O disco Bombom, de Rita Lee & Roberto de Carvalho, proibido para menores de 18 anos ganhou uma edição especial da Universal Music. O produto está disponível na Umusic Store pelo valor de R$ 249,90.
“Oh, oh, Brasil/ Quem te vê e quem te viu/ Pra frente, pra frente/ que até caiu”. Esse é o início de Arrombou o cofre, canção que detonava a ditadura militar.
Além do aviso da proibição, estampado na capa, a linha dura da censura fez com que o LP de 1983 viesse com um lacre. E a primeira tiragem chegou com as duas faixas vetadas, Arrombou o cofre e Degustação, riscadas com lâmina, o que tornava a audição impossível.
Agora, a Universal Music celebra o LP com uma reedição em vinil amarelo, translúcido e marmorizado. Toda a parte gráfica é original, com fotos e layout de Miro, com exceção do alerta de proibido para menores, que foi retirado da capa.
Ao lado das proibidonas, o disco trouxe dois dos maiores hits do casal: On the rocks e Desculpe o auê. A primeira é a preferida do casal no disco e uma das composições mais geniais da dupla Lee & Carvalho. O rockão, dos mais pesados de toda a carreira de Rita, traz um jogo com palavras em que ela brinca com o vício e com os boatos de que estava doente:
“Meus amigos dizem que essa coisa vicia/ Andaram até jurando que era anorexia”. Desculpe o Auê, como conta a própria Rita, é um bilhete com um pedido de desculpas depois de um “ataque de ciúme improcedente” e que Roberto musicou. Passou a morar no imaginário coletivo e é um dos hit-assinatura da dupla.
Tentação do Céu tem vocal de Roberto em outro rock inspirado pelo amor do casal, assim como Fissura. “Eu dou valor ao seu amor/ quando a gente transa/ Deve ser meu karma fissurado por você”, canta Rita.
As proibidas vêm a seguir: Degustação é um “hino à escatologia infantil“, como descreve Rita. A canção, claro, não passou no aval dos censores.
Já Arrombou o Cofre traz uma lista de críticas ao governo e aos desafetos políticos. Em um dos documentos da época, os censores reprovam: “(…) injúria direta, consistente na ridicularização de alguns personagens políticos” e, um pouco mais adiante, “(…) há nítida incitação à rebelião popular, o que é vedado (sic) constituindo infração à Lei de Segurança Nacional”.
O lado B abre com Menino, outra que por pouco não acabou proibida por causa dos versos considerados quentes demais pela censura: “Eu te levo no bico, te ponho/ dentro do meu ninho/ Eu te pego, eu te pico, eu te como, uh-uh/ À la passarinho“. A new wave Strip Tease – que descreve um caso de amor em pleno elevador, no qual o casal vai arrancando a roupa – vem a seguir.
Logo depois, Raio X, que foi trilha da novela Champagne. Bobos da Corte é uma daquelas incríveis letras à frente do tempo, na qual Rita trata de questões de gênero: “Eu vou puxar você/ pra perto de mim/ e dar um amasso daqueles/ Que não dá pra dizer/ Se ele é ela/ Ou se ela é ele”. Também foi trilha de novela, Partido Alto.
A “reberde” Pirarucu é, segundo Rita, “uma meditação com sotaque caipira” sobre o Brasil. Yoko Ono fecha o LP, que foi produzido por Rita, Roberto e Max Pierre e gravado em Los Angeles com músicos internacionais, parte deles que havia trabalhado com Michael Jackson, como Michael Landau e Steve Lukather (da banda Toto). O percussionista brasileiro Paulinho da Costa, outro que havia gravado com Michael, também toca no disco.
Câmara aprova nome de Rita Lee para praça no Ibirapuera
Em maio, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou em definitivo o projeto de lei que dá o nome de Rita Lee a uma praça no interior do Parque Ibirapuera.
A proposta original, apresentada pela vereadora Luna Zaratini (PT), pedia a alteração do nome do parque. O texto final determinou que a Praça da Paz, uma das áreas centrais do parque, seja renomeada para Praça Rita Lee. O projeto agora aguarda a sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“Estava como prefeito em exercício neste dia e decretamos luto oficial de três dias. Mas sempre achei que ela merecia muito mais. Agora, o nome de Rita Lee está eternizado no Parque Ibirapuera”, disse o vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara.
Vale lembrar que Rita faleceu em 9 de maio de 2023.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br