MÚSICA

Grupo de forró mais antigo do DF, Trio Siridó comemora 52 anos com show

Trio comanda festa na Escola Parque de Ceilândia neste sábado (6/7), acompanhado do convidado especial, o Trio Nordeste

Em 14 de junho de 1972, na boate Camisa Listrada, no Setor Comercial, surgiu um dos grupos pioneiros do forró na capital, o Trio Siridó. Ele é um dos precursores da tradição forrozeira no DF. Até hoje, com mais de cinco décadas de estrada, o trio se apresenta nos palcos de todo o DF, como na Casa do Ceará, onde anima há mais de 20 anos as festas juninas, no São João do Cerrado, no qual gravou o DVD de 40 anos, na Casa do Cantador, entre outros espaços.

Este ano, eles comemoraram 52 anos do Trio Siridó, e, com o apoio da Associação dos Forrozeiros do DF (Assforró) e pelo Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), farão vários shows gratuitos no DF. Hoje, comandarão a festa na Escola Parque de Ceilândia, acompanhados do convidado especial, o Trio Nordeste. “A gente quer fazer uma festa bonita para o povo dançar bastante. Queremos poder levar o forró para todos, principalmente para a nova geração. Para continuar essa tradição tão especial”, ressalta o forrozeiro Torres do Rojão, do Trio Siridó.

José da Silva Torres, o Torres do Rojão, 80 anos, é o fundador do Trio Siridó. Chegou a Brasília em 1964, é um paraibano formado em Pernambuco. Nasceu em 1944, em Campina Grande, na Paraíba, no entanto começou a carreira musical em Caruaru. Aos 10 anos, cantou, pela primeira vez, com Luiz Gonzaga, com quem dividiria o palco muitas vezes em Brasília. Triangueiro e cantor, em 1972, formou o Trio Siridó. O primeiro nome era Os Retirantes, mas um amigo potiguar sugeriu que mudassem para seridó, que eles transformaram em Siridó para facilitar a pronúncia. Seridó é uma região no sertão do Nordeste brasileiro que abrange municípios do Rio Grande do Norte e da Paraíba.”O forró pé de serra é único. É o que realmente representa nossas raízes nordestinas. As novas variações são interessantes, mas não devemos perder o foco na autenticidade do pé de serra”, comenta Torres do Baião.

No início, o Trio Siridó tocava no Forró do Nino e no programa Brasília canta o Brasil, na Rádio Nacional. Apresentaram-se com Sivuca, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Oswaldinho, Marinês, Elba Ramalho e Luiz Gonzaga. Era o grupo oficial para acompanhar os shows que Gonzagão, o Rei do Baião, fazia em Brasília. O Trio Siridó se destacou pelos sucessos Carregadinho de amor, Flor mulher e Sapo na Lagoa. Mas, além do repertório autoral, eles são excelentes intérpretes dos clássicos do forró de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, João do Vale, entre outros.

Cada canção é um reflexo da vida no sertão, das tradições, dos sentimentos, da festa e da saudade . “As músicas que apresentamos têm um profundo significado cultural e emocional. Elas falam de pé de serra e amor, trazendo alegria para o povo. Através das nossas músicas e dos nossos 52 anos de Trio Siridó, buscamos celebrar e preservar as raízes culturais, para trazer o bom forró nordestino”, diz. “Façam bonito, respeitem a tradição e tragam alegria através da música. O forró é uma celebração da vida e da cultura nordestina. Quanto mais pessoas, melhor fica”.

Os herdeiros da tradição

A trilha aberta pelo Trio Siridó foi seguida por muitos outros grupos do DF. O forró é presente na vida de Gabriel Pin desde muito cedo, em razão da força do estilo musical de sua terra natal, o Espírito Santo. Aos 6 anos, mudouse para Brasília com sua família e manteve a cultura até hoje. “Minha família é forrozeira. Já é de casa. E, por isso, tanto eu como meu irmão, que também faz parte da banda que toco, crescemos ouvindo esse forró mais tradicional. E isso que nos formou enquanto músicos”. Hoje, o cantor integra a banda Forró do Dengo, composta por seis integrantes: Gabriel, na voz e triângulo; Vinícius Nepomuceno, na voz; Guilherme Guimarães, na sanfona; Cleiton Bispo, na zabumba; Eduardo Pin, no violão e guitarra; e Gustavo Araújo, no baixo. O estilo do grupo mistura o tradicional com o contemporâneo, e tem como diferencial o aconchego. “Nosso forró é dengoso, bem coladinho e grudadinho, muito gostoso de dançar. Daí vem o nome também”.

O que antes era apenas um hobbie para Gabriel, agora se tornou um segundo trabalho, movido pela paixão, com o objetivo de no futuro um dia conseguir viver só da música. “Assim, eu acho que ao deixar as preocupações de lado para estar ali naquele momento dividindo o sentimento, você se entrega para o outro que vai estar contigo naqueles três, quatro minutos de música”, explica.

Em época junina, sem local fixo, rodam por todo DF para se apresentar. Em outros períodos do ano, apresentam-se em diversos locais, como nos palcos da 107 Norte, entre o Aflora gastrobar e a pizzaria Barra Napoli, no Ispilicute e no Feicotur.

“Vem amor, vem cantar/ Pois meus olhos ficam querendo chorar/ Deixa a mágoa pra depois/O amor é mais importante a dois”. Aos versos de Sanfona Sentida, a alma de Hellen Barbosa dança e seu coração se alegra, dos dias bons aos ruins. Com forte base musical e artística, o apreço pela música sempre esteve presente. Filha de sanfoneiro e professor, buscou conhecimento em repertórios de grandes mestres da música, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, Marinalva, entre outros. “Meu pai sempre foi minha inspiração musical, e aprender percussão foi um passo natural para me juntar a ele nos palcos”. Sem medo de cair no clichê, o forró significa tudo na vida da artista. “É no forró onde me encontro. É meu refúgio e minha alegria. Desde sempre vendo essa cultura muito próxima de mim, e quando realmente fui buscar a fundo, entendi que meu lugar é na cultura nordestina”, conta.

Ao se encontrar no mundo da música em 2018, juntamente com a Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal (Asforró— DF), fundou o trio, Hellen Barbosa — A inovação do forró”. A banda se apresenta regularmente em diversos locais pela capital, como no Forró Ispilicute, no Corina, em eventos abertos, como na Casa do Cantador e festas juninas das RA’s, em festivais de quadrilhas. “Nos acordes da sanfona / Vou tentando esquecer / Quem eu amo está tão longe / E eu não sei quando vou ver”. “’O sentimento que Dominguinhos demonstra em De amor eu morrerei, é esse. O poder que a música tem de demonstrar o que sentimos. Através dos acordes da sanfona e o sentimento revelado no canto, é possível expressar a profunda saudade de alguém. De um amor que já se foi”, essa é a interpretação de Hellen sobre a canção.

* Estagiárias sob a supervisão de Severino Francisco

Mais Lidas

Divulgação - Hellen Barbosa — A inovação do forró
Divulgação - Forró do Dengo
Divulgação - Torres do Rojão, fundador do Trio Siridó
Divulgação - Trio Siridó
July Torres - Trio Siridó
Divulgação - Trio Siridó