MÚSICA

A gaúcha Cristal lança o primeiro álbum, Epifania, com inspiração nos anos 1970

Com início da carreira na poesia, Cristal, de Porto Alegre, conversou com o Correio sobre o lançamento

Cristal, artista do Rio Grande do Sul, lançou o primeiro álbum, Epifania. Junto com o álbum, Cristal realizou uma animação que acompanha o disco. A gaúcha está fazendo parte do programa All Stars, da Converse, que impulsiona novos talentos e conversou com o Correio sobre a sua carreira e inspirações do meio musical. 

A cantora começou a carreira através da poesia, participando de slams, competições de poesia falada, em Porto Alegre, desde os seus 15 anos. Para decorar as poesias, Cristal pensava em uma melodia por trás, para facilitar o processo, então a entrada na música foi muito natural. “Minha família sempre foi musical, mas sempre como hobbie. Meu primo, MDN Beatz, já trabalhava com rap, e quando me viu participando dos slams, começou a me incentivar a ser artista. Hoje, ele é meu produtor musical”, comenta a gaúcha. 

Como inspirações para Epifania, Cristal juntou referências diversas como cantor Cassiano com seu álbum 18 kilates, Sandra de Sá, Jorge Ben Jor e Tim Maia, que estiveram presentes na infância da cantora. “Eu já estava com outros olhos, não era mais um olhar de criança, nem de nostalgia, era um olhar de artista. Eu ouvia as vozes, via aquelas capas e fotos antigas, e pensava como deve ter sido legal ser artista naquela época. O álbum começou a vir de uma fascinação por essa estética e para resgatar que o que eu faço vem dessas pessoas”, revela Cristal.   

Cristal é uma mulher negra gaúcha e a questão racial no Rio Grande do Sul marca muito as suas composições. Para ela, a cultura negra em Porto Alegre é uma pauta de grande orgulho atualmente, pois quando mais nova não imaginava que tinha um movimento tão forte e ativo no estado. A família da cantora sempre celebrou a cultura negra mas o mundo era muito diferente da porta para fora. 

“ Era muito triste estar em uma classe cheia de crianças brancas e ver eles trazendo  emblemas  e fotos dos seus avós. Eu não tinha nada para trazer dos meus. Quando eu conheci os slams, eu conheci os movimentos negros da cidade e abriu a minha mente porque eu pensava que eu não tinha história, eu pensava que eu não tinha um outro lado nessa história”, comenta. 

A artista está participando do programa All Stars da Converse que reúne jovens para impulsionar talentos, e Cristal é uma das influenciadoras dessa campanha. O projeto fez com que a gaúcha se mudasse para São Paulo. “Não é só um projeto de visibilidade ou de imagem, é um projeto que muda a carreira de alguns artistas. Eu fiquei feliz que uma marca que eu me identifico e que eu acompanho há muito tempo  acredita no meu trabalho, ainda mais com Epifania nesse universo de década de 70 que tem tudo a ver com retrô e com o All Star”, destaca. 

Para o futuro, Cristal deseja focar nos shows do seu primeiro álbum e promete unir elementos de bailes negros, para colocar um efeito nostálgico no público. “ Quero que quem viveu nessa época possa celebrar e os jovens, a galera da periferia possa vibrar dessa cultura, para que ela não seja esquecida. Quero que seja um grande baile, que eu possa viajar o país todo com esse álbum”, comenta Cristal. 


 

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