O poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, recebe uma homenagem em forma de filme no dia 15 de julho. O Cine Brasília exibirá o documentário de Maria Maia para celebrar os 191 anos de aniversário do poeta. A obra Sousândrade, O Guesa Errante narra a trajetória de Joaquim na escrita do poema homônimo que antecipa o Modernismo brasileiro.
A diretora Maria Maia define o filme como um doc-fic, uma mistura de documentário com trechos ficcionados. O que a inspirou na criação da obra cinematográfica foi a significância do poeta como um dos últimos românticos da literatura brasileira pré-modernista. O movimento que chega em forma de crítica social não impede Sousândrade de contar a história de sacrifício heroico de um adolescente em O Guesa errante.
A pesquisa de Maria foi a partir da própria obra do autor, que ela afirma também relatar a vida pessoal de Joaquim, e do livro Revisão de Sousândrade, de Augusto de Campos e Haroldo de Campos. O acervo traça o ponto de vista teórico da importância do poeta na cultura do Brasil. "Nascido no interior do Maranhão, desenvolveu amizades literárias. Nessa época, o Maranhão vivia uma ascensão grande econômica e cultural e gerou grandes nomes da literatura brasileira", diz.
Formado em São Luís (MA), Sousândrade fez parte de uma elite cultural ascendente na época, onde estudou profundamente várias áreas de conhecimento: "Ele tinha uma formação muito complexa que incluía até grego." Nomes como Gonçalves Dias e Odorico Mendes foram contemporâneos de Joaquim no movimento cultural maranhense.
O documentário também traz falas de pesquisadores especialistas na obra de Sousândrade, como o americano Frederic Williams. "Apesar de ser um autor pouco lido e reconhecido atualmente, ele merece um lugar na história da poesia brasileira por ser o primeiro modernista na transição do romantismo", pontua a diretora. Maria ressalta que Sousândrade tinha uma visão dos indígenas diferente da dos românticos, que os endeusavam: "Ele os retrata como tendo sofrido um processo de desterritorialização, expulsos pela sociedade capitalista e fora de suas condições de vida. Ele não romantiza a situação."
Emocionada pela poesia dentro da consonância do capitalismo, a diretora argumenta que Joaquim tinha noção de que não escrevia para o tempo dele e possuía uma ligação com o progresso do futuro: "Quem se debruçar na leitura de Sousândrade vai se surpreender. É uma poesia escrita no século 19, mas muito atual. É até uma novidade para os tempos líquidos em que vivemos."
Maria destaca o autor entre vários outros por o considerar universal e atemporal. A epopeia de 'O Guesa Errante' dialoga com uma identificação pessoal de Sousândrade com Guesa, o personagem principal, narrada em 12 cantos. "Ele é fenomenal. Guesa é um mito tirado da história colombiana que reflete tensões do capitalismo destruindo povos e culturas", disserta. Ela alega que o filme contribui para tornar a obra do autor vanguardista conhecida.
*Estagiária sob a supervisão
de Severino Francisco
Sousândrade,
O Guesa Errante,
de Maria Maia.
Exibição, na segunda-feira, às 19h, no Cine Brasília. Entrada franca.
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