Pela terceira vez no palco do Festival CoMA, Flor Furacão é idealizadora do projeto Forró Jazz do Cerrado. A brasiliense é compositora, pianista e produtora, autodidata na música desde os 9 anos de idade, e ingressou na Escola de Música de Brasília (EMB) aos 12 anos. Flor discorre nas composições sobre as belezas e cuidados da fauna e flora do Cerrado brasileiro e sobre a transformação social de ser uma artista travesti. O show da pianista no Festival será no sábado (10/8), às 17h20.
Formada em piano erudito, Flor sempre teve grande admiração pelo forró em fusão com a música clássica. Ao perceber que as composições sempre acabavam com um ritmo de xote, decidiu misturar a vivência baiana, a formação profissional e as harmonias do jazz na identidade musical. “O piano me deu a segurança de um domínio instrumental para compor livremente”, afirma. As diversas linguagens da cantora caracterizam um trabalho único que passeia também pelo samba, carimbó, choro, MPB e funk.
As composições de Flor surgem naturalmente. Influenciada por tambores caribenhos, ciganos e latinos, ela ressalta que a pluralidade rítmica se comunica através dos arranjos. Durante a pandemia, a pianista colaborou com outros artistas em produção musical virtual e lançou diversos singles. Com muitas ideias na cabeça, Flor gravou com os equipamentos que tinha em casa e sobreviveu ao período tenso por meio da arte: “Foi um processo de cura e ressignificação. Pensei em mim para além da matéria ao atingir as pessoas por meio do digital.” A gratificação de todo o trabalho duro foi alcançar mais de 25 países com o som original.
Foi ao compreender-se como uma mulher transsexual, aos 16 anos, que Flor encontrou-se consigo mesma. No meio de tantas violências sofridas por ser quem é, ela contempla a representatividade na comunidade LGBTQIA + em uma escrita poética que reforça a identidade e a autoestima. Demitida de um emprego no qual lecionava para crianças por preconceito dos pais, ela decidiu profissionalizar ao máximo o trabalho para que ninguém a desautorize da missão de educar.
A cena cultural é perpassada por muitos desafios quando se trata de transfobia e machismo, obstáculos que Flor constantemente supera ao buscar a excelência. “Gosto de inovar e tento enfrentar as violências com leveza. Mas não sou passiva, devolvo o constrangimento. Tudo tem limite”, defende. A transformação social por meio da educação é a ferramenta que a cantora acredita ser a mais efetiva.
A preservação ambiental das belezas do Cerrado é uma grande fonte de inspiração artística para Flor. Ela argumenta que, sem o meio-ambiente, não existe futuro. Mãe de uma criança de 10 anos, ela se preocupa com o mundo que deixará para as próximas gerações: “Eu não vou estar aqui para sempre. A minha maior inquietação é com a defesa da vida.”
Muita diversão e energia podem ser esperadas do show de Flor Furacão no Festival. O repertório da cantora, que vem acompanhada pela banda, abrange interpretações de canções brasileiras conhecidas e músicas autorais. Com a novidade de uma formação musical diferente, pela primeira vez o grupo terá a adição do violino. Flor antecipa que lançamentos de estúdio estão nos planos futuros da carreira.
Festival CoMA
Sábado (10/8), a partir das 12h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Ingressos: a partir de R$ 15, no site oficial do CCBB. Classificação indicativa: 16 anos. Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsável legal, com documento de liberação devidamente registrado em cartório
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br