Frear o volume de filmes e de programas para tevê; zelar pela capacidade de diversão, isoladamente do UCM (Universo Cinematográfico Marvel), por meio de criações audiovisuais independentes que garantam uma "noitada de cinema" e a recuperação da confiança do público após alguns recentes erros. A visão de Gavin Edwards, um dos autores do livro O reinado da Marvel Studios, casa perfeitamente com outra percepção dele e de milhares de fãs de quadrinhos e cinema: os filmes da Marvel apregoam entretenimento, e "os melhores deles são feitos com tanta energia, inteligência e coração que nunca flertam com a trivialidade". Tamanho o impacto da cultura pop das HQs, que até o governo, à época de respostas ao 11 de Setembro, por meio do conselheiro-sênior de George W. Bush, Karl Rove, intercedeu nas mensagens para reforçar sensação de segurança, no revide ao terrorismo global de 2001.
"Os filmes da Marvel refletem mais a política de sua época do que a moldam, mas as tramas de super-heróis são especialmente populares em tempos nos quais cidadãos norte-americanos querem ver alguém levar uma coça", arrisca Gavin. Sobre o impacto do livro que criou, ao lado de Gavin, Joanna Robinson (coautora, com Dave Gonzales), endossa que a publicação (detida até na quinta fase do UCM) saiu à uma época em que a Marvel realmente precisava que as pessoas se lembrassem de como foram fortes e bem-sucedidas por tanto tempo. "É uma marca que tropeçou na admiração incondicional do público, recentemente, e ainda que se aborde alguns obstáculos (no livro), há espaço para o milagre instituído nas fases iniciais das produções Marvel", na ótica de Joanna.
Episódios de sucessos da Marvel Studios (cujos produtos têm distribuição pela Disney) derivam da percepção de "profundidade e inteligência", pelo empresário Kevin Feige, junto à franquias de heróis. Quando antevia roteiros (de filmes) falhos, ele contou aos autores que recorria aos "quadrinhos para resolver os problemas". Tutelar, mas com liberdade, garantiu à Marvel êxitos como os de Guardiões da Galáxia (com renda de US$ 3,75 bilhões), gerados, nas palavras de Dave Gonzales, pela "unidade de visão do diretor James Gunn, que estendeu a capacidade de absoluto controle até mesmo nas sequências". Confira tópicos dos autores, na entrevista exclusiva ao Correio.
Nada de donzelas
Percorremos um longo, longo caminho na Marvel desde os dias das donzelas em perigo ou da Viúva Negra sendo o único membro feminino de uma linha de super-heróis. As mulheres lideram equipes na frente e atrás das câmeras. A Marvel está colocando uma quantidade extra de aposta em algumas das mulheres mais jovens de sua lista, incluindo Iman Vellani (como Kamala Khan, em Ms. Marvel) e Hailee Steinfeld (como Kate Bishop, em Gavião Arqueiro). A Yelena Bolova, feita por Florence Pugh, parece ser a estrela do próximo filme da equipe Thunderbolts. Isso indica uma mudança significativa na liderança acima de Kevin Feige (presidente da Marvel Studios) depois que Ike Perlmutter (um ex-supervisor) foi removido de sua posição de poder e não pôde mais afirmar que as pessoas não se importavam com super-heroínas.
Joanna Robinson
Saturação e parque temático
Os parques temáticos da Marvel existentes (incluindo o conteúdo da Marvel na linha de cruzeiro Disney Wish) são todos incrivelmente temáticos e muito criativos. Acho que o público se sentiu um pouco sobrecarregado com o quão sempre presente A Marvel está nos cinemas e nos produtos, mas não vi evidências de saturação excessiva. Não é como Funko Pops onde os brinquedos de plástico extras são jogados em aterros sanitários; as coisas da Marvel vendem e parecem vender muito bem, mesmo que as pessoas estejam reclamando que tem muita Marvel.
Dave Gonzales
Poderio feminino
A Marvel elencou (até agora) quatro diretoras: Chloe Zhao, Cate Shortland, Anna Boden e Nia DaCosta. Embora seja verdade que alguns desses filmes, incluindo The Eternals e The Marvels, tiveram desempenho inferior crítica ou financeiramente, é importante notar que Anna Boden foi a única mulher a codirigir um filme (Capitã Marvel) antes Vingadores: Ultimato, quando a Marvel ainda estava no auge. Seu filme foi na verdade um grande sucesso para o estúdio. É realmente uma pena que o talento de autor independente de Cholé Zhao não tenha sido adequado para o UCM e que tanto Shortland quanto DaCosta tiveram filmes que estrearam durante a pandemia ou quando o público já havia perdido o gosto pelo UCM filmes. Mas deve-se notar que a falta de entusiasmo pelos filmes da Marvel também impactou cineastas masculinos como Taika Waititi, Destin Daniel Cretton e Peyton Reed.
Joanna Robinson
Computação gráfica aprimorada?
Não teremos certeza até vermos alguns dos lançamentos que tiveram muito tempo de pós-produção. Deadpool e Wolverine ainda foram finalizados bastante rápido, enquanto coisas como Capitão América 4, Ironheart e a série Agatha all along já estão "terminadas" há algum tempo e esperamos dando margem a bons produtos. Tudo o que a Marvel Studios pode fazer é dar mais tempo aos seus artistas. Ainda existe o maior problema de Hollywood: desvalorização dos trabalhos de efeitos visuais, traço que leva a mais horas (de trabalho), e menor tempo de entrega. Algo a ser revisto pelo sindicato de efeitos visuais.
Dave Gonzales
Efeito X-Men 97
Tudo o que sabemos agora é que X-Men 97 foi um sucesso e temos Deadpool e Wolverine nos cinemas em breve. Se eu tivesse que adivinhar, X-Men 97 finalmente ensinou a Marvel Studios e a Disney a não terem medo de quão “estranhas” são as histórias em quadrinhos enquanto matriz de trama. Acho que Kevin Feige sempre soube disso, mas agora a empresa como um todo deveria ter mais facilidade em aderir coisas como poderes mutantes bizarros e os trajes originais dos X-Men funcionarem nos filmes de carne e osso.
Dave Gonzales
Renovação de peso
Veja que a franquia Quarteto Fantástico está em risco desde 1992, quando Roger Corman fez fita de orçamento irrisório de nunca lançada. Mas já há 10 anos desde a última aparição da equipe no cinema — nisso, há toda uma nova geração de espectadores nunca viram destes filmes descabidos. Com elenco renovado do calibre de Pedro Pascal e Natasha Lyonne há esperança de futuro acerto.
Gavin Edwards
Ajustes de representatividade
Dentro do aumento na representação de gêneros, raça, sexualidade no UCM, eu apontaria algo como Pantera Negra, que muitas pessoas consideram um dos melhores filmes que o estúdio já fez. Não só foi trouxe robusto lucro para o estúdio, sendo extremamente popular, mas ainda qualificou a Marvel artisticamente, com indicações ao Oscar (incluindo melhor filme), com conquistas em trilha sonora, design de produção e figurinos. O fato de os embates da Marvel terem coincidido com o aumento no escopo de heróis é lamentável, mas não creio que ocasione os tropeços da Marvel.
Joanna Robinson
O reinado da Marvel Studios
Editado pela Record, com tradução de Alessandra Bonrruquer para os textos de Joanna Robinson, Dave Gonzales e Gavin Edwards. 532 páginas, R$ 114,90 (preço sugerido).
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