Com o tema Amor, literatura e diversidade, a segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu (Fliparacatu) começa nesta quarta-feira (28/8) com uma programação que reúne alguns dos melhores nomes da literatura nacional e internacional na cidade que fica a 233 Km do Plano Piloto. O festival segue até domingo (1º/9) e tem um formato que inclui mesas de conversas com os autores, uma exposição, sessões de autógrafo e um prêmio de redação e desenho.
Com curadoria de Afonso Borges, Tom Farias, Sérgio Abranches e Leo Cunha, a Fliparacatu quer colocar foco em autores que trazem narrativas cuja visibilidade nem sempre esteve em evidência. Além, disso, Afonso Borges explica que a opção foi por mesas que não tivessem temas, uma maneira de dar liberdade para os autores convidados falarem sobre o que quisessem. “Não tem uma mesa só com brancos, só negros, só com mulheres ou homens, ela são misturadas. E temos um tema geral, mas não tem tema das mesas porque quero que o autor fale o que quiser em diálogo com o outro”, diz Borges. “Todo mundo quer falar da sua literatura, do país, da ética, da liberdade de criação, falar o que interessa dizer na hora e não o que um curador impõe. Então tem aí um liberdade que tem a ver com a ética.”
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Entre os convidados estão nomes como Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório, Bianca Santana, Lívia Santa’Anna Vaz e Taiane Santi Martins. “Essa geração de escritores negros está transformando a literatura brasileira, porque essas histórias nunca foram contadas. Existem escritores negros geniais que não têm nenhum tipo de divulgação. Eliana Alves Cruz finalmente está tendo reconhecimento. Essas pessoas hoje são o centro da literatura brasileira porque vão contar histórias que a gente desconhece”, avisa Afonso Borges. “E o Brasil precisa de conhecer essas histórias. A gente tem que reverenciar essa geração porque ela vai mudar a mentalidade do leitor brasileiro. Já está mudando.”
Seis convidados internacionais — Roberto Parmeggiani e Igiaba Scego (Itália), Emmanuelle Arioli (França), Teresa Cárdenas (Cuba) e Djaimilia Pereira de Almeida e José Manuel Diogo (Portugal) —, fazem parte da lista de convidados, que tem ainda as indígenas Trudruá Dorrico e Geni Núñez.
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Este ano, os homenageados são Ailton Krenak e o poeta Lucas Guimaraens. “Lucas é um poeta que, até certo ponto, estava esquecido e vem de uma herança de poesia mineira importante”, diz o curador, ao lembrar que Lucas é bisneto do simbolista Alphonsus de Guimaraens. “E Krenak hoje é a cabeça pensante desse mundo indígena. Além disso, é aniversário dele dia 29 de agosto e resolvi dar um presente.” Além desses autores, estarão também na Fliparacatu nomes como Joca Terron, Sérgio Rodrigues, Paulo Lins, Zeca Camargo, Miriam Leitão e Marcia Tiburi.
Para o curador, outro ponto importante que é uma espécie de bandeira do festival é a acessibilidade e a diversidade. “O festival se insere na comunidade. É totalmente acessível e sustentável do ponto de vista da sua organização”, avisa. “O tema é ‘amor, literatura e diversidade’, um tema que consegue reunir tudo o que a gente quer jogar para dentro do festival. Não é feira, não é bienal, não é comercial. Nós fazemos um festival onde cabe tudo. Cabe diversidade, pluralidade, equidade social, diversidade de gênero e, principalmente, uma palavra que está em desuso, que é a questão da ética, a única palavra da língua portuguesa que consegue explicar tudo que a gente está fazendo aqui.” A Fliparacatu foi viabilizada pela Lei Rouanet e pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da mineradora Kinross.
Serviço
2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
Desta quarta-feira (28/8) até domingo (1º/9), no Centro Histórico de Paracatu. Entrada gratuita
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