idade.  Além das técnicas chinesas, o uso de elementos ocidentais também está presente no trabalho do artista, como tinta acrílica, verniz, corantes e telas. Ele propõe uma sobreposição poética entre Oriente e Ocidente, em uma reflexão sobre as confluências e os embates culturais entre civilizações.

O curador Clay D'Paula optou por organizar a exposição em torno de alegorias associadas ao ciclo do dia. O percurso da visitação das obras não é cronológico ou temático, mas, sim, relacionado com quatro movimentos contidos em 24 horas, como uma sinfonia.  A abordagem escolhida foi motivada por uma conversa entre Clay e Mzyellow, na qual o artista contou o cronograma de pintura: de manhã, são utilizadas cores leves e tons pastéis; de tarde, as cores quentes e solares são destaques; ao cair da noite, o artista fica enérgico e a escuridão o inspira a ser intenso no papel de arroz. "É atravessando a escuridão que o artista encontra o ápice de sua força e criatividade. É um momento de catarse e transgressão", afirma Clay.

A fusão de técnicas orientais e ocidentais é uma linguagem que reflete as relações diplomáticas entre os países. O curador ressalta que com o fim da Revolução Cultural, em 1977, e a abertura da China para novos mercados, os artistas também começaram a conhecer formas de arte do ocidente e obter inspirações novas. "Os artistas chineses contemporâneos querem chacoalhar essa tradição milenar de mais de 5 mil anos em suas obras de arte. Claro, eles ainda utilizam elementos da tradição como pincel, o papel de arroz, a tinta chinesa, mas em uma linguagem mais pulsante e moderna", argumenta

Clay antecipa que o público poderá sentir o cheiro da tinta ao percorrer as salas da exposição. Isso se deve ao fato de que o papel de arroz Xuan oferece uma frescura singular para a pintura, na qual as pinceladas parecem ter sido aplicadas no exato momento. "Em algumas obras da exposição é possível notar esse imediatismo da tinta sobre esse suporte tipicamente chinês", explica o curador. 

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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postado em 03/10/2024 03:55
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