Cultura

Grande sambista Nelson Sargento completaria 100 anos nesta quinta

Filho e nora do cantor apresentam projeto Samba! Agoniza mas não morre — Nelson Sargento 100 anos. Cristo redentor é iluminado de verde e rosa

Nelson Sargento, Presidente de Honra da Mangueira  -  (crédito: Edinho Alves)
Nelson Sargento, Presidente de Honra da Mangueira - (crédito: Edinho Alves)

Nesta quinta-feira (25/7), para celebrar o centenário de nascimento de Nelson Sargento (1924-2021), o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor vai realizar uma missa em memória ao artista. O artista também será homenageado com a iluminação do monumento em verde e rosa, nas cores da Estação Primeira de Mangueira.

A celebração contará com a presença de familiares e amigos do sambista. Entre eles, estarão os filhos Ronaldo Mattos, Rosemar Mattos e José Geraldo Mattos, as netas, Cíntia Brasil, Thais Mattos e Suelen Souza, os bisnetos, Rian Souza, Lorrana Souza, Ágatha Sofia "Bombom de Mangueira", Thaylla Mattos, e a nora, Lívea Mattos. Representantes do Cruz-Maltino e da Mangueira também estarão presentes.

Além disso, Ronaldo Mattos e Lívea Mattos, filho e nora do mestre, irão apresentar o projeto cultural Samba! Agoniza mas não morre — Nelson Sargento 100 anos. Serão, ao todo, quatro shows gratuitos que exaltam a obra do eterno sambista e clássicos como Falso amor sincero e As Quatro Estações.

 Samba na veia 

Nelson Sargento morou no Morro da Mangueira desde os 12 anos e tornou-se um dos principais sambistas de todos os tempos da Estação Primeira de Mangueira, escola que integrou e presidiu a Ala de Compositores. Ele também foi Presidente de Honra de 2013 a 2021. 

Sargento, apelido artístico que ganhou por conta da patente que alcançou por ter servido no Exército Brasileiro na segunda metade dos anos 1940, é um dos maiores nomes da história do samba brasileiro. O artista compôs mais de 400 músicas ao longo da carreira e conviveu com veteranos como Carlos Cachaça, Saturnino, Aluisio Dias, que o ensinou a tocar violão, Babaú e Cartola.

Apresentado por Beth Carvalho (1946–2019) no revolucionário álbum De pé no chão (1978), Agoniza, mas não morre simboliza a resistência do samba e do próprio cidadão Nelson Mattos, nome de batismo do cantor, compositor, escritor, poeta e pintor que hoje completaria 100 anos de vida.

Nelson Sargento iniciou no samba no Morro do Salgueiro, berço de outras agremiações tradicionais do Carnaval carioca. Foi lá que, ainda na infância, o futuro bamba começou a tocar tamborim e a praticar o canto com a voz rouca, que viria a se tornar, com o tempo, uma das marcas da elegância do artista no universo do samba.

Na adolescência, foi diplomado na escola de Mangueira, quando foi morar no morro que abrigava bambas da verde-e-rosa como Carlos Cachaça (1902–1999) e Cartola (1908–1980), de quem se tornaria um dos principais intérpretes em discos e shows. O sambista passou a integrar a ala de compositores da Estação Primeira a partir de 1942.

No Carnaval de 1949, emplacou o primeiro samba-enredo na escola, Apologia ao mestre, em parceria com o compositor português Alfredo Lourenço (1885–1957). O samba venceu o desfile. No Carnaval de 1950, Nelson e Lourenço se consagraram bicampeões na avenida com o nacionalista samba-enredo Plano SALTE — Saúde, lavoura, transporte e educação.

No quesito samba-enredo, a primeira obra-prima de Nelson Sargento apareceu no desfile da Mangueira de 1955, com As quatro estações do ano ou Cântico à natureza, composto por Nelson com o parceiro Lourenço e com Jamelão (1913–2008).

Em 1958, foi eleito Presidente da Ala de Compositores da Mangueira, posição que lhe permitiu maior convivência e aprendizado com os sambistas veteranos da escola, principalmente com Cartola, de quem se tornaria um discípulo, ao guardar na cabeça os versos que o mestre compunha de maneira descompromissada, além de completar outras das suas composições.


Vasco de alma e coração 

Além do amor pelo samba, Sargento também era apaixonado pelo futebol e fazia questão de estampar a cruz de malta do Vasco em seu peito desde 1934. Quando, aos dez anos de idade, presenciou nas ruas do Rio de Janeiro as comemorações da torcida pelo título carioca daquele ano (do torneio da então Liga Carioca de Futebol). O artista declarou seu amor ao clube carioca na canção Casaca, Casaca, que destaca a luta do Cruz-Maltino contra a discriminação de negros e pobres no futebol.


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postado em 25/07/2024 17:15 / atualizado em 25/07/2024 17:15
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