TURNÊ

Andrea Bocelli fala com exclusividade ao Correio sobre a turnê em Brasília

O tenor italiano Andrea Bocelli retorna aos palcos do país em maio, com show marcado para o dia 21 em Brasília. Em entrevista exclusiva ao Correio, o tenor italiano destaca o carinho que sente pela música e o futebol brasileiros

O italiano Andrea Bocelli não esconde a paixão pela mistura cultural brasileira, na qual o futebol e a música andam de mãos dadas nas memórias desse tenor, que ganhou o mundo com uma voz grandiosa. Em entrevista exclusiva ao Correio, lembrou da infância, quando ouvia pelo rádio jogos da Seleção Canarinho nas Copas do Mundo; e da juventude, dos momentos que cantava sucessos da bossa nova nos bares da vida, para pagar os estudos de música erudita. Daí vem a versatilidade, com jeitinho bem brasileiro, do cantor. “O Brasil está para o futebol, assim como a Itália está para a ópera. O futebol une e divide, entusiasma e comove, assim como a arte do melodrama... E, a propósito, pode-se dizer que o futebol brasileiro é uma verdadeira arte”, compara.

Andrea Bocelli retorna aos palcos brasileiros em maio. Dia 21, estará no Estádio Mané Garrincha — com a produção feita pela Dançar Marketing —; depois seguirá em turnê por São Paulo e Belo Horizonte. O espetáculo promete, afinal são 30 anos de carreira, com recordes de vendas e de prêmios acumulados nessa trajetória. O tenor terá convidados ilustres, como o filho Matteo Bocelli, a cantora Sandy e a soprano Cristina Pasaroiu, além da “violonista das estrelas”, Caroline Campbel.

Qual a importância de voltar ao Brasil para uma turnê com o filho Matteo?
Realizar minha sexta turnê no Brasil, com Matteo, é uma dupla satisfação e alegria. É uma sensação inestimável estar no palco diante da minha família ampliada (que é o público), mas, ao mesmo tempo, também ao lado de um dos meus filhos, com quem compartilho a busca pelo belo por intermédio da música. Posso parecer repetitivo, mas tenho uma empatia, que descreveria como natural, com o maravilhoso Brasil. Há uma profunda afinidade de valores que me dá sempre a agradável sensação de estar entre amigos, de estar em casa. Isso ocorre tanto devido à grande comunidade brasileira, em cujas veias corre sangue italiano, quanto pela energia positiva que sinto nessa mistura de tantas culturas e tradições. Além disso, no Brasil recebo um carinho que sempre me comove e que me faz retornar à casa com entusiasmo. Pensei nesta minha turnê, substancialmente, como uma mensagem de gratidão: o desejo de poder agradecer pessoalmente aos muitos fãs brasileiros.

Você ainda é apaixonado pelo futebol brasileiro?
As grandes paixões não desaparecem: certamente, ainda sou apaixonado por futebol. Gosto, desde sempre, desde quando era criança e, no colégio, aos domingos, ouvia as transmissões das partidas por rádio. O amor pelo futebol também é algo que me une ao Brasil e, pelo menos para mim, uma forma de permanecer criança. No Brasil estão alguns dos maiores jogadores de todos os tempos (cito apenas um nome: o imenso Pelé), mas também muitos talentos celebrados das novas gerações. O Brasil está para o futebol, assim como a Itália está para a ópera. E gosto de lembrar como há elementos que os unem. No palco operístico, assim como no campo esportivo, temos uma emocionante arena de heróis: os atores do sonho que escolhemos viver, artistas equilibristas que correm e enfrentam verdadeiras batalhas, expressam virtuosismo, amam e odeiam, caem e se levantam, se expõem à crítica e ao julgamento (rigorosamente parcial). O futebol une e divide, entusiasma e comove, assim como a arte do melodrama... E, a propósito, pode-se dizer que o futebol brasileiro é uma verdadeira arte.

Outro momento marcante do seu espetáculo será a presença da cantora Sandy...
A presença de talentos magníficos e ecléticos, como a Sandy, expressa uma bela metáfora da relação fraterna entre nossos países e, pessoalmente, do fio condutor que me une aos grandes artistas brasileiros. Fiz dueto com Sandy quando ela era adolescente. Cantei novamente com ela, em Belo Horizonte e em São Paulo, e, em 2012, em Portofino, na Itália, em um concerto ao vivo que se tornou depois o álbum Love in Portofino. Estaremos juntos novamente e em um ano especial, já que 2024 marca os 30 anos da minha carreira. Faremos o nosso melhor para tornar inesquecíveis os duetos que apresentaremos ao público.

Você é uma estrela da música clássica que se apresenta com canções pop e até mesmo bossa nova. Como adquiriu essa versatilidade?
Do ponto de vista técnico, as diferenças entre o cantar natural — como numa música pop — e o cantar lírico são menores do que possam parecer. No entanto, é verdade que a versatilidade é, felizmente, uma característica do meu instrumento vocal, que me permite explorar, no campo lírico, desde o repertório do bel canto até o verismo. Mesmo o campo pop, consigo explorar sem grandes dificuldades. Desde a infância, fui sempre muito curioso (além de amante de desafios): tudo era um jogo, uma descoberta. E fui assim também nos estudos musicais. O único critério que sempre adotei foi distinguir a música bela da música feia... Minha prioridade era (e continua sendo) buscar momentos artísticos sem preconceitos, capazes de emocionar, consolar, exaltar, comover e, em uma palavra, tocar o coração das pessoas. Aos 18 anos, comecei a tocar piano em bares, tanto para socializar quanto para pagar minhas aulas de canto. Foi nesse momento que me envolvi com o repertório brasileiro, me apaixonando imediatamente. Um amor que perdura até hoje.

Em 2018, assisti ao seu concerto no Santuário de Fátima (Portugal), onde você cantou várias árias sacras. Quão importante é para você apresentar esse tipo de repertório?
Lembro-me muito daquele momento, durante as celebrações do centenário das aparições marianas: fiquei impressionado com o oásis de oração, espiritualidade e paz. Em Fátima, assim como em alguns outros lugares especiais, acredito que o espírito divino tenha querido deixar sua marca, para nos mostrar a beleza do bem, personificada na presença celestial de Nossa Senhora que intercede por nós. A música é a voz da alma e, potencialmente, pode ser uma oração ou até mesmo uma experiência mística. A arte dos sons cumpre o seu papel, como uma linguagem universal e um presente do céu para promover o espírito. Como cristão, considero ser não apenas uma honra, mas também uma responsabilidade emprestar minha voz e dar minha modesta contribuição, testemunhando minha fé, na esperança de transmitir, por meio da música, os valores cristãos nos quais baseei a minha existência.

Qual será o programa do concerto em Brasília? O que o público pode esperar?
O programa é realmente muito rico. A estrutura segue uma fórmula consolidada, que se tornou um marco pessoal: uma primeira parte focada em árias líricas conhecidas e amadas, uma segunda parte destinada a músicas românticas mais populares e canções. Nesse caso, a sequência que preparamos é bastante ampla e variada, e inclui os convidados que enriquecerão o concerto: de Matteo e Sandy, mas também a soprano romena Cristina Pasaroiu, passando por orquestra, coral e dançarinos. Estou feliz por poder encontrar um público tão generoso e sensível, por poder abraçá-lo novamente em uma noite que marcará 30 anos de carreira (de emoções e, espero, de beleza) em um único grande concerto.

Serviço — Andrea Bocelli 30 anos

Data: terça-feira, 21 de maio de 2024.

Horário: 21h. Local: Mané Garrincha.

Bilheteria Oficial
(sem taxa de conveniência): Brasília Shopping (SCN QD 05 Bloco A Subsolo 2 - Loja Q054).

Horário de funcionamento: segunda-feira a sábado das 10h às 22h; domingos e feriados das 13h às 19h.

Entrada social: parte da renda revertida para o Hospital da Criança de Brasília José Alencar.

Importante: adquira seus ingressos na plataforma oficial https://www.eventim.com.br/andreabocelli.

 

 

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