Por Bianca Lucca*
Encenado pelo grupo Mamulengo Lengo Tengo, a peça O Saci Pererê nas Terras Encantadas do Cerrado circulou por escolas de todo o DF desde dezembro de 2023, e, agora, chega ao YouTube. Ambientado em cenários regionais exuberantes e personagens lendários do Cerrado, a peça mostra a liderança do Saci Pererê, que conduz o público por uma jornada perigosa ao lutar pela proteção dos territórios mágicos do bioma ante as crescentes ameaças da sociedade moderna.
As aventuras do Saci é a terceira peça da companhia Mamulengo, nomeada para representar o típico fantoche nordestino usado por eles. O grupo surgiu da inspiração do diretor, dramaturgo e bonequeiro Thales Gomes de fazer um brinquedo que trouxesse representatividade da sociobiodiversidade do Cerrado e seus desafios no mundo atual.
O produtor e músico Igu Malagueta destaca que, a partir dessa ideia, a visibilidade para povos indígenas e quilombolas pode ser materializada: "Ter uma brincadeira que fale sobre o Cerrado e contextualize sobre sua devastação demonstra a importância das populações tradicionais para preservação. Decidimos escrever esse projeto para o Fundo de Apoio à Cultura, do qual obtivemos nota e respaldo de mérito cultural para torná-lo possível."
Igu alega que o Teatro de Mamulengo vem com a intenção de ser uma brincadeira popular, mas sempre traz tensões narrativas e satirizações. "A partir desse enredo, pretendemos atingir o público sobre temas importantes para nós aqui do Cerrado e difundir nossa cultura popular. Trazer foco para a preservação e a importância de ter o Cerrado de pé, o maior berço das águas do Brasil e da América Latina."
Por meio da peça, o grupo tenta propagar a conscientização ambiental sobre o Cerrado e a importância de seus povos resguardados com suas terras demarcadas. O tema sociobiodiversidade abrange também a parte social por ressaltar que o motivo de ainda existirem florestas em pé é porque os povos tradicionais zelam pelas matas.
A adição do material ao meio virtual contribui para a democratização do acesso à cultura e informação: "Incluímos tradução em libras e legendas para trazer mais inclusão e acessibilidade e esse material chegar a mais pessoas. A gratuidade da peça abre a possibilidade de ser exibida e usada em escolas públicas, ou assistida em casa com as crianças" reflete Igu.
O músico conta que a peça foi muito bem recebida nas escolas públicas do Distrito Federal, com aclamação dos alunos de diversas faixas etárias. Além da peça em si, há planos para atividades educativas e interativas relacionadas à temática do Cerrado e da preservação ambiental.
Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco*