Música

Dupla de músicos traz a Brasília projeto de popularização do piano

Apresentação da portuguesa Inês Filipe e projeto dos brasileiros Pablo Marquine e Diogo Monzo levam o piano para escolas e salas de concerto

Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do Piano Brasileiro
 -  (crédito:  ARES SOARES)
Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do Piano Brasileiro - (crédito: ARES SOARES)

O piano é a estrela musical da semana com apresentações de três pianistas e um projeto que promete levar o instrumento para locais inusitados. A portuguesa Inês Filipe desembarca em Brasília para um recital em comemoração aos 50 anos da Revolução dos Cravos com um repertório dedicado a compositores pouco conhecidos do repertório internacional. Já a dupla Pablo Marquine e Diogo Monzo trazem à capital o Faces do Piano Brasiliero, projeto de formação de público cuja proposta é aproximar a música erudita e a popular com apresentações e aulas em escolas e teatros da cidade.

Monzo e Marquine se conheceram durante o mestrado na Universidade de Brasília (UnB). O primeiro estudava a obra de Luiz Eça e o segundo, a de Claudio Santoro. Um dia, durante um café, tiveram a ideia de criar um programa que evidenciasse os pontos de conexão entre a música de concerto e a dita popular. "Queríamos mostrar que ambos os gêneros podem conter as mesmas influências estéticas ou influências semelhantes, e que dava para mostrar o que é mais comum e próximo entre os gêneros, em vez de fazer o que o mercado faz, que é separar a música de concerto e a música popular", explica Marquine.

Surgiu então o Faces do Piano Brasileiro, que estreia hoje em Brasília com uma série de concertos e aulas-recitais em escolas do DF e em teatros. Luiz Eça e Claudio Santoro formam a base do repertório do projeto, mas Monzo e Marquine sempre trazem mais dois nomes para estabelecer as conexões. Na versão brasiliense, Santoro faz par com Guerra Peixe e Eça, com Hermeto Pascoal. "O Hermeto, embora seja chamado de compositor da música popular, trabalha com muitos elementos que não se restringem à música popular, que são outras influências. E Guerra Peixe, que é chamado de compositor erudito, também trabalha com outras linguagens que não se restringem a isso, com ritmos brasileiros como samba, frevo e chorinho. E essas linguagens se misturam", explica Monzo. 

Em Brasília, a dupla faz parceria com a Casa do Piano, que  disponibiliza e transporta o instrumento para as escolas. A Escola MiFaSol-Lá (503 Sul) é a primeira a receber o projeto, que depois segue para a Escola Classe Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (Q. 3), para Sobradinho (em local ainda a definir), para a Casa Thomas Jefferson (706 Sul) e para o Centro de Ensino de Deficientes Visuais (612 Sul). Toda a programação tem entrada franca e é aberta ao público. "Temos uma visão de tentar levar o piano para se conectar com um público diferente daquele com o qual se conecta no geral, porque está mais nas salas de concerto e nos teatros. Então, queremos ir para escolas e locais específicos aos quais, em geral, o piano não vai. O projeto tem essas duas vertentes, que é ampliar o número de compositores e tentar conectar o piano brasileiro com esse público que não está nos teatros e salas de concerto", diz Monzo. 

Luiz Eça teve uma formação erudita muito sólida e estudou em Viena, um centro importante de referência para o piano, mas foi na música popular que encontrou refúgio ao fundar o Tamba Trio, em 1962, um dos primeiros com o formato piano, percussão e sopro. "Ele era tão rebelde que abdicou de seguir a carreira e se tornou um dos mais importantes precursores da bossa nova no Brasil", conta Marquine. "Foi um dos arranjadores mais importantes da época e utilizou muito de linguagens da música erudita para fazer suas obras." Claudio Santoro é um dos compositores de música contemporânea erudita mais importantes do país, mas bebeu muito em estéticas essenciais da MPB. "Então, a gente faz essa visão do avesso dos compositores para mostrar que o que mais importa é a criação e o sentir. O mais importante é a música e sua performance, não essas conceituações ou nomenclaturas dadas pelo mercado ou por estudiosos", avisa Marquine.

 


  • Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do piano Brasileiro
    Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do piano Brasileiro Foto: ARES SOARES
  • Pianista Diogo Monzo  durante projeto Faces do piano Brasileiro
    Pianista Diogo Monzo durante projeto Faces do piano Brasileiro Foto: ARES SOARES
  • Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do piano Brasileiro
    Pianistas Diogo Monzo e Pablo Marquine durante projeto Faces do piano Brasileiro Foto: ARES SOARES
  • Pianista portuguesa Inês Filipe
    Pianista portuguesa Inês Filipe Foto: Fotos: Ares Soares e Divulgação
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postado em 05/08/2024 10:19 / atualizado em 05/08/2024 10:22
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