O Oscar de 2024 foi marcado por um longa: Oppenheimer. Uma das produções mais indicadas da história da premiação, 13 vezes — mesmo número que títulos como E o vento levou. O filme sobre o homem que liderou a equipe de cientistas da bomba atômica foi o grande destaque da 96ª edição do Oscar com sete estatuetas, mas definitivamente não foi o filme do ano. Oppenheimer foi o longa mais aclamado do ano, porque foi lançado no mesmo dia que o blockbuster Barbie.
O Oscar honra o que de melhor teve no cinema em um ano, mas não é apenas o fazer cinematográfico que está em pauta. O Oscar é um prêmio da indústria, por isso filmes que unem excelência na execução, aclamação crítica e sucesso de público geralmente são os mais "gostados". Oppenheimer tinha tudo para conseguir as duas primeiras da lista, mas chegou mais longe devido a Barbie, indicado apenas a 5 Oscars, com uma só vitória na noite: a de Melhor canção original, com What was I made for, de Billie Eilish.
Um longa muito bem executado, bonito visualmente, com grandes atuações e uma parte técnica impecável, mas só conseguiu os quase US$ 1 bilhão em bilheteria por conta do fenômeno “Barbenheimer”. Pessoas do mundo inteiro assistiram ao filme devido a uma brincadeira dos fãs de Barbie nas redes sociais. Dessa forma, uma película de 3 horas e metade em preto e branco teve um dos melhores resultados econômicos do ano passado.
Oppenheimer está longe de ser um filme ruim, mas não era um longa que merecia mais do que uma lista de indicações e vitórias pela excelência técnica que apresenta. A necessidade do Oscar de ter o reconhecimento do público deu a Oppenheimer um desempenho recorde em ano de filmes especiais como Anatomia de uma queda, Zona de interesse, Vidas passadas e Pobres criaturas, que não foram reconhecidos apesar de apresentarem histórias complexas, interessantes e mais marcantes do que o grande vencedor. Este também não era um ano para Barbie no Oscar, apesar de ter sido reconhecido de forma muito reduzida merecendo ao menos mais uma ou duas indicações
Essa vitória também tem tons de contraditório, visto que o Oscar tem a necessidade de premiar o que parece mais do é. O autoral e distinto O menino e a garça venceu do popular Homem aranha através do aranhaverso em animação, o silencioso e potente Zona de interesse venceu do muito assistido Sociedade da neve em Melhor filme internacional, Barbie perdeu os prêmios de figurino e design de produção para o mais criticamente aclamado Pobres criaturas e até o prêmio de efeito visuais foi para um filme estrangeiro, Godzilla Minus One, ao invés da pasteurização norte americana da Marvel. Dessa forma, faria bastante sentido que o melhor filme não fosse o mais pensado para fazer sucesso na premiação, e sim o que fosse mais distinto em um geral, o que nunca foi Oppenheimer.