Artes visuais

Osvaldo Gaia leva ancestralidade amazônica para desenhos em exposição

Exposição de Osvaldo Gaia recupera saberes amazônicos em esculturas, objetos e desenhos

Os saberes da Amazônia guiam o artista Osvaldo Gaia na exposição Gapoiando em águas ribeiras, em cartaz a partir de hoje na Referência Galeria. A ancestralidade indígena e as práticas dos caboclos ribeirinhos estão na base do repertório que o artista traz para esculturas, instalações e objetos apresentados na exposição. “A prática das minhas esculturas, das minhas instalações está voltada para esses saberes que são como o homem pesca, como fazem suas traquitanas, armadilhas como curral, matapi, o próprio puça de pegar siri”, avisa o artista. 

Esses instrumentos e técnicas, Gaia acredita, vêm de um mundo para além do terreno. “É uma sabedoria empírica emanada de um ser divino, e eles fazem todo esses desdobramentos”, explica. “Pego essas ideias e inspirações e as transformo na minha arte.” Feitas com madeira de demolição, as esculturas combinam elementos como chumbo e tecido, usados pelos principalmente pelos pescadores da Amazônia. 

Desenhos também fazem parte da mostra e alguns deles trazem até uma espécie de vista aérea dos currais de pesca, com pranchas feitas em chumbo e madeira. “Outra série são tramas, redes feitas com linha de pesca, algumas também com o próprio chumbo para dar ênfase no assunto da exposição”, avisa Gaia, que quer despertar no público a interrogação quanto aos nomes e materiais para, de forma quase explicativa, aproximá-lo do universo do caboclo ribeirinho amazônico..

Nascido em Icoaraci (cidade próxima a Belém), na beira do rio, o artista costumava trabalhar com cerâmica, material muito utilizado na região desde as civilizações indígenas milenares. Hoje radicado no Rio de Janeiro, ele deu novos rumos ao trabalho.  “Quando vim pro Rio, fiz pintura, desenho. E gosto muito da escultura em madeira agora, ela facilita os assuntos”, garante. No caso da exposição na Referência, o título já oferece um indício do caminho o artista. 

Gapoiar vem de igapó, um pequeno lago que se forma quando a maré enche e armazena água. Ali, nascem vitórias régias e outras vegetações exuberantes. Como os peixes ficam mariscando essas plantas, o pescador aproveita para fisgá-los. Daí o termo gapoiando, que nada mais do que pescar no igapó.


Serviço

Gapoiando em águas ribeiras

Exposição de Osvaldo Gaia. Curadoria: Paulo Vega Jr. Abertura hoje, às 17h, na Referência Galeria de Arte (202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo). Visitação até 5 de outubro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h


 

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