La Bohème é uma das óperas mais conhecidas de Giacomo Puccini. O libreto de Giuseppe Giacosa e Luigi Illica conta a história de quatro artistas e duas mulheres, sendo Rodolfo e Marcello os protagonistas apaixonados, respectivamente, por Mimi e Musetta. Romântica e realista, a obra tem árias melódicas que conquistam os corações. Essa combinação levou a Cia. de Atores Líricos de Brasília a escolher La Bohème para lembrar os 100 anos da morte de Puccini, que morreu em novembro de 1924.
A ópera se passa em Paris, em 1830, um período dourado da capital francesa, então epicentro cultural do mundo. Os quatro artistas moram em um sótão, têm pouco dinheiro e também são artistas. Rodolfo se apaixona pela florista Mimi, que tem uma trajetória um tanto trágica pela frente, enquanto Marcello se encanta pela decidida Musetta, mulher à frente de seu tempo para aqueles primeiros anos de século 19. "Essa ópera tem muito a ver com o universo artístico", explica a soprano Renata Dourado, que vive Musetta na montagem e tem a companhia da também soprano Érika Kallina no papel de Mimi.
Autor de clássicos do mundo da ópera como Turandot, Madame Butterfly e Tosca, o italiano Giacomo Puccini é, essencialmente, um compositor realista quando se trata da encenação e das histórias, Herdeiro do que ficou conhecido como o verismo pós-romântico, ele procurava imprimir nas peças um tom mais verossímil e um tanto dramático. Musicalmente, Puccini é contemporâneo do movimento impressionista e alguns elementos dessa vertente costumam aparecer nas melodias. "La Bohème foi a obra em que Puccini conseguiu imprimir muito mais o sentimento realista nos personagens, ele conseguiu caracterizar musicalmente as expressões, as atmosferas de cada sentimento", acredita Renata Dourado.
Na partitura, observações sobre os sentimentos e gestos dos personagens chamam a atenção dos músicos. "Ele coloca indicações como cambaleando, salteando, expressões para dar uma ideia dramática. E isso se tornou um ícone. As outras obras de Puccini têm um ar mais fantástico, e essa é totalmente realista e romântica, com o amor exacerbado, exagerado", garante a soprano.
O barítono Lício Bruno, responsável por interpretar Marcelo e diretor cênico da montagem, aponta que a riqueza de temas e o romantismo de La Bohème fizeram da peça uma das mais encenadas ao longo da história. "Puccini compôs essa ópera com uma melodia absolutamente fantástica e de uma verdade, uma sinceridade composicional e uma riqueza de temas diferentes enormes. A música é extremamente romântica, do ultrarromantismo, e é uma obra que fala ao coração porque fala sobre o sentimento do amor na juventude, os sonhos na juventude, por isso tem uma magia", diz. No palco, os cantores vestem figurinos fe época e são acompanhados por uma orquestra de câmara de 15 músicos sob a regência do maestro Felipe Ayala.
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