No teatro, no streaming e no cinema, o ator, produtor e roteirista Lucas Drummond traça um caminho múltiplo nas artes e uma questão presente na trajetória artística: o orgulho LGBTQIAPN+. Antes de estrear na Max com Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente, que fala sobre a epidemia de Aids nos anos 1980, ainda este ano, o carioca gravou em Goiás o filme Apenas coisas boas, do diretor Daniel Nolasco, e lança, nesta sexta-feira (28/6), o curta Todos os prêmios que eu nunca te dei, no YouTube.
HIV
Em Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente, o ator interpreta West, um dermatologista norte-americano que, além de se envolver com o personagem de Johnny Massaro, tem uma responsabilidade: ele facilita o contrabando para o Brasil de AZT, medicamento usado para combater o HIV, no auge da epidemia da Aids, período abordado pela minissérie.
"É um projeto do qual eu tenho um orgulho enorme. Uma série que dá voz à diversidade sexual e de gênero, o que é uma questão bastante presente na minha trajetória artística, e que retrata um capítulo muito importante da nossa história, mas pouquíssimo explorado na dramaturgia brasileira. HIV tem prevenção e tratamento e enquanto não falarmos sobre isso, a gente não vence o estigma e o preconceito em torno desse vírus", declarou Drummond.
Com estreia prevista até o final de 2024, a minissérie original conta ainda com Ícaro Silva e Bruna Linzmeyer no elenco. A trama é baseada na história real de um grupo de comissários de bordo responsável pelo esquema de transporte ilegal do medicamento para o Brasil. Interpretar o médico estadunidense desafiou Drummond: como as cenas dele se passam todas nos Estados Unidos e o personagem é norte-americano, os diálogos são todos em inglês.
Brokeback do Cerrado
Além da minissérie, Lucas vai levar diversidade às telas também com Apenas coisas boas. O diretor Daniel Nolasco, responsável por Vento seco (2020), agora aposta em um romance rural à la Brokeback Mountain (2005). Esse será o primeiro protagonista do ator em um longa-metragem. As filmagens, todas realizadas em Goiás, já foram uma experiência marcante para Lucas, nascido e criado no Rio de Janeiro.
"O filme retrata um universo completamente diferente do meu. Tive que aprender um monte de coisas. Pear vaca, tocar gado pro pasto, tirar leite, fazer queijo, montar, atirar, enfim! Foi o máximo! Poder interpretar personagens completamente diferentes de mim é o que mais me encanta nessa profissão. Tudo isso em um projeto que eu acredito, ao lado de pessoas extremamente talentosas e amorosas? É um luxo!", comemorou o ator, que também escreveu, protagonizou e produziu o aclamado filme Depois daquela festa (2019), que conta a história de um rapaz que vê o pai beijar outro homem em uma balada.
Nesta sexta-feira (28/6), depois de uma linda carreira em festivais, o curta Todos os prêmios que eu nunca te dei chega ao YouTube. O filme é o segundo roteiro de Lucas, escrito em parceria com Mel Carvalho, a mesma parceira de Depois daquela festa, e fala de um encontro inesperado entre dois jovens atores, no banheiro de uma premiação. Drummond está em cena com Matheus Campos.
Lucas também pode ser visto na série brasileira original HBO Max Todxs nós, de Vera Egito, Daniel Ribeiro e Heitor Dhalia, também com temática LGBTQIAPN+. Na produção, o ator contracena com os atores Kelner Mecedo e Felipe Frazão.
Artista realizador
No teatro, Lucas faz temporada com Órfãos até 1º de agosto no Teatro FAAP. Com direção de Fernando Philbert, produção do próprio Drummond e texto original de Lyle Kessler, a versão brasileira da peça norte-americana traz ainda Ernani Moraes e Rafael Queiroz no elenco. A peça garantiu a Ernani Moraes o Prêmio APTR de Melhor Ator Coadjuvante e a indicação de Lucas Drummond a Melhor Ator no mesmo prêmio. Ao todo, o espetáculo recebeu 17 indicações a prêmios.
Entre as filmagens do longa e a estreia da peça em São Paulo, Lucas rodou ainda o curta-metragem Nessa data querida, projeto dirigido por André Leão e escrito por Vitor Rocha, que também participa do elenco. Ator e produtor do projeto, Drummond encarou mais um desafio: a proposta musical do curta. "O tempo no cinema é diferente. O que no teatro teríamos dois meses de ensaio para aprender, como as coreografias, nós tivemos que preparar em duas semanas e filmar em uma. Sou um pouco viciado em adrenalina, então posso dizer que eu não só amei a experiência, como já quero mais!", defendeu.
Lucas Drummond ainda lançou, nesta semana, a segunda edição do workshop O artista realizador — Tire seu projeto do papel, em que oferece, de forma on-line, orientações sobre como se dá a autoprodução artística. "Se você quer tomar as rédeas da sua carreira, mas não tem ideia de por onde começar, esse curso é para você. Se já tem um projeto, mas não sabe como viabilizá-lo, também é para você. Se você se inscreveu projetos nas leis de incentivo/fiscais, mas nunca consegue captar, também é para você. Se voc~e rodou um curta e não sabe como monetizá-lo, também é para você", avisou.
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