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4 destinos para aproveitar o inverno na Serra Catarinense

ira hospedagens cheias de personalidade, gastronomia, vinhos de altitude, aventura e algumas das cidades mais frias do país

A Serra Catarinense é um destino de inverno autêntico com chalés, vinhos e belas paisagens naturais (Imagem: Black Layer Creative | Shutterstock) -  (crédito: Edicase)
A Serra Catarinense é um destino de inverno autêntico com chalés, vinhos e belas paisagens naturais (Imagem: Black Layer Creative | Shutterstock) - (crédito: Edicase)

Sempre que chega o inverno, os destinos de montanha pelo Brasil ficam para lá de concorridos. Chalés de madeira equipados com lareira, cenários pontuados com pinheiros e araucárias, neblina pela manhã, vinhos, chocolates e termômetros que marcam temperaturas próximas a zero são alguns dos itens que fazem parte da lista de desejos dos turistas para essa época do ano.

Menos conhecida a nível nacional do que sua vizinha gaúcha, a Serra Catarinense prova que tem tudo isso e muito mais. A uma curta viagem de carro de Florianópolis, o destino abriga cada vez mais empreendimentos únicos, entre parques, vinícolas e hospedagens.

Além disso, tem cenários naturais de extrema beleza, como cânions e cachoeiras. Vale mencionar ainda que Urupema, São Joaquim e Bom Jardim da Serra são historicamente algumas das cidades mais frias do país. Assim, o resultado é um destino de inverno autêntico e uma escolha certa para quem busca algo diferente no alto das montanhas brasileiras.

1. Bom Retiro

Nossa viagem começa pela cidade de Bom Retiro, uma das portas de entrada para a Serra Catarinense, principalmente para quem vem de Florianópolis. Assim como a maior parte dos municípios dessa região, seu centro urbano é bem compacto, e as ofertas turísticas se espalham por áreas rurais e paisagens montanhosas.

É o caso do Caminho das Nuvens, propriedade inaugurada em 2019 e que conta com sete cabanas disponíveis para hospedagem e estrategicamente localizadas a mais de 1.200 metros de altitude. O que mais impressiona é a vista: ao seu redor se abre um incrível panorama de montanhas que parece não ter fim. O nome do local não poderia ser mais propício, já que não é incomum que uma densa neblina se espalhe por todo esse visual, e você tem a sensação de estar acima das nuvens.

Com estrutura bem completa, as cabanas variam em tamanho e configuração, sendo algumas perfeitas para casais, enquanto as maiores têm capacidade para até seis pessoas. Foram construídas de forma a oferecer total privacidade aos hóspedes e vistas perfeitas de vários ângulos.

Caminho das Nuvens

Para completar a experiência, o Caminho das Nuvens inaugurou seu restaurante, o Nuvem Gourmet. A casa é também aberta ao público externo e oferece vistas panorâmicas através de enormes janelas e vidro do chão ao teto. No cardápio, há opções de carnes, fondue, massas e risotos, entre influências francesas e toques da culinária local, como o tradicional entrevero e a paçoca de pinhão.

Fazenda Santa Luzia

Outro lugar cheio de personalidade em Bom Retiro é a Fazenda Santa Luzia. A casa-sede, toda de madeira, tem a dose certa de aconchego e, hoje, atende apenas grupos de no mínimo 10 pessoas, funcionando como uma pousada bem intimista. Ali, impera a típica hospitalidade da Serra Catarinense, com uma mesa sempre farta, seja no café da manhã, com pães e bolos feitos lá mesmo, ou no jantar, talvez com um saboroso entrevero ou uma costela assada por horas na brasa.

Na ampla propriedade, há várias atividades disponíveis, como cavalgadas, passeio de quadriciclo ou trator, piquenique e muito mais. E, no andar abaixo dos quartos, funciona uma pequena vinícola. O local abriga também uma adega, com a reserva de vinhos produzidos pela família Buratto, que foram os donos da Fazenda Santa Luzia por mais de 80 anos.

Caminhar pelo labirinto de garrafas de vinho é um desses passeios que ficam na memória, culminando com uma boa degustação desses rótulos carregados de história. Agora com uma nova proprietária, a Fazenda Santa Luzia passa por um grande período de transição. O projeto prevê mais experiências e estruturas voltadas para os turistas, como spa, bistrô e centro de eventos. A gastronomia será um ponto alto, sem abrir mão das raízes serranas.

Produção de vinhos

A produção de vinhos tem ganhado destaque em Bom Retiro. A vinícola Thera é uma das mais jovens da região, mas já acumula uma história de sucesso com rótulos premiados. Fundada em 2013 e localizada dentro da Fazenda Bom Retiro, teve seus primeiros vinhos comercializados em 2015. A sede, que abriga a área de produção, exibe uma arquitetura moderna, elegante e integrada à natureza ao redor, que aparece aqui como protagonista ao lado dos vinhos.

A vinícola oferece diferentes experiências de degustação, visita aos vinhedos, passeio a cavalo e piquenique. Na sede fica também o Thera Winebar, com um cardápio que valoriza os insumos locais e harmoniza perfeitamente com os rótulos da vinícola. Em uma propriedade de 800 hectares, este é um verdadeiro complexo enoturístico. Além da vinícola, a Fazenda Bom Retiro conta com uma pousada boutique com 18 suítes e ainda um residencial de alto padrão. Há planos de plena expansão, combinando hotelaria, gastronomia e outras experiências turísticas.

Cascata do Avencal em Urubici
A Cascata do Avencal em Urubici, com 100 metros de queda, é rodeada pelo parque ecológico Mundo Novo e oferece paisagens deslumbrantes (Imagem: Luciano Queiroz | Shutterstock)

2. Urubici

Em Urubici, a Serra Catarinense ganha outros contornos, com atrações que combinam natureza e aventura. Um dos grandes exemplos é o Morro da Igreja, dentro do Parque Nacional de São Joaquim, cujo acesso é feito por Urubici. Com 1.822 metros de altitude, esse é o ponto mais alto do parque e um dos lugares mais frios do Brasil. Do Mirante do Morro da Igreja, é avistada a Pedra Furada, uma formação rochosa em formato de portal, com cerca de 30 metros de largura, considerada o cartão-postal do parque.

Mundo Novo

Outro cenário marcante de Urubici é a Cascata do Avencal, uma queda d’água de 100 metros formada pelo riacho do Funil, que despenca ao longo de um enorme paredão rochoso. Em torno da cachoeira, fica o parque ecológico Mundo Novo. Só passar um tempo contemplando a paisagem ali já vale a entrada.

Há quatro mirantes, incluindo um mais próximo à cascata que avança 12 metros desfiladeiro adentro e tem uma parte com piso de vidro. Abaixo dos pés, a vista é de um penhasco verdejante a uma altura de 105 metros. Mas, para quem não dispensa uma boa descarga de adrenalina, o parque Mundo Novo oferece uma série de atrações de aventura. No salto de pêndulo, os mais destemidos se jogam no precipício presos por cordas.

Ainda assim, são três segundos de queda livre a 100 km/h, seguidos de longos balanços com vista privilegiada para a Cascata do Avencal. Já na tirolesa de bike, você pode pedalar nas alturas em uma bicicleta suspensa por cabos de aço ao longo de quase 300 metros. Há ainda a tirolesa tradicional, que atravessa o mesmo desfiladeiro a 125 metros do chão.

Eco Parque Cachoeira Papuã

Perto dali fica o Eco Parque Cachoeira Papuã, inaugurado em 2020. Ele conta com passarelas que terminam em um mirante de vidro para contemplação da paisagem. Na beira de um precipício a 120 metros de altura, é possível admirar duas quedas d’água. O parque tem ainda a sky bike e o balanço infinito, entre outras atividades.

3. São Joaquim

As características naturais únicas da Serra Catarinense, como a altitude e a grande amplitude térmica, fizeram com que a cidade de São Joaquim se tornasse uma proeminente produtora de vinhos finos. Essa história, apesar de bem-sucedida, é um tanto recente. Começou com o Sr. Manoel Dilor Freitas, que fundou a Villa Francioni em 2001, depois de um projeto visto na época como ousado. Assim, sua vinícola foi pioneira na Serra Catarinense.

Hoje, a Villa Francioni tem 27 hectares de vinhedos a 1.260 metros de altitude e rótulos premiados – incluindo um rosé que ficou famoso ao encantar simplesmente a Madonna durante uma de suas visitas ao Brasil. Para conhecer essa propriedade, os grupos são sempre acompanhados por um guia especializado e percorrem todos os cinco andares da sede da vinícola.

Além do estilo arquitetônico, chama a atenção o jeito como o prédio foi construído: usando o declive natural do terreno, o fluxo gravitacional foi aplicado ao máximo para evitar transferências mecânicas durante o processo de elaboração do vinho. O trajeto termina com uma sessão de degustação. Há várias modalidades de visitas disponíveis, variando de acordo com o tipo e a quantidade de experiências.

3 taças de vinho em cima de um barril com uvas
A Vinhedos do Monte Agudo é uma vinícola boutique familiar que produz vinhos finos (Imagem: FreeProd33 | Shutterstock)

Vinhedos do Monte Agudo

Em 2004, São Joaquim ganhava mais uma vinícola, com a fundação da Vinhedos do Monte Agudo. As primeiras mudas de videiras, vindas da França, foram plantadas ali em 2005, a 1.280 metros acima do nível do mar. A Monte Agudo manteve sua identidade como uma vinícola boutique familiar, que produz vinhos finos de altitude em quantidade limitada.

No ponto mais alto da propriedade, está o receptivo da vinícola, que funciona como um espaço enogastronômico com direito a vistas deslumbrantes para os vinhedos, que se estendem por todos os lados. A Vinhedos do Monte Agudo tem aí um de seus grandes diferenciais: o foco na harmonização de refeições com vinhos.

Nesse sentido, o almoço harmonizado é imperdível. Com preço fixo, inclui entrada, prato principal e sobremesa, além de rótulos da casa acompanhando cada etapa. O cardápio, assinado pela chef Kathia Rojas, muda a cada três ou quatro semanas e sempre valoriza ingredientes regionais, como truta, pinhão, abóbora cabotiá e maçã.

A Monte Agudo oferece ainda a experiência “Sunset”, com uma degustação de vinhos acompanhada por prato de frios e pães e apresentada por um especialista em um bate-papo mais informal, enquanto o sol se põe sobre os vinhedos. Outra opção bem especial é o piquenique sob os parreirais.

Leone di Venezia

Para completar esse roteiro enoturístico em São Joaquim, a vinícola Leone di Venezia, como já indica o nome, é repleta de referências à Itália. Por exemplo, seus primeiros parreirais, plantados em 2008, vieram do país europeu. O nome da vinícola remete ao símbolo de Veneza e à bandeira do Vêneto. E a arquitetura da sede foi inspirada no palácio italiano Villa di Maser, em Treviso. Tais detalhes também são delicadas homenagens à família do fundador da vinícola, um descendente de italianos do Vêneto.

Inaugurada de fato em 2016, a Leone di Venezia possui mais de cinco hectares de variedades típicas da Itália, mas ainda pouco difundidas no Brasil, como as tintas Sangiovese e Montepulciano e as brancas Garganega e Vermentino. Para os visitantes, a vinícola oferece tours guiados completos para quem quer conhecer mais sobre essa história, acompanhados de degustações. A propriedade já vale a visita, com lindas vistas para os vinhedos e as montanhas.

4. Bom Jardim da Serra

Em Bom Jardim da Serra, está outra porta de entrada para a Serra Catarinense, a famosa Serra do Rio do Rastro, cuja estrada é considerada uma das mais bonitas do país. Nesse trecho da SC-390, há o impressionante total de 284 curvas que seguem os contornos da serra, com vistas que ficam mais surpreendentes a cada canto.

Em alguns pontos, há mirantes onde você pode estacionar o carro e tirar fotos. Se quiser admirar esse panorama por completo, siga até o topo, já em Bom Jardim da Serra. De dia, observe todo o desenho da rodovia em meio ao verde das montanhas. Já à noite, a serra ilumina-se e ganha uma atmosfera mágica.

Por ser uma cidade localizada na borda da serra, o que não falta na região de Bom Jardim são cânions. Mais próximo das vias asfaltadas e da Serra do Rio do Rastro, o Cânion da Ronda tem o acesso mais fácil. Você pode chegar até o mirante, a 1.448 metros de altitude, de carro para contemplar as longas e impressionantes escarpas cobertas por vegetação. Com o dia limpo, dá para ver as cidades no pé da serra e até o litoral catarinense – uma vista que fará você se sentir no topo do mundo.

Cânions do Funil e das Laranjeiras

Já para chegar aos cânions do Funil e das Laranjeiras, é preciso percorrer estradas de terra e pedra ladeadas por campos, pequenas fazendas e matas de araucárias. Para isso, o melhor é estar a bordo de um veículo 4×4. Depois, para percorrer as trilhas que levam até os cânions em meio a uma natureza intocada, não deixe de ir com um guia especializado, principalmente se há chances de neblina.

A recompensa no fim das trilhas faz todo o esforço valer a pena. Abre-se à sua frente um verdadeiro esplendor da natureza. São fendas enormes formadas ao longo de milhões de anos por atividades vulcânicas e sísmicas, onde paredões rochosos misturam-se às araucárias e vegetação local. Se as condições climáticas estiverem favoráveis, com sol e sem neblina, você poderá ver toda a vastidão dos cânions.

Por Patrícia Chemin – revista Qual Viagem

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Redação EdiCase
postado em 23/07/2024 14:55
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