Música

Forró no Pôr do Sol reúne amantes da música para dançar ao entardecer

O Forró no Pôr do Sol, na Praça do Cruzeiro, celebra dois anos de atividade sob a luz dos poentes de Brasília

Ao som do forró tocando, com cangas no chão, food trucks e cadeiras de plástico ao redor da pista de dança, famílias e amigos se encontram para assistir ao pôr do sol alaranjado de beleza sobrenatural e se divertir. A ideia dessa reunião veio de um grupo de amigos, composto por Ellen Caroline, João Monteiro, Mayk Solar, Thiago Montenegro, Victor Akira e João Lúcio, que já dançavam forró, mas tinham a intenção de fazer um encontro para propagar a cultura.

Com isso, nasceu o Forró no Pôr do Sol, na Praça do Cruzeiro: "Eu percebo que cada vez mais jovens estão interessados na dança. A maioria acha que forró é coisa de velho, pelo contrário. Hoje, o nosso maior público tem entre 20 e 30 anos", conta Ellen Caroline, 24, uma das idealizadoras da comemoração e professora de forró na Universidade de Brasília (UnB). 

A semana do Festival Nacional de Forró de Itaúna foi o ponto de partida para colocar em prática a ideia. "Todo mundo foi para lá e, aí, Brasília ficou meio que sem forró. Como não teve nenhum evento nessa semana, por conta do pessoal que foi para Itaúna, tivemos a ideia de organizar um forrozinho aqui", relembra Ellen. Em 24 de julho de 2022, o grupo de amigos, com apenas uma caixa de som e um gerador emprestado pelos pais de um dos organizadores, se uniu e criou o Forró no Pôr do Sol, na Praça do Cruzeiro, ponto privilegiado para apreciar os poentes e as mutações da abóbada celeste na cidade. 

Hoje, o Forró no Pôr do Sol ocorre, majoritariamente, pelas doações da equipe e pelo Pix colaborativo, que divulgam nos encontros. Além da dança, fazem parte do evento os food trucks e vendedores ambulantes, com uma diversidade de bandas e DJ's a cada encontro. "Nossa intenção não é transformar em um evento pago e elitista. É uma festa para todos os públicos. Tem gente que  nem vem para dançar. Tem gente que só vem para cá curtir e escutar um bom forrozinho", conta. "Isso tudo, esses bailes, a música, para mim, é um apego emocional. É movimento, é energia, é conexão, só me traz coisas boas. Eu sempre falo para os meus alunos que o Forró no Pôr do Sol é o melhor lugar para começar a dançar." 

Espaço

Brasília é uma cidade marcada pela forte presença da cultura nordestina em razão das inúmeras famílias que se mudaram para a capital e trouxeram consigo o apego por suas raízes. "Nós tentamos tornar o evento acessível para todos. Buscamos reunir a galera e propagar cada vez mais o forró", comenta Ellen. 

Localizado no centro do Plano Piloto, o espaço comporta uma pequena quantidade de pessoas em relação ao tanto de interessados. "Aqui é muito bom pelo acesso, é bem no centro e fácil para a galera chegar. Mas seria muito bom um espaço maior, com mais estacionamentos. Assim, buscaríamos mais apoio, maior segurança e fiscalização." 

A divulgação do evento é feita de um dia para o outro, para conter a quantidade de pessoas, devido às proporções que tomou com o sucesso da festa. "O nosso problema é a superlotação. Ainda bem. Mas tem pouco estacionamento e acumula muito lixo, e isso foge do nosso controle. Por isso, estamos pensando em formalizar o evento para que a gente consiga divulgar antes. Tem vezes que chegam pessoas de outros lugares, como Goiânia e Alto Paraíso, nos mandam mensagens no Instagram perguntando qual a próxima data que vai acontecer para ver se conseguem vir, por exemplo", explica. 

Público

Raphael Akira, 22, estudante de engenharia de produção da UnB, começou a dançar forró como uma atividade de lazer. Com o tempo, passou a ser um hobby e até um estilo de vida. "Se tornou, para mim, importante o suficiente para eu pensar que a minha vida é a dança." Ele frequenta o Forró no Pôr do Sol desde o início e quando não está dançando, está conhecendo frequentadores e se divertindo.

"Comecei a vir porque é um point bom de dança. Eu conheço a galera que organiza o evento, então quando eles divulgaram foi um apoio para poder vir. Aqui é bem democrático e aberto. E, de modo geral, costuma ser familiar e vir pessoas de todos os tipos. E a paisagem é bem bonita também, o que ajuda." 

Fernanda Lago, 25, estudante de biotecnologia da UnB, dança forró há dois anos e meio e compartilha do sentimento de respeito e acolhimento por parte do evento. "Eu gosto muito disso, aqui a gente encontra pessoas de todas as idades e de todos os cantos.

Para mim, essa conexão com as pessoas e esse contato mais interpessoal é muito legal. Só pude experienciar tudo isso assim que comecei a frequentar os bailes. Sempre busco divulgar no Instagram quando eles avisam e quando a gente recebe um spoiler de que talvez tenha esse final de semana. Aí, eu saio convidando a galera para participar."

Para frequentar o espaço não precisa dançar bem. É preciso apenas deixar o ritmo contagiar e deixar a timidez de lado. "Vem sem julgamentos, principalmente o autojulgamento de que alguém está olhando ou observando.

Todo mundo tá aqui para curtir, para aproveitar o momento. Então, vem também com pessoas que você conhece para ficar mais tranquilo de entrar na onda", fala Fernanda. "Sempre haverá pessoas de todos os níveis, mas você vai ter que quebrar esse gelo mesmo sendo iniciante ou não e chamar as pessoas para dançar, sabe? Acho que o segredo é não ter vergonha e chamar as pessoas para dançar para curtir o momento", conclui Akira. 

*Estagiárias sob a supervisão de Severino Francisco

 

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