LUTO NA TEVÊ

Relembre o início da carreira de Silvio Santos: de camelô a dono do SBT

Silvio Santos, ícone da televisão brasileira que morreu neste sábado (17/8), começou a carreira como camelô no Rio de Janeiro. Relembre a trajetória dele antes da criação do SBT

Em 12 de dezembro de 1930, nasceu Senor Abravanel, que anos depois adotou o nome de Silvio Santos. A família morava na travessa Bentevi, no tradicional bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Os pais, Alberto e Rebeca, tinham outros cinco filhos: Beatriz, Perla, Sara, Léo e Henrique. Silvio era proprietário do Grupo Silvio Santos, conglomerado que inclui o Sistema Brasileiro de Televisão (popularmente conhecido pela sigla SBT), a Liderança Capitalização (administradora do título Tele Sena), a Jequiti e a TV Alphaville. Em 1989, o apresentador de televisão decidiu concorrer à Presidência da República, sem sucesso. Era o primeiro nas pesquisas, mas sua candidatura foi cassada a seis dias do pleito.

Durante a infância, uma das maiores diversões de Silvio era ir ao cinema, na Cinelândia, no Rio. Já o espírito empreendedor surgiu na adolescência. Nas eleições de 1946, o jovem de 16 anos teve a ideia de vender capas para títulos de eleitor nas ruas do Rio de Janeiro. Esperto, ele comprou uma carteirinha e revendeu dizendo que era a última. Depois, ele foi comprando outras e continuou usando a mesma tática de dizer que não havia mais no estoque. Assim, nascia o camelô que, além dos porta-títulos, também vendia canetas. Foi nessa época que Silvio Santos começou a mostrar seu dom para a comunicação. Ele aprendeu a manipular moedas e baralhos para chamar a atenção das pessoas.

Curiosamente, foi o diretor da fiscalização da prefeitura, que tentou impedir que Silvio continuasse exercendo a profissão, quem percebeu que o garoto falava bem e resolveu levá-lo até uma rádio. Ele passou em um concurso para locutores, mas como o salário não era bom, voltou a ser camelô. Porém, após servir o Exército, ele não voltou a trabalhar nas ruas e continuou por um tempo como locutor em algumas emissoras de rádio. Trabalhando em uma emissora de Niterói, para voltar ao Rio de Janeiro, ele utilizava a barca que liga as duas cidades e, em uma dessas viagens, ele teve a ideia de colocar música na barca e passou a ser corretor de anúncios para esse alto-falante.

Chegada a São Paulo

Na chegada a São Paulo, Silvio estava em um bar no famoso cruzamento entre as avenidas São João e Ipiranga, encontrou um amigo que havia trabalhado com ele no Rio, que o levou a um teste para locutor. Em 1954, Silvio Santos assinou seu primeiro contrato como locutor da Rádio Nacional em São Paulo. Porém, em busca de outras formas para ganhar dinheiro, ele criou uma revista chamada Brincadeiras para Você, com palavras cruzadas, charadas e passatempos, que vendia nos comércios. Ele ainda se empenhou na profissão de corretor de anúncios e fez shows em circos como animador em suas caravanas. Foi aí que ele ficou conhecido como o "Peru que fala", pela fama de ficar vermelho sempre que se envergonha.

A partir dessas experiências, Silvio foi chamado por Manoel de Nóbrega para trabalhar em seu programa de grande audiência na Rádio Nacional, como animador. O pai de Carlos Alberto de Nóbrega estava vivendo uma situação complicada no Baú da Felicidade e pediu para Silvio ajudá-lo. Ele se envolveu com o negócio e viu que, se o Baú fosse bem administrado, a empresa se tornaria um grande negócio. A situação foi estabilizada, Manoel percebeu o empenho de Silvio e deu o Baú da Felicidade de presente para o amigo. O Baú foi crescendo, junto com ele suas propostas e mercadorias, até se tornar a potência que é hoje.

Carreira na televisão

Em 1961, Silvio Santos iniciou sua carreira na televisão. O primeiro programa apresentado por ele foi na TV Paulista e se chamava Vamos Brincar de Forca. Com o sucesso da atração, Silvio decidiu estrear um programa aos domingos. Ele comprou as duas primeiras horas da programação da TV Paulista (Globo), canal 5, a partir do meio-dia, e as transformou na melhor vitrine que o Baú poderia ter. Nascia aí o Programa Silvio Santos, que em pouco tempo se tornaria famoso em todo o país. A atração transformou Silvio Santos em um dos grandes ícones da televisão brasileira.

No dia 15 de março de 1962, Silvio Santos se casou com Maria Aparecida Vieira. O casal teve duas filhas: Cíntia e Silvia. Cidinha faleceu em 1977, aos 38 anos, vítima de um câncer severo no aparelho digestivo. Em 20 de fevereiro de 1981, o viúvo se casou com Iris Pássaro, funcionária do Baú da Felicidade. O casal teve quatro filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. No mês seguinte, o presidente João Figueiredo divulgou que Silvio Santos havia ganhado a concessão de quatro canais. Nascia, assim, oficialmente o Sistema Brasileiro de Televisão.

Silvio Santos morreu na manhã deste sábado (17/8), aos 93 anos.

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