Na exibição original, em 1993, a novela Renascer apresentou personagens marcantes que colocaram holofotes sobre seus intérpretes, muitos deles sendo revelados em horário nobre. É o caso da professora Lu, que lançou a atriz Leila Lopes (1959-2009) ao estrelato. Quando o remake da obra foi anunciado, ainda em 2023, houve muita especulação sobre qual artista seria escalada para defender o papel. E o suspense durou até uma semana antes da estreia, em janeiro deste ano, quando finalmente foi divulgado o nome de Eli Ferreira.
Com o anúncio a toque de caixa, a preparação para o papel foi curtíssima e Eli teve que correr contra o tempo. "Inicialmente, li todas as cenas dos capítulos disponibilizadas em que a personagem estava envolvida. Paralelamente a isso, já contatei algumas amigas professoras, li sobre educação do campo, como é vista, do que se trata e sua importância, principalmente nesses lugares mais distantes das capitais, como cidades do interior. E tive aulas de prosódia para entender melhor sobre o sotaque soteropolitano. Foi e tem sido um mergulho muito gostoso nesse sentido", afirmou a atriz, que admite ter uma relação bem próxima com Salvador e já passou longos períodos na Bahia, além de ter amigos baianos. O namorado — o capoeirista Ajaye Damasceno — também é da terra do cacau.
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Leila Lopes
Assim como a gaúcha Leila Lopes, Elidiane Ferreira, mais conhecida como Eli, não está estreando em Renascer. Anteriormente, a filha ilustre da Baixada Fluminense — que já foi Miss Belford Roxo e subiu no pódio do Miss Rio de Janeiro há 13 anos — atuou em Malhação (2016) e nas novelas Império (2014), I Love Paraisópolis (2015), Tempo de amar (2017), Órfãos da terra (2019), Nos tempos do imperador (2022) e Mar do sertão (2023). Mas, com Lu, faz o seu début no horário nobre, revivendo uma personagem que ficou marcada na teledramaturgia pela beleza e pelo carisma impresso pela primeira intérprete, mas também pela curiosidade que ainda envolve a morte de Leila Lopes, em 2009, aos 50 anos.
Eli conta que não estava atenta aos comentários, que ressurgiram a partir da confirmação do remake de Renascer, envolvendo o trágico desfecho de Leila Lopes — a atriz se matou após atuar em filmes pornográficos lamentando, por meio de uma carta, não ter trabalhos na televisão e no cinema convencional.
"Eu nem tinha essa informação, de que a personagem teve mais repercussão pelo que aconteceu com sua primeira intérprete (mais de 15 anos após a estreia) do que pela sua história em si", observou. "Todos personagens tem muita relevância, então, entendo que essa expectativa se deu mais pela demora em anunciar o nome da atriz que faria a personagem no remake, do que qualquer outra coisa", acrescentou.
A atriz assinala que, em relação à construção que vem fazendo da personagem, não faz sentido ter qualquer relação ou interferência com a história pessoal da colega de profissão que a antecedeu.
"Cada um de nós tem sua história, seu tempo, escolhas, sins, nãos e suas consequências. Ser uma pessoa melhor é uma escolha diária. Não julgar e ter a consciência de que 'cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é', nos ajuda a respeitar as histórias e suas diferenças. Eu escolho ser melhor todos os dias e com o suporte dos meus, estou construindo a minha história, respeitando e agradecendo quem veio antes", defendeu Eli.
Homoafetividade
Desta vez, Lu traz uma nuance original, que é a questão da sexualidade de Zinha (Samantha Jones). As atrizes, inclusive, protagonizaram uma cena de beijo na boca. A professora não corresponde ao interesse da amiga, mas a acolhe, com muitos conselhos — o que Eli celebra.
"Eu gosto muito dessas cenas em que Lu é 'ouvido'. A personagem traz a importância da escuta, da tensão e olhar ao próximo. Gosto mesmo, na rede e nos bastidores se brinca de ela ser a psicóloga ou conselheira, o que até certo ponto muitos professores acabam sendo. Acho genuíno! E nesse olhar sobre a sexualidade ainda mais importante e delicado... Bom poder dar vida à personagens que falam de amor e respeito, que falam sobre olhar pra dentro!", comemorou.
Em breve, Eli também poderá ser vista na série Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente, em que a homoafetividade também será abordada, mas em um viés de mais tabu e preconceito, pela época da série, que retrata a Aids. A atriz não pode comentar sobre esse trabalho, que, até onde foi divulgado, terá um filho homossexual e não reagirá nada bem. "Adianto que vocês vão, em alguns momentos, amar e odiar Yara. Ela é humana. Corajosa e muito fiel a si mesma", contou.
Brasília
Neste domingo (21/4), no aniversário de Brasília, Eli Ferreira — que completa 33 anos nesta terça-feira (23/4), mesmo dia em que o orixá Ogum é celebrado — aproveita para elogiar a cidade, onde moram alguns familiares e foi seu lar por quase dois meses, quando gravou o filme Eduardo e Mônica.
"Eu fui me adaptando à cidade! É bem diferente de São Paulo e Rio, em relação à logística. Acostumada a ter tudo muito perto, senti que em Brasília, pra se locomover precisava estar quase sempre de carro. Mas uma lembrança boa foi do céu! Acho que foi o lugar que mais me senti próxima, fisicamente mesmo, do céu. É lindo, estrelado e parece muito mais perto do que qualquer outro lugar do Brasil que eu já estive", declarou a atriz, que também pode ser vista nas séries Santo, na Netflix, e Sentença, na Prime Vídeo.
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