O gancho deixado ao final da história principal de MK1 com a chegada do Clérigo do Caos, Havik, a linha do tempo de Liu Kang, foi finalmente desenrolado em uma história inédita. Produzido pela NetherRealm Studios e publicado pela Warner Bros. Games, a Expansão Reina o Kaos traz uma história adicional ao modo campanha, e três novos personagens ao elenco de Mortal Kombat 1, Noob Saibot, Sektor e Cyrax, todos em novas roupagens e origens.
A expansão de história virou uma espécie de “tradição” desde o último jogo da franquia, Mortal Kombat 11, com a DLC Aftermath, que também acontecia após a história principal e que teve impacto direto em MK1. Lá também foram disponibilizados três novos personagens incluídos no elenco do jogo, colocando Sheeva e Fujin com capítulos próprios, além de trazer o mago Shang Tsung, liberado como primeiro DLC de MK11, para ser um agente ativo no enredo.
Nem tão caótico assim
As tramas cinematográficas (Sendo no fundo, no fundo, uma desculpinha para nossos heróis caírem na porrada) como sempre é extremamente bem escrita pela NetherRealm, desde Mortal Kombat 9, trazem aprofundamento para história e dá uma personalidade presente a cada um dos personagens, principalmente com o método de separar um capítulo para cada personagem (Que às vezes contém lutas gratuitas como: “Ah, você mexeu no meu queijo, vamos brigar”, mas ainda assim, elas são ótimas), é complicado quando trocam de um personagem que você havia acabado de se acostumar para um novo, mas a adaptação faz parte do processo, eu mesmo sinto que o primeiro inimigo de cada capítulo é mais para adaptação e teste de habilidades e o último é com certeza para desafiar você, cobrando todo o aprendizado durante o capítulo.
Porém, diferente de Aftermath, que continha uma história que adicionava ao enredo principal trazendo pontos importantes para a continuidade, eu acabei não sentindo a mesma urgência daquela trama, nessa. Parece que o Titã Havik, o clérigo do caos que derrotou crônica e moldou o mundo a sua imagem e semelhança, não passa de um vilão do modo Invasões. Modo esse criado exclusivamente para o novo jogo, já que seu gancho é feito no capítulo final, que consiste basicamente em trazer os personagens de Mortal Kombat em versões distorcidas do Multiverso, onde eles se tornaram guardiões do tempo, assim, seu objetivo é vencer cinco “tabuleiros”, derrotando centenas de inimigos até finalmente uma luta final com a versão distorcida do personagem.
Na primeira temporada Scorpion era o titã, na segunda Nitara, na terceira Sub-Zero e por aí vai. O modo invasões é um excelente passatempo, se você gosta muito de jogos de luta, já que a dinâmica apesar de mudar em alguns trechos para minigames, não deixa de ser um jogo de porrada, com você tendo que derrotar muitos inimigos até finalmente concluir um tabuleiro. Sem contar que as recompensas não valem muito, já que boa parte do que se ganha são apenas recolor (Mesmo modelo de skin apenas trocando a tonalidade do esquema de cores). Fora não haver uma “história” concreta por trás de cada temporada do modo Invasões, temos pequenas intervenções de Liu Kang, falando sobre os lacaios e o vilão do mês em uma cena animada no começo do primeiro tabuleiro e no final do último.
O mesmo sentimento que tenho sobre o modo Invasões me atingiu quando vi diversos personagens do elenco só com re-color, sendo os “terríveis lacaios de Havik”, óbvio que temos alguns com skins completamente diferentes das usuais, como uma versão “Mad Max” de Kenshi e Takeda, ou como a maravilhosa versão de Johnny Cage soldado, que tem o dialeto mais datado da história da humanidade, essas versões passam porque houve realmente um empenho no “fazer diferente”, mas muitos inimigos são genéricos e vindos do Modo Invasão. O mesmo vale para Havik, que desde o teaser no fim da trama principal quis passar um ar ameaçador, e pôs várias perguntas na cabeça dos jogadores: “Como será essa ameaça? Será que ele é mais forte que Liu Kang?” Sinto dizer que nada tão legal acontece, apesar de dar poderes de um Deus a criatura conhecida como “Clérigo do Caos”, infelizmente, nada tão caótico acaba acontecendo.
A nova origem do Noob
No resumo simples, o enredo gira em torno de um novo ajuste de contas dos irmãos Lin Kuei, que de longe é o maior alto dessa versão da história MK. Na versão retratada em Mortal Kombat 9, Bi-Han, o primeiro Sub-Zero, o ninja mais forte dos Lin Kuei, assassina a família de Hanzo Hasashi, do clã rival de ninjas, Shirai Ryu, no inferno (Aqui chamado de Nether Realm) Hanzo faz um acordo para retornar dos mortos e vingar seus familiares, se tornando Scorpion. Durante o torneio do Mortal Kombat, Bi-Han reencontra Scorpion, que finalmente consegue sua tão desejada luta contra o ninja congelante e o mata, finalmente se vingando. Assim seu irmão, Kuai Liang assume o manto de Sub-zero, briga algumas vezes com Scopion até o dia que se defronta com uma versão ressuscitada de seu irmão, que o mago Quan Chi, tinha trago de volta a vida, mas ainda assim muito diferente do Bi-Han original, Noob Saibot, um ninja que usa a escuridão como arma e manifesta sua sombra como uma habilidade de combate.
Essa luta de irmãos é constantemente lembrada ao longo da saga, assim como Scorpion versus Sub-zero, sempre que ocorre uma luta de Sub-zero contra Noob será um grande acontecimento na história (Ou um poderoso fan-service).
Na nova versão de Reina Kaos, Noob ganha uma nova origem, começando com seu principal fator de irmandade com Sub-Zero, alterado em Mortal Kombat 1 com Hanzo Hasashi não existindo nessa nova linha do tempo, e Kuai Liang sendo o Scorpion dessa realidade, inicialmente um ninja dos Lin Kuei e mais tarde fundando seu próprio clã, os Shirai Ryu. Apesar dessa mudança, o choque continua pessoal, quando Scorpion finalmente encontra seu irmão transformado em Noob, a luta tem um peso magistral, e é muito bem feita em narrativa.
Cyberninjas
Outros dois personagens que retornam em Reina o Kaos são Cyrax e Sektor, uma dupla de cyberninjas inspirados no visual do predador, que faziam parte das linhas Lin Kuei também através da iniciativa cibernética, um método que transformaria humanos em máquinas para aperfeiçoarem as habilidades dos ninjas. Ambos tiveram histórias reformuladas em Mortal Kombat 9 (Assim como boa parte do elenco), voltaram a aparecer em Mortal Kombat X através do Triborg, um robô que continha as habilidades de Sektor, Cyrax e Smoke (O último que também retornou em MK1), em Mortal Kombat 11 tiveram uma participação especial numa luta que uniu Scorpion e Sub-Zero, mas não eram personagens jogáveis e finalmente voltam para o mundo violento de Mortal Kombat, agora na nova linha do tempo.
Nesta versão, Cyrax e Sektor são ambas mulheres, e agora são ninjas aperfeiçoadas com armaduras, não robôs completos como antigamente, as duas fazem parte de um teste de Bi-Han para melhorar o armamento de seu clã de ninjas. Nessa aventura, elas fazem parte e presença de muitos acontecimentos que se desenrolam, tendo cada uma um capítulo próprio. Alguns movimentos foram retrabalhados atualizando os clássicos dos personagens, mas sem tirar suas principais características, Sektor com seus mísseis e lanças-chamas e Cyrax com suas bombas e seu teleporte.
Considerações Finais
Mortal Kombat 1 teve suas dificuldades de adaptação para os jogadores, devido à implementação do sistema de Kameos, principalmente porque ele não é opcional, assim que era habituada na luta X1, teve que se adaptar ao novo sistema, mas apesar disso, o jogo continua muito sólido, para o primeiro jogo da NetherRealm da nona geração de consoles é uma excelente maneira de estrear e uma boa porta de entrada para os jogos de luta.
A nova DLC Reina o Kaos aposta muito alto com Havik, chega a ser frustrante ele ser só mais um vilão de temporada, mas apesar de ter uma história muito superficial, a trama ainda tem seus momentos de ouro, trazendo novas roupagens de personagens queridos que funcionam demais, principalmente para quem já é fã das batalhas sangrentas e mortais criadas por Ed Boon.
*Está análise foi feita com uma cópia para PlayStation 5 enviada pela Warner Games Brasil.
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