A sexta edição do Bonecos de Todo Mundo — Festival Internacional de Teatro Popular de Bonecos desembarca em Taguatinga a partir de quinta-feira (14/3) com uma programação que traz 10 espetáculos divididos entre o Teatro Sesi Yara Amaral e o Taguaparque. O festival ocorre até domingo e reúne grupos da Argentina, Chile, Itália e Brasil com espetáculos de um gênero milenar e uma das formas mais populares de teatro. "São bonecos de todo o mundo, e isso tem dois sentidos, que é o de trazer, de várias partes do mundo, técnicas e tradições populares diferentes, mas que sejam acessíveis para todo mundo", avisa Chico Simões, coordenador do festival e um dos criadores do Mamulengo presepada.
Com verbas e edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) que investe em projetos para as regiões administrativas, o Bonecos de Todo Mundo terá também shows de Siba e Juliana Linhares, além de rodas de conversa e apresentações em escolas. Uma das intenções de Chico ao montar a programação foi atrair um público que nem sempre frequenta os festivais de teatro de bonecos. "Para esse festival queremos levar mais público e, por isso, estamos trazendo shows musicais, para ampliar o público do teatro de bonecos", explica o bonequeiro. "A gente quer que artistas como Siba e Juliana Linhares, que vêm do mundo do teatro, possam participar do festival para que nosso público possa ser ampliado."
Com companhias de países diferentes, Chico quer mostrar que a diversidade também tem pontos em comum quando se trata de teatro de bonecos. "Embora sejam de culturas diferentes, essas tradições dialogam, têm coisas parecidas, estruturas parecidas e personagens parecidos", explica. "Por exemplo, tem sempre um personagem que é um anti-herói, que não é aquele herói romântico, burguês, que não é totalmente bonzinho e que luta, se vira, faz as tramas dele para sobreviver." Os conflitos presentes no teatro universal também fazem parte das histórias, assim como os romances. Além das dramaturgias, Chico lembra que a comunicação com o público é uma característica do teatro popular. "Ele não é apenas para ser assistido e, sim, para dialogar com os bonecos. É muito improviso. Não é um texto que o ator decora, o ator tem histórias e os personagens vão se adaptando de acordo com o lugar e o público", avisa.
Outro objetivo do festival é tentar quebrar preconceitos em relação ao teatro de bonecos, muitas vezes, considerado uma arte menor em relação ao teatro de atores. "Muita gente pensa que o teatro de bonecos popular é coisa para criança", lamenta Chico Simões. "Mas não é só isso. Há temas também de interesse do adulto, não é só diversão infantil. Lutamos para ampliar o público mostrando que o teatro de bonecos não é um teatro menor nem tampouco é dirigido só para crianças."
Confira algumas das atrações:
Frankenstein,
de Viajeinmóvil (Chile)
Sexta-feira, às 21h,
no Teatro Yara Amaral
Frankenstein ganha vida e incorpora características de diversos outros personagens e lugares no espetáculo do grupo chileno. É um boneco com sentimentos e maneiras bem diversificadas, criado com a técnica da manipulação direta, na qual o público enxerga os atores responsáveis pelos movimentos do boneco.
Pocket Show Marionetes, com Teatro Navegante (MG), dirigido por Catin Nardi
Quinta-feira, às 19h30, no Teatro Yara Amaral
Catin Nardi é argentino, mas mora no Brasil há alguns anos e traz a Taguatinga um show de variedades com bonecos com fios, conhecidos como marionetes. O espetáculo não tem enredo e apresenta uma sucessão de personagens, entre eles lutadores de sumô e um duende tocador de flauta pan. Aqui, o interessante são as técnicas utilizadas pelos artistas e como o boneco se movimenta, enquanto a história fica em segundo plano.
Guarattelle e Música, de Irene Vecchia (Itália)
Sexta-feira, às 19h30, no Teatro Yara Amaral
Embalados pela tradicional tarantela napolitana, os bonecos de Irene Vecchia brincam no ritmo do som e trazem para o Distrito Federal uma das mais antigas e tradicionais técnicas de teatro de bonecos. "Guarattelle influencia vários outros teatros de boneco no mundo. É como a comédia dell'arte é para o teatro: uma matriz muito importante onde todas as tradições parece que vieram dali e beberam ali", conta Chico Simões.
Botando boneco por baixo do pano, de Shicó do Mamulengo (RN)
Sábado, às 19h30, no Teatro Yara Amaral
Shicó do Mamulengo é herdeiro da tradição do teatro de João Redondo, cuja característica máxima são as piadas. "É um teatro verbal, com piadas interessantes e muito econômico nos bonecos, nos movimentos", avisa Chico Simões. Os bonecos são confeccionados em forma de luva e se comunicam por ventriloquia.
Vida de retirantes, da Cia de Marionetes
Bonecos em Nós (DF)
Hoje, na: Escola 1 EC 19 (Taguatinga), às 8h
O espetáculo conta a vida de retirantes que vêm do Nordeste para construir Brasília. Entre eles há um sanfoneiro e um mamulengueiro, num exercício de metateatro. Será apresentado apenas na escola de Taguatinga.
Títeres Sakados Del Tacho, de Sakados del Tacho (Argentina)
Domingo, às 9h30, no Taguaparque
A companhia argentina trabalha com bonecos confeccionados com materiais de embalagens e reciclados, com manipulação direta.
VI Bonecos de Todo Mundo — Festival Internacional de Teatro Popular de Bonecos
De 11 a 17 de março, no Teatro Yara Amaral (Sesi Taguatinga Norte), no Taguaparque e em escolas públicas. Entrada gratuita
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