MÚSICA

Dia Mundial do DJ: conheça alguns dos DJs que agitam Brasília

Para além de capital do rock e do pagode, Brasília tem se reinventado como berço de múltiplos DJs. O Correio conversou com representantes do cenário em comemoração ao Dia Mundial do DJ

Neste sábado (9/2), comemora-se o Dia Mundial do DJ, profissionais que, na companhia de uma aparelhagem eletrônica, agitam as principais festas e casas noturnas da capital federal. São artistas dedicados a levar o melhor da música para o público do quadradinho, ao produzirem remixes inéditos e beats de tirar o fôlego da galera. Os sets — como são chamados os conjuntos de sons tocados pelos DJs — reúnem uma gama de gêneros e referências musicais, ao passo em que são artistas comprometidos com o resgate de arranjos e estilos esquecidos pelo tempo. Além disso, realizam um verdadeiro trabalho de curadoria artística, ao dar visibilidade para artistas estreantes e fomentar o mercado com novidades.

Atualmente, destacam-se dois tipos principais de profissionais da discotecagem: os que se dedicam a mixagem de músicas de outros artistas, e aqueles que desenvolvem beats autorais por meio de aplicativos e programas de computador voltados para a produção musical. Muitos DJs, inclusive, são produtores musicais e desempenham a ocupação quando colaboram com outros artistas, sejam eles cantores, compositores, instrumentistas ou apenas outros DJs. O Dia Mundial do DJ foi instituído com o objetivo de dar visibilidade a essa categoria artística — antes tão desvalorizada — que encontra, em cidades como Brasília e tantas outras, oportunidades para crescer e se desenvolver profissionalmente.

Afinal, quando o assunto é música, Brasília não cansa de impressionar. E, para celebrar o Dia Mundial do DJ, o Correio conversou com alguns profissionais da área, responsáveis por sets que agitam a capital federal de uma ponta a outra. São DJs diversificados, que embalam festas e são reconhecidos no cenário musical do quadradinho. Eles não se limitam apenas a alguma vertente do estilo de se fazer “música de DJ”, mas se inovam a cada apresentação, com beats e remixes inéditos. A capital federal, inclusive, é berço de artistas que se destacam dentro do cenário até hoje. Nascidos ou não em terras candangas, Brasília abraçou o trabalho e deu projeção a esses profissionais.

Exemplo disso é a dupla de DJs Alok e Bhaskar. Gêmeos de nascença, os irmãos Alok e Bhaskar nasceram na cidade de Goiânia, mas logo vieram para Brasília, local em que despontaram como sensação dentro dos gêneros da música eletrônica. Filhos dos também DJs Juarez Petrillo — o DJ Swarup — e Ekanta Jake, Alok e Bhaskar são figuras conhecidas do cenário eletrônico mundial e marcam presença nos maiores e mais conhecidos festivais de música do mundo, como o belga Tomorrowland e as edições brasileiras do Lollapalooza e do Rock In Rio. O DJ Alok, por exemplo, soma mais de 30 milhões de ouvintes mensais no Spotify, enquanto Bhaskar assina remixes de composições originais de Marisa Monte e do cantor de MPB Silva.

Jakeline Ribeiro se apresenta como DJ J4K3, em um projeto sem limitações quando se trata de música eletrônica. J4K3 é artista independente no DF e explora todos os gêneros, desde do funk ao afrobeat. Em entrevista, Jakeline conta que o interesse de ser DJ surgiu por ser dançarina. “Desde de pequena sou envolvida com essa arte e me desenvolvi nela, para mim, música e dança andam juntas. O hip hop foi a base de tudo, e é o maior pilar da minha profissão”. Jakeline é moradora da Ceilândia, e relata como é o cenário de jovens periféricos que sonham em seguir essa profissão: “Brasília tem uma cena muito potente de DJs — principalmente DJs da quebrada assim como eu — acredito que não existe oportunidade e uma valorização justa para todos, o que deveria ter mais. O espaço para crescer dentro da profissão acredito que tenha sim, porque se nos negam espaço, a gente cria o nosso e segue o baile”.

Laielle Regina, que também trabalha como social media, sempre teve o desejo de trabalhar nesse meio. O curso gratuito Jovem de Expressão que oferece oficinas para a juventude de Ceilândia, abriu portas para Lay se profissionalizar, diante disso conquistou espaço no Calaf para se apresentar como DJ Lay. A DJ toca sets de pop e funk, em festas direcionadas ao público LGBTQIAPN+, em nota ela relata que há espaço para todos na cena: “Acredito que a cena do DF tem grande potencial. Apesar de enfrentar dificuldades no cenário artístico, considero que temos bons produtores”.

Divulgação -
Diego Teles -
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Em consonância com essa diversidade de DJs, o DJ e produtor musical Léo Machado, por sua vez, é conhecido por tocar em eventos e festas ligadas ao rock, como o Capital Moto Week, festival em que é residente há 10 anos. Ao somar referências musicais diversas, de bandas de rock a MCs de hip hop, Léo conta que o cenário tem se reinventado com o passar dos anos. “Até os anos 2000, o DJ não era valorizado e não tinha voz ativa. Acho que com essa globalização e com essas tecnologias que vieram — streamings, YouTube, Spotify, etc. — as pessoas têm tido mais acesso à música. Hoje temos vários DJs e cada DJ tem seu estilo”, observa. Ex-professor de geografia, Léo se dedica inteiramente aos sets agora.

O DJ e produtor Stenio Freitas, faz parte da gravadora Nice & Deadly, que conta com um catálogo diversificado de grandes artistas brasileiros e estrangeiros que atuam no cenário alternativo. Stenio relata que deu início ao projeto, visando democratizar a cena alternativa Sound System no DF: “Eu queria de alguma forma transformar a cena da música eletrônica em Brasília, que era muito elitizada e disfuncional. A minha ideia era trazer a música eletrônica de volta ao lugar e as pessoas que ela pertence”, assim surgiu o projeto Data Assault de Stenio. Data Assault nutre o sentimento pela cultura de rua e o hip hop há 18 anos: “Eu acredito na música como uma ferramenta para revolução social, e queria fazer parte disso inspirado no coletivo Underground Resistance de Detroit”, destaca ele.

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