CLIMA

Risco com atividades físicas na seca

A baixa umidade do ar, típica do inverno brasiliense, impacta na vida dos praticantes de exercícios ao ar livre. Especialistas alertam para os problemas com uma maior exposição ao sol e sugerem mudanças nas rotinas diárias

Ualisson, ao lado da esposa, Avana: mais água antes dos exercícios -  (crédito: Alessandro de Oliveira)
Ualisson, ao lado da esposa, Avana: mais água antes dos exercícios - (crédito: Alessandro de Oliveira)

O tempo seco é problema, principalmente, para os que gostam de atividades físicas ao ar livre. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que a qualidade do ar seja considerada boa, o nível de umidade deve estar entre 40% e 70%. Em Brasília, a média mais perigosa no decorrer do dia chega a 25%, mas pode cair ainda mais nas próximas semanas. A baixa umidade pode causar o ressecamento das vias respiratórias, aumentando a incidência de resfriado, gripe e pneumonia, e causando sintomas, como coceira, coriza, nariz entupido e espirros. Informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-DF) preveem que a umidade do ar até sábado terá mínimas variando entre 30% e 25%. 

A reportagem Correio conversou com especialistas sobre os riscos em realizar exercícios físicos com o tempo seco e com praticantes de atividades físicas para entender quais são os cuidados que devem ser tomados nessa época do ano.

Gilda Elizabeth, pneumologista do Hospital Brasília Águas Claras, elenca alguns cuidados para quem deseja praticar exercício nesse período de seca. "Realizar a atividade em horários mais cedo ou ao final do dia, pois são períodos que o clima não está tão quente e abafado, usar roupas leves e claras, está em constante hidratação. São cuidados que todos conhecem, mas que valem sempre reforçar", contou.

É assim que faz Ualisson Breno, 29 anos. Bombeiro militar de Brasília, ele pratica atividade física regularmente, mas nesse período de seca, redobra os cuidados quando realiza sua corrida diária no Parque da Cidade. "Aumento bastante a ingestão de água e evito realizar qualquer exercício entre os horários de 10h e 16h," comentou. Clétia Santos, 39, administradora, também frequenta o Parque da Cidade e tem levado o afilhado Bruno, 11, para aproveitar o local neste período de férias escolares. Ela disse que segue uma série de regras. "Começamos a usar protetor para os lábios e também para a pele e  aumentamos o consumo de água", comentou.

Dificuldade

Ualisson disse que a baixa umidade traz muita mudança no desenvolvimento do seu exercício. "Esse tempo ataca a minha rinite, então acaba atrapalhando a minha vida como um todo, seja no trabalho, em casa e também na minha rotina de treino. É muito sofrido", acrescentou. "Também tenho muita dificuldade de respirar durante a realização da atividade física", pontuou Clétia.

Nasser Sarkis, coordenador médico-científico do serviço de Cardiologia do Hospital Brasília, da rede Dasa no DF, alerta para os riscos ao coração. "O calor excessivo é sempre ruim. Primeiro, o rendimento da pessoa cai muito; segundo, há risco de uma insolação. Com o aumento exagerado de temperatura corporal, o organismo precisa fazer uma dilatação dos vasos, por isso que a pessoa fica vermelha durante a corrida. Há uma perda hídrica muito grande", ressaltou. 

"Essa perda de líquido com a umidade baixa é maior, mas a percepção é menor, porque esse suor evapora com muita facilidade. Então, há risco de desidratação, fadiga precoce e, se a pessoa forçar, ela pode chegar ao desmaio, inclusive, e aí surgem dois tipos de situação: tem aqueles indivíduos que não têm doença prévia e que vão ter um desmaio, uma tonteira. E aqueles indivíduos que têm doença prévia, muitas vezes silenciosa, a pessoa não sabe que tem, e aí há o risco de uma arritmia, um infarto. Por isso, para os cardiopatas, ou os que sabidamente têm problemas, esses cuidados devem ser dobrados", explicou.

* Estagiário sob a supervisão 
de José Carlos Vieira

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postado em 18/07/2024 00:01
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