Estreia

A força de uma sobrevivente, no quinto 'Mad Max'

Quinto filme da franquia do visionário diretor George Miller, 'Furiosa: Uma saga Mad Max' traz mais uma desesperada jornada deserto adentro

Uma franquia iniciada antes mesmo dos anos de 1980,  que ganhou tantos desdobramentos, a ponto de, depois do último filme, exibido em 2015, ter rendido US$ 370 milhões,  exigiu que o consagrado diretor George Miller, jocosamente, saísse da "aposentadoria", já bem perto dos 80 anos de idade. Furiosa: Uma saga Mad Max  conta uma etapa prévia da vida da enraivecida personagem de Charlize Theron, em longa indicado a 10 prêmios Oscar (e vencedor em categorias, como desenho de produção, maquiagem e som). A absoluta derrocada no estilo de vida aterroriza a humanidade, imersa em crueldade e no cotidiano de viver apenas "meias" existências.

Aos 28 anos, a atriz Anya Taylor-Joy (da série O gambito da rainha) admitiu que, com a franquia, topou com seu "papel mais sujo e mais sangrento". Ao The New York Times, ela comentou que buscava concentração, na tela, "in extremis", a fim de lucrar completo crescimento profissional. Contou ainda que, antes da recente exibição do longa no Festival de Cannes, chorou, mesmo em frente à obra incompleta e carente dos impactantes efeitos visuais. Ao lado do colega Chris Hemsworth (no papel do perturbado Dementus), Anya, com graxa no rosto e sangue no olho, se atreveu em impensáveis acrobacias. "Somos animais, e chega um ponto em que alguém simplesmente explode", pontuou em termo da personagem levada a limites num terra inóspita, a exemplo da qual esteve em Duna: Parte 2. Na infância, a personagem Furiosa ganha interpretação de Alyla Browne.

Cheios de ímpetos, há personagens em Furiosa que destroçam nacos de carne de cavalo, veem seres humanos como propriedade, entre homens, e implantam desavenças, num ambiente, por si, pesado e povoado port tipos insanos. Em dada altura, Dementus detecta coordenadas de sua existência e a de Furiosa: "Somos dois miseráveis, cruéis". Entre cuidados extremos com a escassez da água, o poder da gasolina como mola econômica e a soberania dos enraivecidos motociclistas, Furiosa recebe lições do deserto, enquanto, sequestrada, tenta esconder a localização do reinado de abundância em que vivia (o Vale Verde).

Nick Lathouris, corroteirista junto com George Miller (como em Mad Max: Estrada da fúria, 2015), uma trama de clima mágico, potente em violência, e que se espraia, em raros momentos, na sororidade. Na ópera visual, que se apoia na trilha do holandês Tom Holkenborg (de Godzilla e Kong, além de Sonic), pesa a ideia de uma mitologia, em que Furiosa se nutre da "força do ódio" e não de algo "que derive da esperança". O testemunho de seres kamikazes, entre alaranjadas tempestades de areia, também intriga, numa espécie de partida de xadrez na qual humanos disputam o posto de melhor, com a mera finalidade de subsistir.

Entre fortalezas, como a da Vila Gasolina, seres humanos, bestializados, exibem força, numa sucessão de brigas mecanizadas. Numa tela de amplitude indescritível, desfilam personagens agrupados na Cidadela, governada pelo bizarro Immortal Joe (Lachy Hulme), cercado pelos esquisitos filhos Rictus (Nathan Jones) e Scrotus (Josh Helman). A revista Variety explorou alguns números para contar dos bastidores da aventura que exigiu a energia de 1300 profissionais na criação da obra de Miller. Dessa vez, descolada dos bastidores de duelos entre o astro Tom Hardy e a estrela Charlize Theron (presentes na fita de 2015), a nova ação demandou personagens lacônicos, em intensas cenas rodadas na Austrália, e que trouxeram pedidos específicos de George Miller para a estrela de Noite passada em Soho, Anya: "Boca fechada; quero que fale com os olhos".

 

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