Woody Allen retorna aos cinemas com Golpe de sorte em Paris. O filme volta a explorar a cidade francesa e tem a personagem Fanny como centro da trama. Fanny é obcecada por livros e romantiza uma vida caseira, já o marido Jean é um homem rico e realista, não vendo graça nos devaneios da esposa. Ao caminhar pela cidade, Fanny encontra Alain, que conheceu na época da escola, e um apaixonado pelas coincidências. Alain, de imediato, assume para Fanny um amor antigo que carrega por ela e, balançada pelo acaso e pelo destino, Fanny não consegue tirá-lo da cabeça.
Golpe de sorte em Paris é o filme número 50 do diretor estadunidense. Woody Allen começou a carreira como comediante e chegou ao cinema sem nenhuma bagagem técnica, simplesmente se aventurou na sétima arte. O primeiro filme em que Woody Allen se envolveu como ator, é a comédia romântica O que é que há, gatinha?, onde foi roteirista também, em 1965. Sua primeira direção veio em O que é que há, tigresa? (1966), que era um filme japonês em que Woody foi convocado para transformá-lo com seus roteiros cômicos.
Desde que começou a dirigir, Allen manteve uma constância cinematográfica notável, com filmes quase todo ano. Por ter começado escrevendo roteiros de comédia para peças de teatro, o diretor fazia muitos filmes no gênero e atuava na grande maioria das suas produções. Sua primeira obra-prima reconhecida pela crítica foi Noivo neurótico, noiva nervosa, filme de 1977, com atuação de Allen e Diane Keaton. O filme venceu quatro categorias no Oscar de 1978 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz).
Em 1979, Woody Allen dirigiu, atuou e roteirizou Manhattan, outro grande sucesso de sua filmografia, onde aborda romance, sexo e traições, temas constantes nas produções de Woody Allen. Manhattan estreou no Festival de Cannes de 1979 e foi indicado para Melhor Roteiro Original na premiação do Oscar.
Para Luiz Fernando Godinho, comunicólogo e consumidor da obra de Woody Allen, o contato com o diretor foi a partir de Bananas (1971) e depois Sonhos eróticos de uma noite de verão (1982), dois sucessos da obra do estadunidense. Após conhecer o diretor, Luiz não parou de acompanhar a filmografia.
"Assistir os filmes do Woody Allen sempre foi, antes de tudo, uma aula de cinema. Não apenas pela maestria com a qual ele filma os roteiros, mas também pela fotografia elaborada, a trilha sonora (na qual ele recupera compositores clássicos e também o que há de melhor na música norte-americana) e as diversas homenagens a outros diretores, como Ingmar Bergman e Fritz Lang — variando entre comédias, dramas, filmes mais introspectivos ou mesmo com crimes horríveis. Sempre fica a expectativa para saber qual será o próximo filme do diretor e quando estará em cartaz", comenta Luiz Fernando.
Com uma filmografia extensa, um destaques mais recentes do diretor foi Meia-noite em Paris, que se transformou na maior bilheteria da carreira de Allen, faturando US$ 154 milhões e sua terceira vitória na Academia, ganhando Oscar de Melhor Roteiro Original.
Para o escritor Eduardo Liguori, Woody Allen consegue falar sobre camadas mais profundas dos seres humanos. "O diretor expõe nossas "fraquezas" sem nos machucar. Com humor ou sensibilidade, Woody nos faz refletir e enxergar tudo à nossa volta com cores harmoniosas e música brilhante", relata o escritor.
Woody Allen tem a capacidade de transformar a cidade em um personagem do filme. Luiz Fernando, fã do diretor, comenta que além do uso das cidades, o diretor também utiliza a metalinguagem para falar de outras artes nos seus filmes. "Ele consegue a cada filme agregar componentes novos, reinventando seu estilo e oferecendo uma experiência nova para a audiência. Outra característica que me atrai nos filmes do Woody Allen é sua capacidade de achar (e fazer) graça de temas tão difíceis para as pessoas, como infidelidade, ciúmes, sexualidade, inveja. Ou seja, um artista atual que nos faz refletir sobre o ser humano por meio de comédias e diferentes estilos", destaca.
Para Golpe de sorte em Paris, que estreia amanhã nos cinemas, Luiz tem grandes expectativas: "Pelo que li até agora, é um filme que vai falar da sorte e do azar, das escolhas que as pessoas fazem na vida e da superficialidade dos superricos. Tudo isso embalado com muito jazz e, mais uma vez, tendo uma cidade como personagem central (Paris). Vai ser interessante ver um filme dele falado em francês. Vai ser uma oportunidade para refletir sobre o acaso em nossas vidas e sobre o controle que temos (ou não) sobre o que acontece conosco ao longo da nossa existência".
Ao longo da carreira, os filmes de Woody Allen colecionam 53 indicações para o Oscar e é recordista em indicações na categoria de Melhor Roteiro Original, com 16 indicações e 3 vitórias. No total, Woody Allen e sua equipe conquistaram 12 estatuetas. O diretor ainda conquistou dois Globos de Ouro e 10 Prêmios da Academia Britânica de Cinema (Bafta).
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira