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C6 fest 2024 dá partida com dia de músicos virtuosos

O festival que investe em talentos de nicho e artistas internacionais estreantes no Brasil abriu os trabalhos com a capital representada

O festival que investe em talentos de nicho e artistas internacionais estreantes no Brasil abriu os trabalhos com a capital representada -  (crédito: C6 Fest/Divulgação)
O festival que investe em talentos de nicho e artistas internacionais estreantes no Brasil abriu os trabalhos com a capital representada - (crédito: C6 Fest/Divulgação)

São Paulo - Na era dos shows de estádio e dos grandes festivais com centenas de milhares de pessoas, um evento emerge com uma ideia adormecida de exaltar quem está fazendo sucesso dentro das bolhas da música. Artistas sofiaticados, sucessos de décadas passadas e jovens que vem encontrando o lugar do mundo de forma distinta ganham espaço no C6 fest, festival que teve início nesta sexta-feira (17/5) no auditório do Ibirapuera, em São Paulo.

O evento, que está na segunda edição, toma as tardes e noites paulistas com três espaços diferentes durante este final de semana. Artistas dos mais diversos gêneros e das mais distantes gerações dividem os olhares de um público atento para o que está despontando na música nacional internacional, além de uma reconexão com um passado não tão distante.

Os shows

Os responsáveis por abrir o festival foram Daniel Santiago e Pedro Martins. Respectivamente com violão e guitarra, a dupla brasiliense misturou a rica musica brasileira com traços do jazz e rock clássicos que os fizeram reconhecidos internacionalmente. O resultado foi um show contido, mas com toda magnitude do domínio dos instrumentos. Os dois que são crias de palcos como Clube do Choro, se conheceram no Rio de Janeiro e mostraram porque são músicos do mundo.

A apresentação dedicada ao produtor Zé Nogueira, conhecido pelos discos do Boca Livre, trouxe referências que vinham de Tom Jobim e passavam por Dorival Caymmi até chegar ao Clube da Esquina. “Somos quase agentes infiltrados na música instrumental. Fazemos isso, mas gostamos mesmo de rock e musica popular”, brinca Daniel Santiago em entremeio às músicas.

Antes do C6 assumir um espaço no calendário nacional de festivais, as cabeças por trás dessa ideia fizeram outros eventos similares. O primeiro foi o seminal Free Jazz, festival que teve edição entre 1985 e 2001. Na época grandes nomes como Chet Baker, Ray Charles, Phillip Glass, Kenny G e Little Richard se apresentaram nas edições. A essência desse evnto foi representada na primeira noite pelo lendário Charles Lloyd, saxofonista e flautista histórico que já acompanhou nomes como Booker Little e B.B. King, e dessa vez formou um quarteto em um retorno aos palcos brasileiros.

A apresentação teve a alma dos clubes de jazz. Com a improvisação latente. Lloyd era central, mas a afiada e habilidosa banda dividia com louvor o holofote. Os solos de contrabaixo, bateria e piano tiravam tanto o fôlego do público quanto a destreza do músico principal ao assumir os instrumentos de sopro. Com uma calma peculiar á experiência de um artista de 86 anos, Lloyd exaltou muito mais o jazz do que a si mesmo e mostrou porque é relevante para gênero até a atualidade.

O frescor da juventude tomou conta do auditório em seguida. A maestrina sul coreana Jihye Lee trouxe uma orquestra formada por instrumentos de sopro, sendo eles majoritariamente metais; contrabaixo, bateria, guitarra e piano. A artista, que lançou o disco de estreia em 2017, abraçou com coragem a responsabilidade de se apresentar após uma lenda e elevou a energia da sala

“Em todo o mundo pessoas vivem situações de tristeza, mas quando há música nós podemos transcender para a felicidade”, afirma a maestrina que em arranjos arrojados surpreendeu o público presente que acompanhara até então nomes mais conhecidos no cenário nacional da música. Estreante no Brasil, Jihye Lee fez um pouco de tudo, chegou até a soltar a voz, e entregou uma apresentação à altura do evento. Um show com ar de novidade.

Encerrando a noite, o guitarrista dinamarquês Jakob Bro apresentou o ato Uma Elmo, no que foi o show mais experimental do dia. Descalço, ele se conectou com o palco em um baile de improvisações com um trio formado por ele, um baterista e um trompetista que pareciam se desprender do terreno comum da música em uma mistura de jazz, psicodelia e ancestralidade.

O músico que vem de berço das Big Bands de jazz, uma vez que o pai regia uma, encontrou a liberdade artística ao se apaixonar pela musica de Jimi Hendrix e investir na guitarra. A apresentação no C6 foi uma demonstração da potência do trabalho que tem apresentado no mundo inteiro. Em uma hora praticamente ininterrupta de sons é experimentações, Bro criou uma atmosfera e fechou com uma estranha chave de ouro o primeiro dia da segunda edição do festival paulista.

 

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postado em 18/05/2024 01:09 / atualizado em 18/05/2024 01:12
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