O remake de Renascer é um sucesso e alguns personagens que orbitam o universo da família Inocêncio vêm ganhando repercussão cada vez maior, especialmente nas redes sociais. Esse é o caso de Kika, a namorada de José Bento (Marcello Melo Jr), um dos filhos de José Inocêncio (Marcos Palmeira).
A personagem defendida originalmente pela atriz Claudia Lyra, em 1993, agora tem o corpo da atriz Juliane Araújo, que, segundo a Internet, é a voz do público para atualizar questões que atualizam a trama, como feminismo e combate a homofobia. "A Kika tem uma função nessa trama: problematizar algumas narrativas", admite a artista.
Aos 34 anos, a carioca pode parecer mais uma novata no elenco, mas já tem uma longa estrada, inclusive na televisão. Também roteirista e diretora, a intérprete da nora de "painho" esteve nas novelas Lado a lado (2012), Joia rara (2014), Êta mundo bom (2016), O outro lado do paraíso (2017), Verão 90 (2019) e Além da ilusão (2022).
Juliane também estará em Verônika, na série original Globoplay, ainda a ser lançada, com elenco majoritariamente negro. "As narrativas e a sociedade só têm a ganhar com a diversidade, com a pluralidade. É um prazer fazer parte de produções que estão olhando para isso", conclui.
ENTREVISTA | Juliane Araújo
Como surgiu a Kika na sua vida e como se preparou para ela?
Quando soube que haveria um remake de Renascer, fiquei super animada. Não assisti, mas existem obras que sobrevivem no imaginário coletivo; as pessoas guardam Renascer. A equipe também é dos sonhos; já tinha trabalhado com alguns diretores da novela e produtores, que são incríveis. Tudo era perfeito. Fui com muita vontade para o teste e aconteceu. A Kika é um mulherão, lúcida, tem um discurso coerente; é bom dar voz a personagens assim.
Você teve curiosidade de conversar com a Cláudia Lyra? Chegou a assistir à primeira versão?
Quando a gente faz um remake, é tentador e perigoso assistir a tudo. Assisti a pouca coisa. A Claudia faz um trabalho muito bonito, mas era importante para mim não assistir tanto para não me engessar. Não a conheço, mas será lindo encontrá-la. O que me chama atenção em Renascer de 93, e se repete em 2024, é a poesia. É lindo ver isso acontecendo na televisão. Há 30 anos, tínhamos menos aparatos tecnológicos e mesmo assim eram cenas brilhantes. Agora então, uma história muito bem construída, bem dirigida e linda.
Na versão original, a Kika perde espaço na trama quando o José Bento se fixa na fazenda. Vai ser diferente desta vez?
Olha, não sei. Algumas coisas sobrevivem e outras não em um remake. Construo a personagem a cada bloco liberado pelo autor. Acho mais interessante assim.
Kika ganhou uma roupagem diferente nesta versão, com um tom mais forte, empoderado e consciente, relacionado especialmente ao feminismo. Esse é um tema que te atravessa de que forma?
A Kika em 93 já tinha uma personalidade forte, isso já era bem acentuado por conta da época também. Se vestia e se portava com ares mais masculinizados, o que tinha uma importância grandiosa na busca pelo espaço da mulher. Vi uma cena da Claudia com os pés na mesa; aquilo foi muito simbólico para mim no entendimento dessa mulher. Hoje, os discursos foram ampliados, aprofundados; mais gente fala, discute sobre isso. O feminismo é um movimento fundamental para educar uma sociedade muito criança ainda na igualdade de gênero. A gente precisa identificar padrões estruturais enraizados que, na maioria das vezes, passam batidos. Esse olhar mais apurado vem com estudo, informação; ainda é preciso falar sobre. A Kika tem uma função nessa trama: problematizar algumas narrativas.
O que faz com que uma mulher como Kika se conecte tão intimamente a um macho tóxico como José Bento?
Isso é muito profundo porque é a mesma pergunta que faço quando vejo uma amiga maravilhosa se envolver com um cara idiota ou que já me fiz ao me recordar de alguma situação tóxica que vivi em algum relacionamento. É muito complexo isso. No caso da Kika, a parte mais superficial é que Bento traz para ela um olhar para a vida menos sério, divertido. É um encontro de muitos anos.
Renascer vem para reforçar o protagonismo preto na teledramaturgia. A série Verônika, da qual você também participa, é composta por maioria negra. Como você enxerga esse movimento importante? Acha que veio para ficar?
Mais da metade da população brasileira é negra; há muitos Brasis e eles têm caras, culturas, formas de falar diferentes. O bonito está aí: padronizar os rostos das nossas histórias é um erro e eu espero, realmente, que seja o início do fim. As narrativas e a sociedade só têm a ganhar com a diversidade, com a pluralidade. É um prazer fazer parte de produções que estão olhando para isso.
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