O derradeiro dia de Lollapalooza Brasil 2024 foi realizado no Autódromo de Interlagos neste domingo (23/3). Voltado para o pop, o dia teve como principal destaque SZA, cantora do R&B que estreava no festival e em terras brasileiras, e que aproveitou a oportunidade para entregar um show inesquecível para os fãs. Sam Smith e Phoenix também chamaram atenção.
Diferentemente dos dias anteriores do evento, a chuva deu uma trégua, a maioria dos shows foram secos, mas o chão continuou lamacento. O que dificultou a locomoção do público, mas não causou maiores problemas. Este foi o Lolla mais difícil de se movimentar desde a estreia em Interlagos em 2014, mas os grandes shows foram capazes de fazer o público esquecer qualquer problema de logística.
Destaques
Representante do DF no palco principal, Hungria Hip-Hop tocou logo cedo neste domingo e mesmo assim teve um publico expressivo. O artista aproveitou toda visibilidade que é tocar em um dos maiores festivais do ano para passar uma mensagem de batalha e busca pelo objetivos. No momento mais emocionante da apresentação, o rapper convidou a mãe para o palco e a homenageou por toda a batalha que o fez chegar aos maiores festivais do país.
Na sequência, Dayglow, projeto musical de Sloan Struble, trouxe para o palco toda a energia jovial que faz parte da essência do Lollapalooza. O grupo texano seguiu a cartilha do evento e entregou uma apresentação divertida e animada. Muito felizes de encontrar os brasileiros, o Dayglow começou com uma plateia vazia, mas energia contagiante juntou pessoas na frente do palco. Eles foram humildes e assumiram que estavam realizando um sonho e viveram no Brasil a oportunidade de brilhar para o público que os pedia há anos.
Uma das apostas do festival foi dar palco para o funk e o hip-hop nesta edição. Nomes como Kevin O Chris, Tz da Coronel, Vulgo FK, Mc Dricka e Mc Luanna tocaram durante os três dias de evento. Porém, o mais aguardado ato dos gêneros no festival foi o show de Livinho e Mc Davi.
Com uma homenagem a Michael Jackson e uma lista interminável de hits, o show foi uma grata surpresa para os fãs. Livinho apostou na dança, mudou os arranjos e se mostrou pronto para ser um ato pop para além de uma grande voz - e um jogador de futebol profissional. Mc Davi fez a alegria da galera com sucessos como Let’s go 4 e Bipolar, virais nas redes sociais TikTok e Instagram.
Somando em experiência para o festival, Gilberto Gil recebeu a tarefa do show do anoitecer do ultimo dia. A lenda da musica brasileira tocou para um mar de espectadores jovens, o que não é comum para ele, visto que tem seis décadas de carreira. Contudo, a apresentação no festival da juventude foi um atestado de que Gil ultrapassa gerações. “Vocês dominaram a música mundial, garotada. Merecem, merecem muito”, disse Gil. Uma das mais importantes vozes da história da musica brasileira viu a juventude se curvar à grandeza de musicas como Realce, Palco e Aquele abraço.
Outra banda que retornava após uma década sem tocar no Lollapalooza Brasil, o Phoenix subiu ao palco no inicio da noite do domingo. Os franceses que cantam e inglês mais uma vez fizeram a alegria do grande publico, maior do que esperavam. “Tinham 10 anos que não tocávamos no Lollapalooza, não esperava tanta gente aqui nos vendo”, disse o vocalista Thomas Mars.
Com 25 anos de estrada a banda mostrou que é possível ser espetacular fazendo o simples. A banda de Versalles tocou os maiores sucessos da carreira e só precisou dos instrumentos, um bom jogo de luzes e do auxílio do público para entregar uma apresentação memorável. Como de costume, Mars se jogou nos espectadores no final do show e fez banda e plateia um só. É possível seguir roteiros sem ser burocrático, por isso Phoenix permanece relevante e pertinente por todo este tempo. Este Lolla só foi mais um atestado do poder da banda francesa.
Se a chuva não veio do céu, veio do show de Sam Smith: uma chuva de sucessos para uma das maiores multidões que o Lolla presenciou em 2024. A voz responsável por Unholy, Stay with me e Too good at goodbyes fez um dos shows mais lotados da edição e viveu uma comunhão com os fãs. Artista de múltiplos Grammys e que venceu o Oscar em 2016, Sam cantou de forma uníssona com o público do qual esteve distante desde a última vez que tocou no festival em 2019.
Após tantos grandes nomes, a responsabilidade de comandar o maior show da noite ficou com a estreante SZA. A estadunidense que teve origem no gênero R&B se tornou headliner após sucesso estrondoso do álbum SOS, lançado no final de 2022. Portanto havia uma grande expectativa para a primeira vez que subiria aos palcos brasileiros.
Porém, a cantora não sentiu o peso dessa responsabilidade. SZA trouxe um espetáculo para o Brasil, com uma grande estrutura de palco, dançarinos e uma vitalidade invejável. A cantora organizou 24 músicas em um espaço de tempo de 1h15, não havia tempo para conversar, nenhuma interação foi maior que um simples: “Hey, Brasil! Tudo bem?”. Contudo, ela esteve presente durante todo tempo, olhando para o público, reagindo com sorrisos aos gritos brasileiros. Com uma estrutura cenográfica que imitava um navio, ela levou o público em um passeio incrível pela carreira que, apesar de recente, é muito impactante
SZA era uma das atrações internacionais com menos tempo de carreira, entre os headliners era a mais nova e menos experiente. No entanto, ela está longe de ser uma promessa ou aposta. A artista está pronta para os maiores palcos do mundo e usa a voz para ocupar tanto espaço que Interlagos parecia uma casa pequena diante daquela grandiosidade vocal. Muito emocionada com este encontro com os brasileiros, ela não imagina que quem deve agradecer é o público que teve a honra de presenciar esta estrela pronta para ganhar o mundo em território nacional.