A mostra cinematográfica Borders of the world (bordas do mundo, em tradução livre) é uma exibição de seis curta-metragens brasileiros idealizada pela produtora Bethania Maia. Entre a seleção de meia dúzia de conteúdos brasileiros, dois dos filmes são brasilienses. A sessão ocorrerá em Los Angeles (EUA) nesta sexta-feira (19/4).
Bethania atua como produtora, curadora, programadora, jurada de mostras e festivais, e é fundadora da Vaporosa Cultural, uma produtora audiovisual focada em narrativas afro-diaspóricas latino-americanas. Selecionada para participar da delegação do programa Getting Real Fellowship, organizado pela International Documentary Association, em Los Angeles, decidiu estender sua estadia para realizar a mostra brasileira.
Com ajuda do apoio financeiro do consulado brasileiro, a ideia da produtora se tornou viável. “Sempre que converso com pessoas dos Estados Unidos, noto que ainda existe um imaginário muito específico de cinema do Brasil e de territórios brasileiros. Falo que sou da capital do país, Brasília, e eles perguntam se a capital não é São Paulo ou Rio de Janeiro. Meu objetivo é falar sobre outros territórios que não o centro, e a mostra dialoga com isso”, conta.
Ela pontua que Borders of the world é um projeto em andamento que tem como propósito levar e expandir o alcance de filmes realizados por pessoas periféricas ou feitos em lugares periféricos para outros países. Assim, os estrangeiros passam a conhecer o Brasil real e do povo, que não é frequentemente retratado na mídia.
“A sessão dialoga com as bordas do mundo. É uma brincadeira com relação à palavra em inglês ‘Borders’, que são fronteiras, lugares que estão o mais longe possível do centro. Para mim, o significado é além do geográfico. Tem a ver também com não sermos o centro do mundo. Não somos corpos hegemônicos. O mundo não é pensado para as pessoas periféricas, LGBTs, negras, mulheres cis e trans, para nenhuma outra corporeidade que não seja as hegemônicas”, ressalta Bethania.
Seguindo este pensamento, ela selecionou filmes que passam a ideia da visibilidade do Brasil como um todo e que não retratem somente a violência e a dor. Os curtas escolhidos foram Afronte (Bruno Victor e Marcus Azevedo), Looping (Maick Hander), Alexandrina — um relâmpago (Keila Sankofa), Mutirão (Lincoln Péricles), A festa e os cães (Leonardo Mouramateus) e Estrela da tarde (Francisco Rio).
As produções brasilienses são Afronte, vencedor do prêmio Saruê pela equipe do Correio Braziliense, e Estrela da tarde, ganhador de menção honrosa na Mostra Brasília. “Afronte retrata a delícia de ser um corpo queer, negro e periférico. Estrela da tarde transita pelo Gama e resgata questões da cultura popular. São filmes inovadores que me chocaram de alguma forma no momento que eu os assisti. Me dá muita vontade de ver como um público internacional recebe questões que são, a meu ver, muito brasileiras e desenham um novo Brasil”, declara.
A escolha do espaço da exibição, o Black Image Center, foi destaque para promover o diálogo com a população negra dos Estados Unidos e incentivar a troca de ideias sobre a produção artística de diferentes lugares. “Também vem de um desejo de conexão com pessoas que estão produzindo obras que são interessantes para a pesquisa que eu desenvolvo dentro do audiovisual”, complementa.
Após a sessão, Bethania guiará uma conversa sobre os conteúdos assistidos com a população local. No futuro, a produtora planeja levar a mostra para Portugal e Alemanha.
Serviço
Borders of the world
Mostra de curta-metragens brasileiros no Black Image Center (3209 La Cienega Ave, Culver City, CA 90232), em Los Angeles, sexta-feira (19/4), a partir das 19h30. Entrada gratuita.
*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco
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