Artes Visuais

4ª edição do BSB Plano das Artes reúne 56 espaços abertos à visitação

A nova edição do BSB Plano das Artes convida os brasilienses a visitarem os ateliês, galerias e espaços culturais da cidade para conhecer a produção artística local e seus autores. A última edição do Plano das Artes ocorreu em 2021 e reuniu 34 espaços.

Este ano, 56 espaços distribuídos por todo o DF participam do 4º BSB Plano das Artes -  (crédito: Fotos: Vinicius Maroli/Divulgação - Diego Bresani/Divulgação)
Este ano, 56 espaços distribuídos por todo o DF participam do 4º BSB Plano das Artes - (crédito: Fotos: Vinicius Maroli/Divulgação - Diego Bresani/Divulgação)

Com um total de 14 rotas atendidas por vans gratuitas e 56 espaços abertos à visitação, o 4º BSB Plano das Artes tem início com uma edição que convida o público a visitar ateliês de artistas e galerias da cidade durante os próximos 10 dias. A proposta é uma excelente forma de passear pela cidade e, ao mesmo tempo, conhecer os nomes e locais de trabalho daqueles que produzem arte na capital. "O Plano das artes é uma forma de conhecer a cidade pelas artes, e a cidade tem várias regiões administrativas que têm espaços que participam das rotas", diz Cinara Barbosa, idealizadora do projeto. 

A última edição do Plano das Artes ocorreu em 2021 e reuniu 34 espaços. Este ano, a organização do evento realizou uma convocatória para selecionar oito espaços  escolhidos para receber uma bolsa de ajuda para a montagem das exposições. Outros 10 foram selecionados para entrar nas rotas atendidas pelas vans. Os visitantes se reúnem no ponto de encontro, no Museu Nacional da República, e de lá seguem no transporte gratuito para os espaços acompanhados de um mediador para fornecer informações. 

Os ingressos estão disponíveis no Sympla e estavam esgotados no fim da semana, mas a organização anunciou que disponibilizaria mais alguns ao longo dos próximos dias. No total, 31 espaços estão incluídos nas rotas das vans que foram montadas de acordo com critérios regionais e temáticos para criar um fluxo de público. "Os convidados têm um critério relacionado a esse campo das artes, então são galerias, entendendo que as galerias são grandes incentivadoras do sistema das artes no sentido profissional, ou são espaços de ateliês que conjugam uma ordem de uma demanda de produção artística envolvendo grandes exposições ou ainda são de artistas que estão formando outros artistas", explica Cinara.

Aqui entraram espaços, como as galerias da cidade — Karla Osório, Referência, Cerrado, Index e outras — e ateliês de nomes como o Christus Nóbregas, Camila Soato, Helena Lopes e o ateliê volante da dupla Naine Terena e Gustavo Caboco Wapichana, que está temporariamente em Brasília depois de passar pelo Pavilhão do Brasil na 60ª Bienal de Veneza. O Centro Cultural TCU, na Asa Sul, é o único espaço institucional que participa do projeto.

Próprias rotas

O visitante pode ainda montar suas próprias rotas, sendo que, em alguns ateliês, é preciso agendar. Quem passar pelos locais, vai receber um mapa físico dos espaços. Este ano, outra novidade é um circuito de 11 espaços localizados no Setor Comercial Sul (SCS). "Nosso mapinha impresso tem um encarte do SCS, onde eu já vinha observando uma dinâmica. O SCS entra como essa ideia dos espaços de artes visuais e de economia criativa. Fizemos um mapeamento de cerca de 20 espaços, mas da edição estão participando 11 espaços entre ateliês, espaços de arquitetura, de design e até de tatuagem. Por isso, essa ideia da economia criativa", avisa Cinara. Os espaços do SCS vão receber o público nos dias 14 e 15. 

Também faz parte do Plano das Artes o projeto Ateliê Canto, locais de trabalho de artistas que funcionam nas próprias casas, integrados aos espaços íntimos, e não podem ser visitados. Para esses, foram criados minidocumentários disponíveis no canal do projeto no YouTube. Entraram nessa categoria os ateliês dos artistas Gê Orthof, Josiane Dias, Maria Porto e Pedro Gandra.

Os outros 38 espaços fazem parte do que os organizadores chamam de rota espontânea, com ateliês, principalmente, que disponibilizaram horários e dias específicos durante os quais ficam abertos ao público. 

Cada galeria e espaço que faz parte das rotas conta com a presença de atendentes, pessoas que vão fazer a ponte entre o público e os artistas ou galeristas. A novidade desta edição é o curso criado para a formação dos atendentes."A gente quis dar esse enfoque no curso de atendentes culturais imaginando que eles vão ser pessoas que tratam das questões de relacionamento entre o espaço e o público e que vão operacionalizar relações que podem ser comerciais ou para organização de programação dos espaços", explica Cinara. 

  • Este ano, 56 espaços distribuídos por todo o DF participam do 4º BSB Plano das Artes
    Este ano, 56 espaços distribuídos por todo o DF participam do 4º BSB Plano das Artes Fotos: Vinicius Maroli/Divulgação - Diego Bresani/Divulgação
  • 4º BSB Plano das Artes, projeto que leva público brasiliense para visitar ateliês de artistas, galerias e espaços culturais
    4º BSB Plano das Artes, projeto que leva público brasiliense para visitar ateliês de artistas, galerias e espaços culturais Diego Bresani
  • Estreitar a relação entre artista e público é um dos objetivos do projeto
    Estreitar a relação entre artista e público é um dos objetivos do projeto Diego Bresani

Fomento e aproximação

A artista Valéria Pena-Costa encara o BSB Plano das Artes como um projeto indispensável na cena cultural brasiliense. É uma oportunidade, segundo ela, de dar visibilidade e fomentar as redes de apoio e colaboração artística. "É uma forma de ampliar um público apreciador de arte", diz a artista, uma das criadoras da Feira do Fuga, que nasceu na primeira edição do circuito, justamente com a intenção de incluir artistas que não estavam nas rotas de visitação. "Surgiu como um bazar de arte e vem crescendo e se fortalecendo a cada evento. Já estamos no 11º. Acredito no poder da força coletiva", diz Valéria. 

Para Christus Nóbrega, cujo ateliê faz parte das rotas, o projeto também é importante para a profissionalização do setor. Ele participou de todas as edições e encara cada uma delas como uma oportunidade muito particular para apresentar a própria pesquisa artística, trocar experiências e colaborar com outros profissionais da área. "Receber as pessoas em meu ateliê é um grande prazer, pois acabo tendo a possibilidade de uma interação direta com o público, em um diálogo mais íntimo sobre o processo criativo e seus bastidores. Esse contato é fundamental para criar conexões genuínas e inspiradoras, além de promover uma maior valorização da arte local", diz Christus. A iniciativa, ele lembra, ajuda a valorizar e dinamizar os espaços autônomos de arte cruciais para o desenvolvimento cultural da  cidade.

Esta é a segunda edição do BSB Plano das Artes da qual o artista Pedro Gandra participa. Na primeira, ele recebeu o projeto no próprio espaço de trabalho para gravar um depoimento para o Ateliê de Canto, que fica disponível no canal do YouTube do projeto. Agora, ele participa como curador de uma das exposições em cartaz na galeria deCurators, que faz parte das rotas. "O projeto é uma iniciativa de grande importância por apresentar espaços de arte como parte de um sistema que depende de diversos agentes para se estabelecer. Ele incentiva a formação de público e aproxima esses agentes do público, o que é fundamental para todos do meio", diz Gandra.  

Para João Angelini, fundador da Pé Vermelho — Espaço Contemporâneo, além de levar para o público iniciativas que podem ser desconhecidas, o Plano das Artes aproxima os artistas e outros agentes culturais. "Isso faz com que uma rede se estabeleça. Os gestores e as pessoas que promovem a iniciativa acabam se conhecendo uns aos outros, então é legal porque promove uma aproximação de várias iniciativas diferentes entre ateliês, espaços expositivos, galerias, prestadores de serviço em arte e espaços coletivos de formação. Acho que é uma das coisas mais legais que se têm feito em Brasília nos últimos anos", diz. (NM)

 


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postado em 09/06/2024 05:00
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