Desenvolta num vestido azul, a estrela Zendaya traz o brilho de um ícone fashionista para o papel da tenista prodígio Tashi Duncan, nas cenas mais empolgantes do novo longa assinado pelo cineasta Luca Guadagnino. Inicialmente, ela não decola nas sequências de tênis, dentro das quadras, ainda que tenha sido assessorada pelos profissionais dos esportes Eric Taino e Brad Gilbert. No filme, Tashi, a personagem, treina o marido, que sofre uma sequência de derrotas. As tensões afloram e assumem um rumo inesperado quando o marido enfrenta um antigo amigo nas quadras. O detalhe de o amigo do marido ter sido pretendente de Tashi torna a trama intrincada, provocando o choque dramático entre passado e presente. O preço da vitória será caro.
Com alta carga de erotismo, Rivais é estrelado pelos dois oponentes, ligados às quadras e à conquista da independente personagem: Patrick Zweig (Josh O´Connor, o Príncipe Charles de The crown) e Art Donaldson (Mike Faist, visto como Riff, em Amor, sublime amor). Um passado em comum, com aproximação estreita entre Art e Zweig, desde os 12 anos, torna tudo bem delicado. O cineasta Luca Guadagnino, vale a lembrança, foi muito celebrado por filmes como Até os ossos e Me chame pelo seu nome.
Agitada e concentrada, a cada cena, além de elegante, em figurinos criados pelo estilista Jonathan Anderson, Zendaya destacou, em recente entrevista a Vogue, elementos que criam o clima do cinema de Guadagnino. "Vem dos olhares, junto com a tensão. Sinto que Luca cria esse ambiente visceral", comentou. Escalado pela também produtora (além de atriz) Zendaya, Guadagnino destacou, em e-mail (à época da pré-produção), sempre ter admirado, a atriz. Closes sensuais, suor e música diferenciada integram as cenas iniciais do longa disposto em campeonato nas quadras de New Rochelle (Nova York).
Cheia de respostas atravessadas, Tashi é projetada já como a determinada esposa de Donaldson. Noutro extremo, incapaz de pagar vaga em simplório hotelzinho, Zweig aparece como o devastado sonhador, que, na véspera de torneio, dorme no carro, a fim de economizar. Com a capacidade de promover a instabilidade ao redor dele, Donaldson é um jogador com quê decadente. Sentada, com o público da partida de tênis, Tashi gera aquele auê que Zendaya causa entre fãs. E, sim, o filme abriga generosos beijos. À revista Variety, ela falou sobre a responsabilidade e o peso das cenas de romance. "Não sei se (tanto me perguntam de beijos), por quererem que seja, algo viral. Mas percebi isso, especificamente comigo (...) Mas, sim, faz parte do meu trabalho e é uma parte completamente normal do set, mesmo com outra percepção de pessoas. Acho estranho", comentou.
Dividido em temporadas (de escalada profissional) de cada personagem, Rivais se debruça sobre tormentos emocionais por trás das competições. Há um momento em que o personagem Zeig sela o destino de Donaldson: "Ele está pronto para morrer". Muito se fala de amor e de tênis, no filme, e ainda assim, mesmo com muita digressão cronológica (muito precisa), o diretor Luca Guadagnino tempera todo o enredo com quentura e breves escapadelas na fidelidade de relações. Em determinado momento, mesmo Tashi se flagra de ser uma "destruidora de lares". Cheio de energia e dor, Rivais trata de fracassos e cumplicidade, encampando muitos momentos decisivos — muitos deles, absolutamente saborosos para os espectadores.
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