Foi com o misto de surpresa e emoção, que a cantora Miranda Kassin deixou a sala de cinema, com a sessão de Back to black, uma cinebiografia, recém-posta em cartaz, de Amy Winehouse. Costumeiramente, a produção musical de Amy integra o repertório de Miranda. "Trago minha paixão por ela e pela obra. Foi amor à primeira vista. Abracei o desafio de interpretar uma das maiores cantoras que esse planeta já conheceu", avalia.
Parte da expectativa de ver cenas dos bastidores de estúdio, entrevistas com pessoas próximas a Amy e imagens de arquivos inéditos — mais corriqueiros em documentários —, mesmo na ficção estrelada por Marisa Abela, foram supridas, na avaliação de Miranda. "Achei a direção (feita por Sam Taylor-Johnson) impecável. Os atores (entre os quais Jack O´Connell, Leslie Manville e Eddie Marsan) são o que há de melhor no filme", analisa.
Ponto sensível na avaliação de Miranda — esmiuçar os desafios pessoais que Amy enfrentou durante o período do álbum Back to black — incluindo lutas contra vícios e relacionamentos conturbados — se efetivaram na tela. "O filme retrata momentos duros da vida da Amy, mas achei muito bem roteirizado e com um olhar sensível e cinematográfico", observa. Na identificação com Amy, Miranda entrevê a alma antiquada e a paixão pela soul music. Na fita, a cantora gostou de perceber a celebração do talento incrível de Amy e seu impacto duradouro na música. "Nota-se a coragem de expor questões altamente sentimentais e ainda a coragem da narrativa feminina. O grande legado dela foi a popularização da soul music", aponta Miranda Kassin.
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Fã, desde sempre
Ainda que muito jovem, quando da morte de Amy Winehouse, há quase 13 anos, a estudante de medicina Victória Bernardes, 25, nunca deixou de notar a singularidade da cantora, sempre lembrada por ela pelo primor da interpretação de Valerie. "Sempre notei a impressão causada pela voz e ainda era impossível não perceber a potência dela. O filme aprofundou o foco nos problemas com o ex-marido dela, Blake Fielder (papel de Jack O'Connell). Foi até mesmo o ponto central, isso, na medida de deixar até mesmo pontas soltas no enredo", opina Victória.
Outro elemento que, na opinião da estudante, foi vital para a trama veio com a ênfase dada ao pai da cantora. "O filme trata da carreira da e história, e sublinha questões associadas à degradação, com uso de álcool e drogas. Acho que, por fim, o filme acrescenta para os fãs. Traz situações e dados que têm validade para que o espectador tire suas conclusões", pontua.
O que elas disseram....
Bell Lins, cantora: "Faltava esta cinebiografia. Ela é uma artista tão emblemática. Com o filme, espero, para além da música e da tragédia, ver a garota feliz que ela se mostrava, divertida, no início da carreira. Com autoconfiança passada na música. Ela defendia bem suas ideias, de forma muito leve, antes das escolhas que ela mesma fez e que mudaram essa fase animada. Como ela, tenho apego ao jazz, e ela trazia essas referências. Adoro sua honestidade e sensibilidade na hora de escrever músicas e de interpretar. Um repertório difícil de cantar até porque ela tem interpretações muito fantásticas, mas cresci ouvindo as músicas dela, então trato com naturalidade. Prefiro me lembrar dela genial. Ela sofreu muito com problemas que a gente vê hoje na nossa própria geração, com a dependência emocional, os vícios, a baixa autoestima, depressão e ansiedade — tudo coisas das quais precisamos conversar"
Indiana Nomma, cantora: "Desde que conheci o trabalho da Amy, me surpreendi com o timbre diferenciado e escuro da voz dela. A soul music e o blues que ela carregava remetem a divas como Sharon Jones e Aretha Franklin. Ela chegou como um respiro, quando vozes agudas estavam em alta. A canção Tears dry on their own entrou imediatamente no meu repertório, pois Amy havia gravado uma nova melodia e letra sobre a base original da canção Ain´t no mountain high enough, de Marvin Gaye. Isso me fascinou. A malemolência de seu cantar era único, difícil de imitar. Acompanhei a derrota dela diante a vida, um lamento difícil de engolir. Com o filme, a torcida é ampla para que seu legado não se apague"
Naináua Sousa, cantora: "Espero que, com o filme, consigam responder o porquê dos bons morrem cedo. Amy era um ícone, que morreu aos 27 anos, como a Janis Joplin. Nas contribuições musicais, ela englobou a música negra trazendo, jazz e o R&B para o pop. Nas melodias vinham elementos de música refinada de nobre. Na existência dele, pesaram muitas reflexões. Houve invasão da vida privada, e ela enfrentou problemas de abuso psicológico. Espero denúncias no filme. É comum na vida dos artistas o abuso de drogas, para viverem esse corpo compreendido e essa história não bem finalizada para a sociedade. Espero ver desfeita a visão algo caricata daquele estereótipo do cabelo, do batomzão e da maquiagem rebocada. Quero vê-la para além disso"
Erick Gabriel da Rocha Lima, estudante de letras e fã: "Desde a infância, me recordo de ver clipes dela na MTV, lembro dela aparecendo na televisão pelas coisas absurdas que fazia. como virar noites e noites, usando drogas, na rua, com pessoas desconhecidas. Mas lembro mais da doçura da Amy que sempre sobressai. Se você está mal, e você a coloca para ouvir, é como se ela limpasse todos os problemas e os tornassem nada. Espero uma experiência bem imersiva no cinema. Creio que mostrarão como ela chegou aos tabloides, e como ela foi retratada na imprensa. Espero ver como ela saiu daquela visão de menina de Londres para ser uma das maiores estrelas da música. Devem trazer as experiências que teve com bebidas e drogas; nisso será bem triste. A questão da morte deverá ter alguma crítica social, como alerta mesmo. Há momentos inesquecíveis para fã: quando ela ganhou o Grammy de canção do ano, em 2006"
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