Kris Kristofferson, ícone da música country e uma das vozes mais autênticas da cena "fora da lei" dos anos 70, nos deixou recentemente aos 88 anos. Compositor de letras profundas e introspectivas, ele capturou a alma daqueles que enfrentavam desafios, perdas e buscas por redenção. Em suas canções, Kristofferson deu vida a personagens solitários, desiludidos e reflexivos, que, mesmo em meio ao caos, lutavam para seguir em frente. Com uma carreira que atravessou décadas, suas músicas permanecem como um legado duradouro.
Confira 12 das canções mais emblemáticas do artista e já salva na sua playlist.
1. Me and Bobby McGee (1970)
Talvez sua composição mais conhecida, Me and Bobby McGee foi imortalizada na voz de Janis Joplin, mas a versão de Kristofferson carrega uma melancolia única. Em vez da explosão de energia que Joplin trouxe ao final, a interpretação de Kris é mais contida, deixando o ouvinte com a sensação de uma memória que se dissipa lentamente.
2. Help me make it through the night (1970)
Kristofferson capta a vulnerabilidade humana de forma profunda. O pedido sincero no verso “Deixe o diabo levar o amanhã” é um reflexo de sua habilidade de transformar desejos temporários em momentos espirituais. A simplicidade da melodia dá ainda mais força à mensagem de busca por conforto em meio à solidão.
3. For the good times (1970)
Com uma letra que fala sobre o fim de um relacionamento, For the good times se tornou um clássico gravado por diversos artistas. A voz de Kristofferson, suave e reflexiva, carrega uma resignação que torna a canção um poema à aceitação da perda sem arrependimento.
4. Sunday mornin' comin' down (1970)
Uma das composições mais íntimas de Kristofferson, Sunday mornin' comin' down retrata um homem lidando com a ressaca física e emocional de uma noite anterior. É um retrato realista da vida cotidiana, onde pequenos detalhes — como o cheiro de frango frito e o som de crianças brincando — evocam uma saudade de algo perdido para sempre.
5. The silver tongued devil and I (1971)
Nesta canção, Kris explora a dualidade de sua própria personalidade, ao mesmo tempo um pecador e um redentor. Ele canta sobre um homem que, como ele mesmo admite, é tanto vilão quanto vítima. Com uma melodia suave e uma letra cheia de simbolismo, essa é uma das canções mais introspectivas de sua carreira.
6. The pilgrim, chapter 33 (1971)
Essa canção é uma homenagem aos andarilhos e músicos errantes que Kristofferson conheceu ao longo de sua vida. Ele descreve um personagem que é “uma contradição ambulante, parte verdade e parte ficção”, refletindo o espírito rebelde e indomável de muitos de seus contemporâneos.
7. Border Lord (1972)
Em Border lord, Kristofferson canta sobre a vida de um fugitivo em busca de paz e liberdade. Com influências do blues, a música reflete a angústia de viver sempre em fuga, mas também celebra o ato de aproveitar o momento enquanto ele dura.
8. Nobody wins (1972)
Uma canção sobre o fim inevitável de um relacionamento, Nobody wins é direta e poderosa. Kristofferson narra o ciclo de erros repetidos, e, com uma simplicidade cortante, reconhece que no fim de tudo, ninguém sai vitorioso.
9. Shandy (The perfect disguise) (1974)
Com uma narrativa misteriosa, Shandy nos apresenta uma história cheia de reviravoltas, onde as mentiras se entrelaçam com a verdade. A melodia alegre contrasta com o enredo obscuro, revelando a habilidade de Kristofferson de contar histórias complexas através de canções que, à primeira vista, parecem simples.
10. What about me (1986)
Uma das canções mais politicamente carregadas de Kristofferson, What about me trata do impacto da guerra na vida dos soldados e das pessoas afetadas por conflitos. Ele canta sobre um soldado perdido e uma sobrevivente de El Salvador, trazendo à tona questões de fé, guerra e revolução em um contexto latino-americano.
11. Closer to the bone (2009)
Já em seus anos mais avançados, Kristofferson reflete sobre o envelhecimento e a proximidade com a mortalidade. Com uma voz mais rouca, ele canta sobre como tudo se torna mais autêntico e intenso quando estamos mais próximos do "osso", da essência. A simplicidade dos arranjos dá ainda mais peso à sabedoria acumulada ao longo de sua vida.
12. Feeling mortal (2013)
A faixa-título de seu último álbum de estúdio é uma meditação sobre a mortalidade. Kristofferson, já em paz com seu lugar no mundo, reconhece o fim que se aproxima, mas também expressa gratidão por ter vivido intensamente. Sua voz rouca e as guitarras suaves nos lembram que, apesar de tudo, ele se sente sortudo por ter chegado até ali.
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