Música

Festival Vibrar traz line-up eclética e shows imperdíveis para Brasília

Vibrar movimenta Brasília com lineup eclética e Planet Hemp, Luedji Luna, Nação Zumbi, Céu, Alice Caymmi, Distintos Filhos e Puro Suco

A capital está movimentada e nos últimos tempos está fazendo jus à fama que tem de berço da música. Este final de semana, o palco está montado na Praça das Fontes do Parque da Cidade para o festival Vibrar Brasília. O evento, que está em atividade desde quinta, traz nomes como Duda Beat, Luedji Luna, Nação Zumbi e Planet Hemp. Sem contar que nos últimos dois dias atrações do calibre de Ritchie, Céu e Alice Caymmi fizeram a festa.

Acostumados a jogar fumaça para o alto, Planet Hemp fechará o festival e jogará a poeira da seca de Brasília para o cima. Com a formação atual composta por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Pedro Garcia, Daniel Ganjaman e Nobru, a banda de punk rap apresenta um show comemorativo de 30 anos em atividade com os maiores sucessos desta trajetória. Brasília é um ponto crucial da caminhada do Planet Hemp, uma vez que a banda já ficou presa por cinco dias na capital em 1997.

No período, o discurso a favor da legalização da maconha que a banda fazia assustou. Eles foram detidos sob a acusação de fazer apologia ao uso de drogas. De lá para cá lançaram quatro álbuns e se tornaram um dos supergrupos — formações musicais com artistas de renome — de maior sucesso no Brasil. Com o show comemorativo batendo à porta, o vocalista BNegão fala sobre o atual momento do Planet Hemp, as pautas que ainda levantam e a caminhada até aqui.

Entrevista / BNegão, vocalista do Planet Hemp

Vocês vêm a Brasília, uma cidade com a qual vocês tem muita história. Qual a sensação de voltar para cá?

Não estava com a banda quando rolou a parada toda da prisão por uma ironia do destino, porque era para eu estar. Então só fico com as boas recordações de Brasília, muita gente querida na cidade. Eu sempre curti Brasília por toda questão cultural e no geral. Sempre fico muito feliz de pintar por aí.

Recentemente vocês comemoraram 30 anos de carreira com um show especial. A apresentação do Vibrar será na mesma linha da gravação do DVD?

O show do Vibrar vai ter bastante coisa que preparamos para o DVD, mas ainda vai estar no meio do caminho. Porque a história do DVD tem tudo a ver com o cenário, outras músicas que desenvolvemos com convidados. Vamos ter que refazer algumas coisas para funcionarem só com a gente. Porém, o público pode esperar algumas novidades para esse show

O tempo passou e as discussões são outras. Porém as pautas sobre a legalização da maconha, mesmo mais avançadas do que na época que vocês foram presos em Brasília, continuam. Como vocês enxergam a importância de continuar a falar sobre o assunto abertamente para novas gerações?

É importantíssimo, porque enquanto tiver gente na cadeia por essa questão ridícula, a gente tem que estar falando sobre isso. Esse foi um assunto que escolhemos lá atrás, sem perspectiva de nada e hoje em dia a parada andou loucamente em várias frentes. Porém, ainda é pouco, muito pouco. O que rolou no STF foi só um passo, a gente só vai considerar que andou quando começarem a soltar as pessoas que estão presas por menos que essa quantidade estabelecida no decreto. Ainda tem que passar pelo Congresso, situação sinistra, esse Congresso está bizarríssimo. Ainda há muita luta pela frente.

Para além da maconha, Planet Hemp sempre foi uma banda combativa, política e interessada em cantar por um futuro melhor. O que mantém essa chama acesa?

Eu não sei se o Planet está interessado em cantar um futuro melhor. Começamos e ainda somos muito cronistas da realidade. Queremos falar das coisas que acontecem, do que estamos vendo no país, na cidade e na rua. A base e a estrutura são essas, são nossas raízes. A gente veio do rap nacional e do punk nacional, músicas que apontam as situações. Lógico que a gente quer que as coisas melhorem, isso também está na nossa música. Mas, o principal é falar sobre o que precisa ser falado no Brasil. Aí tem assunto até a eternidade!

Além do Brasil, a banda também mudou. Como vocês enxergam que a maturidade se reverteu em algo que adiciona em complexidade ao grupo?

A gente evolui como sujeitos, músicos e produtores. Isso reflete no nosso último disco que ganhou dois Grammys e mais um monte de prêmios. Os jardineiros é, sem sombra de dúvida, o nosso disco mais adulto. Adultos da nossa idade, entre os 40 e pouquinhos do Pedro e do Nobru e os 87 do Formigão (risos)

O evento que vocês vão tocar mistura ritmos, gêneros e interesses diferentes dos amantes de música de Brasília. Por que também é necessário tocar para um público que não foi para lá assistir vocês?

Acho muito bom tocar em festival sempre. Tem tanto a questão de encontrar muita gente querida se trombando pelo Brasil e pelo mundo, quanto ver outros shows que estão rolando e furar a bolha do nosso público. Pessoas que querem ver outras bandas e acabam conhecendo músicas novas. Acho clássico esse funcionamento de festival e sou feliz com ele.

Brasília na casa

Um dos principais atrativos do Vibrar está na mistura entre o que faz sucesso nacional com o que desponta na cena local da música brasileira. Artistas como Distintos Filhos, As Margaridas, Ellefante e Puro Suco têm papel de destaque na lista de atrações e dividem o palco e os olhos do público com as estrelas.

"Está rico o line up. Isso faz do festival importante por mostrar diversidade e riqueza nas atrações. Movimenta a cidade para caramba ao apresentar artistas lado a lado com gente renomada", afirma Murica, um dos integrantes do grupo de rap Puro Suco. Ele entende que é especial poder se ver perto de ícones e que o esquema de festival é importante para desenvolver maturidade na cena local. "Dá a experiência para os artistas locais. Um evento como esse dá oportunidade para o artista do DF atuar no profissionalismo, na dinâmica de festival", complementa

Para novos artistas, um evento como Vibrar expande horizontes. "Estamos trilhando nossa carreira e os festivais do DF proporcionam cada vez mais evolução pro nosso trabalho e sonho!!! Com certeza vamos levar o DF pro mundo", diz Sabrina Soares, parte do duo Margaridas. As irmãs se dizem emocionadas com a oportunidade e prometem um show: "super envolvente e incrível pro público do Vibrar".

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