De fartos memes na internet até a absoluta liderança nas listas de pedidos do videokê, a música Evidências, composta há quase 35 anos por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, desemboca em mais uma embalagem, com amplo potencial de estouro: ela mobiliza todo o enredo da comédia romântica Evidências do amor, estreia de hoje. Com absoluta ligação à carreira da dupla Chitãozinho & Xororó, a música comanda a vida da personagem vivida pela cantora Sandy Leah, Laura, dada como "o Beatle que desistiu", já que renuncia a tudo pela dedicação ao chamado de ser médica.
Numa espécie de multiverso do amor, ligado ao simpático personagem Marco Antônio (Fabio Porchat), Laura ainda dá muitas cartadas, no filme conduzido por Pedro Antonio. "Ele é um diretor inquieto, está sempre querendo pensar uma camada a mais para o filme — uma cena nunca é apenas uma cena. É raro você ter um diretor preocupado verdadeiramente com takes e que é ainda diretor de ator, sempre atento a pedir para segurar um pouco (a interpretação) e apertar em determinado ponto. Foi a primeira vez que trabalhamos juntos, e é a primeira de muitas", comenta o humorista, sobre o mesmo diretor de Tô Ryca!.
Enquanto o personagem Marco destaca defeitos de Laura, sempre desperdiçando "energia no que não é importante", ele gradativamente se vê numa situação de abandono e também pressionado no ambiente de trabalho. Até enterrar todo o sentimento, ele surta — ao lado da confidente Julia (Evelyn Castro). Na vida real, o termômetro de mudanças masculinas é positivo: "Sinto que os héteros falam, agora, muito mais sobre sentimentos, sobre aquilo que lhes doí. Têm ainda aprendido a perceber na mulher uma companheira, muito mais do que antes, não só, sexualmente, falando".
Enquanto o hino Evidências reverbera em todos os estilos e versões na telona, indo de lugares como churrascaria até animado forró, passando ainda pelo protagonismo em apresentações de power point, as mudanças no curso do amor e no trato dos personagens reforçam toda uma gama de transformações. "Temos (os homens atuais) a percepção de que aquela mulher hétero de antigamente não é mais a mesma: têm as vontades dela, que talvez estivessem lá e não fossem enxergadas — ou elas as suprimissem. Mas a verdade é que tudo mudou: os homens mudaram, as mulheres mudaram, tá todo mundo mudando. Então, um filme de amor, no qual o homem percebe que tá errado?! — acho que temos avanços bastante grandes", finaliza Porchat.