Por Arthur Monteiro*—
Lembranças de um tempo sem memória conta a história de um grupo de amigos que lidam com o desaparecimento de um colega de quadra, Nélio. Os anos passam e Aldair, o protagonista, volta a sua cidade natal para solucionar o mistério. O personagem, no começo da vida adulta, vai trabalhar em uma plataforma marítima para extração de petróleo. A rotina composta por períodos em terra firme e outros em alto mar trouxe memórias conflituosas e uma angústia que resulta na vinda a Brasília com um propósito em mente: descobrir o que fizeram com Nélio.
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Essa é a história do segundo romance do jornalista e servidor público Beto Seabra. O livro tem como tema principal os desaparecimentos que aconteceram em tempos de ditadura. Beto acredita que esse é um tema injustamente adormecido. “Fico vendo esses grupos de Facebook de amigos de infância, parece que tudo foi cor-de-rosa no passado. Tento mostrar que não era cor-de-rosa não. Havia muita coisa errada e a tentativa é essa: mostrar que o passado não é tão belo assim como dizem”, diz o autor.
A vida de Nélio, Aldair e Susana e de outros personagens é uma ficção baseada na história pessoal de Beto. Os toques de Hemingway e o texto em ordem direta, típica de jornalistas, são traços estilísticos para um trauma do autor. “O caso do livro foi próximo a mim. Resolvi levar para o livro porque as pessoas desapareceram e a família nunca faz o luto. Não se sabe se a pessoa está viva ou morta”, diz. “O tema é muito importante e a forma que eu encontrei de abordá-lo, foi contar essa história. A partir de fatos reais que eu vivenciei e claro, lançando mão na ficção, aquela que a literatura nos permite”.
Nascido em Brasília no ano do golpe militar, Beto viveu sua juventude nos anos 1980, quando passou por baculejos e viu amigos lidarem com a repressão militar. Estas lembranças de Seabra, na 312 Norte, e o clima silencioso que paira sobre a amplitude do Planalto compuseram o cenário perfeito para um livro de mistério. Além disso, o apreço do escritor por história garante aos seus romances contextualizações temporais fidedignas, que ele diz fazerem parte da sua identidade literária.
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco
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