DENÚNCIA

Margareth Menezes cobra festival sobre presença de agressor de mulheres no palco dela

Ministra da Cultura quer saber por que evento em Berlim, na Alemanha, escalou o DJ CelesteMariposa para tocar no mesmo dia que ela. O português foi condenado por violência contra uma brasileira, que está sob proteção policial

Lisboa — A ministra da Cultura, Margareth Menezes, cobrou os organizadores do Festival Haus der Kulturen de Welt (HKW), no qual participará em 25 de julho, em Berlim, sobre a presença, no mesmo palco que ela, do DJ CelesteMariposa, que foi condenado pela Justiça de Portugal por agressão a uma mulher brasileira. A vítima está sob proteção policial. A ministra diz ser “veementemente contra qualquer tipo de violência, sobretudo, aquelas que vitimem mulheres”. O show apresentado pela artista na Alemanha faz parte de uma turnê europeia, que será realizada durante as férias ministeriais dela.

Margareth soube da condenação do DJ CelesteMariposa por meio do Correio, que lhe encaminhou uma carta escrita pela brasileira vítima de violência, além de cópias da sentença judicial proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca da Lisboa. Tão logo tomou ciência da agressão, a ministra questionou os organizadores do festival, que ainda não se posicionaram oficialmente. A cantora tem uma longa militância no combate à violência de gênero, portanto, não seria compatível ela subir no mesmo palco em que estará um agressor de mulheres. O DJ, que é português e filho de pais angolanos, não foi encontrado pela reportagem.

Reprodução - Banner festival

O nome verdadeiro do DJ é Wilson Mamede Villares, conforme o processo 437/20.9 PALSB, ao qual o Correio teve acesso. Ele foi condenado a dois anos e seis meses de prisão pelo crime de violência doméstica, em regime aberto, o que, para Portugal, é um feito, uma vez que a violência contra mulheres é tolerada. Não há, no país europeu, uma legislação rígida como a Lei Maria da Penha, no Brasil. Para que a vítima, que foi funcionária da Organização das Nações Unidas (ONU) na Europa, conseguisse convencer a Justiça lusitana da violência à qual foi submetida, teve de apresentar um vídeo em que é agredida e arrastada pelo chão.

“Encontro-me sob proteção policial por meio de medida judicial (botão do pânico), monitoramento de entidades públicas e apoio psicológico. Por questões de proteção e segurança, solicito que meu nome permaneça sob sigilo”, afirma a brasileira. Ela ressalta que há muitas outras denúncias contra o DJ. “A própria comunidade cultural de Lisboa, ciente dos problemas que envolvem CelesteMariposa em situações de homofobia, ameaça à integridade física e fraude, decidiu agir como forma protetiva e pediu a retirada dele de alguns equipamentos culturais renomados da cidade”, acrescenta.

Os dados mostram que a agressão a mulheres cresce em todo o mundo. Em Portugal, a violência doméstica é o crime mais frequente, sendo o mais denunciado e o que mais mata, independentemente de classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade. “No âmbito da violência contra as mulheres brasileiras em Portugal, estamos diante de um quadro assustador. São as maiores vítimas de preconceito, discurso de ódio e violência de gênero, como alertado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). O silêncio mediante situações estruturais e a falta de apoio marca profundamente nossas vidas”, ressalta a brasileira. “Por isso, resolvi expor o meu caso”, complementa.

Veja íntegra da nota da ministra da Cultura, Margareth Menezes:

“Margareth Menezes é veementemente contra qualquer tipo de violência, sobretudo, àquelas que vitimem mulheres. Diante do que foi trazido pela reportagem, solicitou à sua equipe artística internacional que informe ao Festival sobre os fatos, para que sejam devidamente apurados.

O show apresentado pela artista em Berlim faz parte de uma turnê europeia realizada em julho, durante as suas férias ministeriais.”

 

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