O ator paulista Giovanni Venturini vem se destacando cada vez mais no mercado audiovisual. Nos últimos dois anos, protagonizou o curta-metragem Big Bang, viajou pelo Brasil com o monólogo A não ser e foi chamado para integrar o elenco da segunda temporada da série Justiça, do Globoplay, que estreia em 11 de abril. Recentemente, também participou das gravações da série Dias perfeitos, inspirada na obra de Raphael Montes. A produção também tem o selo Globoplay e previsão de ir ao ar apenas em 2025.
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Em Justiça 2, o paulistano de 32 anos — com mais de 15 de carreira— dá vida a Elias, sobrinho do protagonista Jayme, interpretado pelo Murilo Benício. Os dois são uma espécie de vilões. "Murilo me ensinou muito sobre como é importante aproveitar todos os momentos da gravação de uma cena", comenta Giovanni, que também contracena com Julia Lemmertz e Alice Wegmann.
A produção assinada por Manuela Dias não aborda a questão do nanismo em nenhum momento. A autora escreveu o personagem Elias sem nenhum traço físico, mas gostou do trabalho de Giovanni e quis muito que ele fizesse a série. "O nanismo já está dito quando meu corpo está em cena. Foi muito legal estar interpretando um personagem que poderia ter sido feito por qualquer outro ator", comemorou, ressaltando que, em outros trabalhos na tevê, sua imagem foi mais associada a esse estereótipo.
Ator premiado
Já o curta Big Bang, dirigido por Carlos Segundo, conta a história de Chico, um homem que ganha a vida consertando fornos, nos quais ele facilmente entra devido a seu tamanho. Quando o seu pai morre, no entanto, ele precisa decidir se irá ou não comparecer ao velório e aí se inicia o conflito interno do personagem. "O Chico traz questionamentos de uma forma sutil, sem precisar levantar a bandeira do nanismo, além de abordar outras temáticas, como a empatia e a luta de classes. O Chico representa todos os corpos dissidentes, os que foram inviabilizados, sejam por condições físicas, classe social ou por questão de raça. Consigo enxergar outros atores nesse mesmo papel, mas mudaria a estética do filme", ressalta.
A atuação de Giovanni Venturini rendeu prêmios em diversos festivais, como o Festival de Cinema de Brasília (2022), o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro (2022) — como melhor curta-metragem — o Festival de Cinema de Locarno (2022) na Suíça e o Melbourne International Film Festival (2023). Ele foi três vezes premiado nos EUA, em Milwaukee, nas categorias de Melhor Ator, Melhor Roteiro e Menção Especial. O curta também passou para a primeira etapa de credenciamento para o Oscar na categoria de melhor curta-metragem.
Ao longo da sua trajetória no audiovisual, Giovanni já passou por telenovelas e séries importantes, como O rei da TV, que retrata a trajetória do apresentador Sílvio Santos; Chuva negra; Os ausentes; Confissões médicas, Chiquititas e Cúmplices de um resgate — em diversos canais e streamings, como Globoplay, HBO Max, Star+, Canal Brasil, Disney Channel, Discovery Channel, SBT, entre outros.
Sem capacitismo
Giovanni conta que, apesar de ter feito muitos trabalhos bacanas, durante muito tempo os convites que chegavam, principalmente na TV e no cinema, eram nesse lugar estereotipado e de comicidade relacionados ao nanismo. "Eu amo o humor, mas queria mostrar que era capaz de interpretar outros papéis. Foi aí que veio a ideia de estudar roteiro, porque assim poderia construir as histórias que eu gostaria de contar", afirma.
Outra manifestação artística marcante em sua carreira é Corpo celeste, que trabalha temas mais maduros voltados para a sexualidade de corpos com deficiência e mescla elementos da dança e da poesia. O nome faz referência ao planeta Plutão, que foi expulso do sistema solar e é conhecido como planeta-anão, por não estar dentro do "padrão" estabelecido pelos outros planetas. No teatro, também integrou o elenco de Brian ou Brenda?, com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim; em 2024, foi dirigido por Clarisse Abujamra em uma versão do clássico Casa de Bonecas, de Ibsen.
"Eu demorei pra entender que precisava fazer produções artísticas falando sobre questões envolvendo o nanismo. A minha arte é política e essa é uma forma de romper com os paradigmas e estereótipos do mercado cultural/artístico. Quando comecei a fazer e falar sobre isso, as oportunidades artísticas melhoraram pra mim. Fora que comecei a ser referência artística para crianças com nanismo, uma coisa que não tive", finaliza Venturini.
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