CINEMA

'Pasárgada' e 'Ainda somos os mesmos': filmes contam histórias do Brasil real

As produções chegam aos cinemas amanhã. Confira entrevistas com o elenco de cada filme brasileiro

Dira Paes e Humberto Carrão em Pasárgada
 -  (crédito:  Peter Wery/Divulgação)
Dira Paes e Humberto Carrão em Pasárgada - (crédito: Peter Wery/Divulgação)

Dira Paes estreia seu primeiro filme como diretora, amanhã. Pasárgada conta a história de Irene, observadora de pássaros, que fica em uma floresta para realizar uma pesquisa sobre as aves do local. Ao lado de Manuel, interpretado por Humberto Carrão, Irene acaba se conectando com a natureza e repensando algumas de suas escolhas pessoais e profissionais. 

A atriz Dira foi protagonista, produtora, diretora e roteirista do filme. Humberto Carrão atuou ao lado da diretora durante quase todo o filme. “A Dira é uma figura que viveu muito no cinema, acho que ela tem na cabeça,  no corpo e no espírito dela o que ela gosta e o que ela quer e era bonito. Ser testemunha desse brilho e também dessa transformação pessoal dela, eu me sinto privilegiado de ter participado de perto”, comenta Carrão. 

Em conversa com o Correio,  Dira Paes fala sobre a criação de Pasárgada.  

Entrevista/Quatro perguntas para Dira Paes 

Como foi a decisão de sair da frente das câmeras para direção? 

Eu acho que foi um conjunto de situações que me fizeram realmente decidir que eu ia fazer um projeto, do início ao fim, participando de todas as etapas. O isolamento da pandemia nos proporcionou de pensar na vida, decidir seus saberes e seus propósitos. Eu e Pablo (marido de Dira e diretor de fotografia) tínhamos um desejo de fazer um projeto juntos. A gente não imaginava que a pandemia ia demorar tanto, então, quando a gente percebeu que ela ia durar um tempo, a gente conseguiu ter certeza que queríamos fazer um projeto. Então, a partir dali, eu pensei nisso, diariamente, me levando até o momento que a gente está agora. 

Como foi ser diretora de um filme onde você é protagonista? 

É uma dinâmica curiosa, eu contava muito com Pablo na câmera e, principalmente, nas cenas em que eu estava sozinha. É como se eu soubesse que estava bom, você sente que está bom e mesmo contracenando como os colegas, você sente que está bom. Tem uma esquizofrenia dentro da gente que parece que são dois cérebros existentes e que se organizam nessa hora. Eu acho que ser ator, você já tem essa antena, que você está vendo tudo e finge que não está vendo nada. 

Quais foram as inspirações para o início do roteiro?

O roteiro surge  da observação de pássaros, os pássaros começaram a me chamar muito atenção, na sua liberdade durante a pandemia. Eles eram os únicos que estavam fazendo barulho por aí. Foi vindo a ideia de uma observadora de pássaros que é uma mulher madura, uma mulher solitária, em uma profissão solitária e silenciosa. Quando eu fui fazer a pesquisa, vi que o terceiro maior tráfico do mundo é o tráfico internacional de animais silvestres, achei o gancho da história.. 

O filme é muito focado no som e no silêncio da personagem. Como foi trabalhar essa dualidade da personalidade de Irene? 

Eu queria essa simbologia, essa metáfora dessa mulher que está precisando voltar para dentro dela, então ela penetra naquela mata, ela mergulha naquele rio, no feminino. Aquela mulher está carente, talvez dessa transição que é a maturidade feminina e é uma mulher desalinhada, que percebe que ali é um lugar que ela pode se reconectar com a sua essência. Acho que o filme levanta a importância de estar muito em harmonia com a natureza para poder sobreviver. 

Como nossos vizinhos 

Outro filme nacional também chega aos cinemas amanhã. Ainda somos os mesmos, dirigido por Paulo Nascimento, é um suspense político com atuações de Edson Celulari, Carol Castro e Lucas Zaffari. O filme é baseado em uma história real e retrata brasileiros que se abrigam na Embaixada da Argentina no Chile, fugindo do exército chileno. Gabriel (Lucas Zaffari) foi enviado pelo seu pai Fernando (Edson Celulari) para o Chile para fugir da ditadura no Brasil e três anos depois, se vê em um regime totalitário novamente. 

O diretor Paulo Nascimento se inspirou no seu próprio filme Em teu nome, de 2010, que conta a história de Boni Garcia, exilado no Chile. “O Boni contou essa história de que ele tinha vivido dentro da embaixada da Argentina durante 42 dias, em 1973. Eu fiquei impressionado com aquela história, eu só pensei naquilo”, comenta o diretor. “é um filme que fala muito para o jovem de hoje, dessa memória de um tempo violento que aconteceu não há cinco séculos atrás, foi muito recentemente. A gente precisa ter essa memória muito viva para que não aconteça de novo, tem que estar sempre cultivando isso porque é preciso entender o que é viver com medo, destaca Paulo sobre a importância do filme. 

Duas perguntas para Edson Celulari 

O que fez com que você se encantasse pelo papel? 

Cada vez mais na minha carreira, eu vislumbro aquilo que me instiga, a história que vai ser contada e o que significa aquela história para o público de hoje. Eu acho que não dá para você fazer uma obra e desvincular dessa realidade brasileira. É esse momento pós-pandêmico que leva o público ao teatro e aos cinemas. Esse filme tem uma importância sobre os perigos da violência desses regimes fortes. Nós passamos um momento em que a democracia foi colocada contra a parede e acho que é importante a gente ver como são violentos alguns regimes, para preservar a memória. 

O seu personagem e o do Lucas Zaffari apresentam uma dualidade na tela. O que mais te marca na história em relação aos personagens?

O pai, durante todo o filme, está brigando para defender o filho e isso é lindo. Ao mesmo tempo, ele pisa em ovos o tempo todo porque é um regime militar, por mais que ele seja um quase colaborador do governo. Esse conflito de filho para pai leva a história do filme nesse cenário de instabilidade e medo. É sempre aquela dúvida de se eles vão conseguir sair ou não. Tudo isso é refletido dentro da embaixada e trazendo o tema do empresariado dentro da ditadura, que não é muito citado nos filmes sobre esses períodos. 

Carros humanizados

Ricardo Dahen

Uma franquia com investimentos superiores a U$ 1 bilhão e rendimentos da ordem de US$ 5,3 bilhões: assim é a trajetória da adaptação para os cinemas dos filmes derivados da linha de brinquedos da Hasbro que funde carros a reações e comportamentos humanos. Já na casa dos oito títulos, este universo impulsionado pela animação de 1986 batizada de The Transformers: the movie caminha para a nona investida, com Transformers: o início, lançado oficialmente, hoje, no Brasil.

No fim de semana passado, entretanto, mais de 50 salas brasileiras projetaram o novo longa, em prévia que resultou em R$ 1 milhão de bilheteria. O novo filme conta, no Brasil,

com as dublagens de Klebber Toledo, Rômulo Estrela e Camila Queiroz. No exterior, as personagens ganharam as vozes de talentos como Laurence Fishburne, Brian Tyree Henry, Scarlett Johansson e Chris Hemsworth.

O enredo trata de quando os humanizados carros estavam longe de ter a Terra por destino. Ao custo de US$ 75 milhões, o diretor Josh Cooley (Toy Story 4) trata de uma verdadeira

crise energética, quando Optimus Prime e Megatron ainda eram jovens e não tinham desavenças. Passado no cotidiano da sociedade de Cybertron, o filme incorpora personagens como Elita-1 e Bumblebee, numa época que precede os desentendimentos entre o líder dos

Autobots, Optimus, e o malévolo representante da facção Decepticon, Megatron.

Numa linha diferente da consagrada pelo produtor e diretor Michael Bay, desde 2007 atrelado ao universo Cyberton, o novo filme vem nos moldes da animação. Quase na maioridade, a franquia estreou, nos Estados Unidos, com US$ 39 milhões de renda. O número é muito inferior ao de Transformers: o despertar das feras que, em 2023, exibiu bilheteria de US$ 439 milhões. Ainda chamados de Orion Pax e D-16, os joviais carros servem como mineiros de baixa casta em minas de energia que, sem demora, serão palco de batalha opressora.

  • Dira Paes e Humberto Carrão no filme Pasárgada
    Dira Paes e Humberto Carrão no filme Pasárgada Foto: Peter Wery/ Divulgação
  • Edson Celulari em Ainda 
Somos os Mesmos
    Edson Celulari em Ainda Somos os Mesmos Foto: Fotos: Edson Filho/ Divulgação - Peter Wery/ Divulgação
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postado em 25/09/2024 06:01
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