Cinema

Cineasta iraniano com filme em Cannes deixa Irã após condenação

Mohammad Rasoulof publicou nas redes sociais que deixou o Irã e participará do Festival de Cannes, que começa nesta terça-feira (14/5)

O cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, cujo filme mais recente será exibido no Festival de Cannes, anunciou em sua conta no Instagram que deixou o Irã, após ter sido condenado na última quarta-feira (8/5) a uma pena de cinco anos de prisão em seu país.

"Agradeço aos meus amigos, conhecidos e pessoas que me ajudaram, às vezes arriscando suas vidas, a cruzar a fronteira e me colocarem em segurança", declarou o diretor no texto, que foi acompanhado por um vídeo que mostra montanhas cobertas de neve.

"Confirmo que Mohammad Rasoulof deixou o Irã e participará do Festival de Cannes", afirmou à AFP seu advogado, Babk Paknia. Seu novo filme, The seed of the sacred fig, foi selecionado pelo famoso festival no sul da frança, que tem início na terça-feira (14/5).

"Devo terminar rapidamente os últimos ajustes da pós-produção", disse Rasoulof na publicação no Instagram. Na última quarta-feira, o premiado cineasta foi condenado a cinco anos de prisão por "conluio contra a segurança nacional". O diretor, 51 anos, foi detido em julho de 2022 por apoiar os protestos que eclodiram no Irã após o desabamento de um prédio no sudoeste do país, que deixou mais de 40 mortos.

Naquela ocasião, um grupo de cineastas iranianos reunidos por Rasoulof pediu, em uma carta aberta, que as forças de segurança "deponham as armas" diante da indignação popular contra "a corrupção" e "a incompetência" dos líderes. Em janeiro de 2023, ele foi libertado provisoriamente por questões de saúde, mas proibido de deixar o Irã.

Em 2017, o diretor iraniano ganhou o prêmio na seção paralela Un Certain Regard, de Cannes, com Lerd (A Man of Integrity) (2017), a história de um homem de vida simples que tenta lutar contra as manobras desonestas de uma empresa privada que pressiona as pessoas a venderem seus bens. Ele também venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim com seu filme Não há mal algum, que reflete sobre o livre arbítrio e a necessidade da desobediência.

Rasoulof foi convidado como jurado para Cannes em 2023, mas não pôde comparecer.

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