EXPOSIÇÃO

Valdério Costa fala da importância do registro em ‘Memórias Gravadas’

A exposição ‘Memórias Gravadas’, do artista Valdério Costa, explora a gravação e a reprodutibilidade na história humana

Valdério Costa expõe 'Memórias Gravadas' -  (crédito: Adriane Fritz)
Valdério Costa expõe 'Memórias Gravadas' - (crédito: Adriane Fritz)

O Espaço Cultural Renato Russo recebe a exposição Memórias Gravadas, de Valdério Costa, que permanece em exibição até o dia 8 de setembro. A mostra explora a necessidade humana de registrar a história em gravações para deixar algo real ou imaginário marcado. Entalhar, esculpir, corroer ou rabiscar: todas as formas de documentação são necessidades humanas poéticas de reprodutibilidade. 

A fala do professor e pesquisador Gilmar de Carvalho inspirou Valdério a refletir sobre as questões antropológicas: "Fica marcada a ideia de processo, onde o fazer se acumula como o extrato da tradição que vai ser trabalhada na contemporaneidade". Segundo a gravadora Fayga Ostrower, as interações também se estruturam junto com a memória e são importantes para o criar. Para Valdério, o processo que permeia a prática da gravura envolve a intencionalidade do artista nas constantes interações entre a memória e a criação.

O artista enfatiza que, tanto na arte quanto na vida, o tempo não para, mas permanece gravado em nós. Citando a poeta Adélia Prado na fala "O que a memória ama fica eterno", Valdério necessita rememorar experiências passadas na arte. “Gravar é registrar. As coisas que lemos, quando viajamos, o que nos falam e o que vemos ficam gravados em nós como recordações e sonhos. Gravo na madeira o que fica marcado na memória”, afirma o artista.

‘Memórias Gravadas’ no Espaço Cultural Renato Russo
‘Memórias Gravadas’ no Espaço Cultural Renato Russo (foto: Daniel Fama)

Inspirado pela miscigenação cultural de Brasília, Valdério valoriza a tradição em equilíbrio com o contemporâneo: “A capital é uma mistura de sotaques, sabores, climas e lugares.” A literatura de Cordel e o romanceiro nordestino caracterizam muitas das obras da exposição. Ao debater o modus operandi de cada artista, Valdério conclui que a dele é rememorar os caminhos pelos quais passou em sucessão de imagens mnemônicas. 

O poeta argentino Jorge Luis Borges uma vez disse que a repetição é como as pessoas vêem o mundo, e toda a trajetória de Valdério é referenciada na obra como uma homenagem à alma e à vida do próprio artista. A xilogravura, por mais que a réplica da obra original seja semelhante, nunca será exatamente igual à outra. A ideia da mudança dentro da arte é uma ferramenta que Valdério também utiliza para simbolizar a vida em si e memórias que mudam com o passar do tempo. 


Serviço

Memórias Gravadas

De Valdério Costa. Até 8 de setembro, das 10h às 20h, no Espaço Cultural Renato Russo (508 sul), Sala Rubem Valentim. Entrada gratuita.

 

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postado em 12/08/2024 15:56 / atualizado em 12/08/2024 15:56
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