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Casa de Tomie Ohtake e de Chu Ming Silveira viram galerias; conheça

Na terceira edição, a Aberto leva exposição de artistas contemporâneos às casas da artista plástica Tomie Ohtake e da arquiteta e designer Chu Ming Silveira, em São Paulo 

Quem estiver em São Paulo a partir desta semana poderá experimentar uma imersão na casa de duas importantes mulheres asiático-brasileiras: a artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) e a arquiteta Chu Ming Silveira (1941-1997). Trata-se da terceira edição da Aberto, plataforma de exposição que celebra a arte e o design brasileiros dentro de casas e marcos modernistas projetados por eminentes arquitetos brasileiros.  

A reportagem do Correio foi convidada para fazer uma visita à mostra que ocorre pela primeira vez em duas casas simultaneamente, ambas emblemáticas da arquitetura brutalista, caracterizada pelo uso do concreto bruto e aparente. Espalhadas pelas residências, obras de artistas brasileiros contemporâneos dialogam com os projetos arquitetônicos modernistas. 

A casa-ateliê de Tomie tem projeto de 1968 assinado pelo filho da artista, Ruy Ohtake, autor de projetos conhecidos na capital federal, como o Brasília Shopping e o Royal Tulip Brasília Alvorada. Foi lá onde ela produziu a maioria de suas obras. A casa incorpora, em meio ao cinza do concreto da estrutura, cores vibrantes em seu design, um tributo ao rico legado artístico da mãe do arquiteto. Fabio Miguez,  Fernanda Galvão,  Laura Vinci e Sandra Cinto são alguns dos artistas que participam da exposição na residência da família Ohtake, localizada no bairro Campo Belo. 

Já a casa de Chu Ming fica no bairro Real Parque e é projetada por ela mesma, também nos moldes do brutalismo, no início dos anos 1970. Com estrutura de concreto e vidro, a edificação foi feita para melhorar a convivência e priorizar a funcionalidade, destinada a ser experimentada, não apenas observada. 

A casa receberá uma seleção de masters e arte pré anos 2000 com trabalhos de Wanda Pimentel, Abraham Palatinik, de quem estará exposto um dos raros remanescentes dos emblemáticos cinecromáticos, as primeiras obras cinéticas produzidas no Brasil. Também haverá obras de Anna Maria Maiolino, homenageada com o Leão de Ouro pela Carreira na 60ª Bienal de Veneza, de Kishio Suga, de Lucio Fontana, de Maria Martins e de Sheila Hicks, entre outros artistas. 

A curadoria ficou a cargo do empreendedor de arte e fundador da Aberto, Filipe Assis, e da designer de destaque Claudia Moreira Salles.  "As obras foram aparecendo, mas, no começo, elas ainda não estavam localizadas. Elas foram se compondo. Uma se desgarra de um grupo e se junta a outro, porque faz mais sentido em outro espaço da casa, em uma outra história", conta Claudia. 

Filipe Assis explica a decisão de fazer a edição deste ano em dois locais. "Se fizéssemos edições diferentes em cada casa, acabaria dando a sensação de déjà vu. As histórias são muito conectadas", afirma. Kiki Mazzucchelli, cofundadora do espaço independente Kupfer, em Londres (2017), completa o trio de curadores da mostra. 

Tomie Ohtake nasceu em Kyoto (Japão) e desenvolveu sua carreira de artista plástica no Brasil, Chu Ming Silveira é arquiteta e designer nascida em Xangai, criadora de um dos grandes símbolos do mobiliário urbano brasileiro, o orelhão. Ambas eram radicadas no Brasil. 

Aberto

  • Visitação até 15 de setembro.
  • Ingressos: de quarta a sexta, R$60 (inteira) e R$ 30 (meia entrada); sábado e domingo, R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).

 


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