Cultura

Escritor Wélcio Toledo lança livro de poesia nesta terça (7/5)

O livro foi criado em formato de rapsódia de uma ópera rock, uma peça musical com várias variações temáticas e rítmicas, e será lançado no Beirute Sul

O escritor Wélcio Toledo lança hoje Depois de vinte e dois: rapsódia brasilis em três atos, no bar e restaurante Beirute, na 109 Sul, a partir das 19h. O livro de poesia tem forma de rapsódia e retrata a relação do autor com Brasília, cidade em que nasceu. "Não tem como falar de outras coisas sem estar sobre o peso dessa cidade, né? Sobre o céu, sobre o concreto da cidade, sobre o cerrado pulsante", diz.

Esse é o sexto livro do escritor e traz uma 'pegada modernista' que faz referência aos 100 anos da Semana da Arte Moderna de 1922. "Esse livro foi construído com muita paciência, porque agora eu não estou com tanta pressa. Eu acho que a idade traz isso. Eu quero escrever só aquilo mesmo que me interessa, que tem a ver comigo", conta.

A obra foi criada entre 2020 e 2021, em uma temporada de viagem de oito meses à Bahia, na Praia de Algodões, na Península de Maraú. Assim, enquanto contemplava o mar, o autor escreveu sobre a relação entre sertão e mar, cerrado e a praia, e como o ser humano lida com ambos. "O livro foi feito nesse período da pandemia, em que a gente passou por um pesado governo autoritário, de fascismo, de perseguição às artes, à educação, de perseguição à inteligência", conta. "Em 2022, a gente consegue respirar de novo e sair desse período obscuro. Então, por isso eu dei esse nome Depois de 22".

O livro foi criado em formato de rapsódia de uma ópera rock, uma peça musical com várias variações temáticas e rítmicas, e conta com três atos. O primeiro ato, Mar de dentro, retrata o período do autor na Bahia. "O que diz muito né? Sobre o começo de tudo. Eu fiz essa discussão poética sobre chegada, sobre como a gente se vê também na nossa origem, na nossa independência", explica. O segundo, Por dentro do centro, reflete o mundo atual, Brasília e a relação do cerrado com a cidade, com o concreto e a política. O terceiro momento, Mundo afora, fala sobre o que há de vir, o que virá depois de vinte e dois. "Eu falo daqui pra diante, o que que a gente espera, né? São alguns estilhaços que eu lanço, mostrando mais ou menos o que eu espero que seja, como eu tô vejo que pode ser o nosso mundo depois de 2022".

A relação entre Wélcio de Toledo e a escrita vem desde 1980. "Desde jovem estive em contato com o rock, por conta do pessoal de bandas. Eu não tocava nenhum instrumento, gostava mesmo era de escrever. Então escrevia e os colegas faziam músicas desses poemas. Eu nunca achei que serviam como letra, já eram poemas", relata. Wélcio diz que sempre usou tudo que Brasília lhe proporcionava para se inspirar a escrever, como festivais de cinema, Cine Brasília, cultura inglesa, exposições de arte gratuitas, festivais de rock, no gramado da Esplanada. "Tudo isso foi me ajudando a me fazer como escritor, que eu sempre soube que ia muito pro lado dessa questão da escrita, porque eu não tenho muita essa questão prática, de tocar um instrumento, pintar um quadro, então prefiro escrever, contemplar, refletir", finaliza.

*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel

 


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