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Sepultura faz show de despedida em Brasília neste sábado (9/3)

Sepultura se apresenta em Brasília num show com repertório que marca 40 anos de banda e a despedida dos metaleiros das performances nos palcos

Nova formação do Sepultura para a turnê de despedida -  (crédito: Trovoa Comunicação/Divulgação)
Nova formação do Sepultura para a turnê de despedida - (crédito: Trovoa Comunicação/Divulgação)

Uma das seminais bandas da história da música brasileira, Sepultura já começou a dar o adeus para os fãs. O ano de 2024 fica marcado para o grupo de heavy metal pelo aniversário de 40 anos juntos, mas também é o ano de despedida deles dos palcos. O Sepultura optou por encerrar a história que conquistou fãs pelo mundo inteiro. Derrick Green, Andreas Kisser, Paulo Jr. e o recém- chegado Greyson Nekrutman cantam em Brasília, neste sábado, na Arena Lounge do Mané Garrincha.

Com o grito: "Sepultura from Brazil" a banda se tornou um dos cartões-postais da música nacional fora do país e mudou a concepção que o mundo tem do metal ao misturar traços culturais brasileiros às guitarras distorcidas, baterias aceleradas e o conhecido vocal gutural do heavy metal. Em 2024, essa trajetória é resumida em pouco mais de 20 músicas com um passeio pela história da banda que é uma das mais respeitadas na própria cena mundial.

Brasília é a terceira parada da lista de shows, que durará 18 meses e passará pelas principais cidades do Brasil, além de capitais importantes da América do Sul, Estados Unidos e Europa. Belo Horizonte, cidade onde a banda começou, foi escolhida como a primeira data do tour mundial.

A banda começou em 1984 com os irmãos Max e Igor Cavalera, o baixista Paulo Jr. e Wagner Lamounier nos vocais. Quando Wagner saiu, Max assumiu o micofone. Porém, após desavenças, os irmãos Cavalera decidiram seguir outro caminho. Uma das figuras mais marcantes da banda é o guitarrista Andreas Kisser, que está no grupo desde 1987. Completando o trio mais longevo na banda está Derrick Green, vocalista desde 1997. O disco mais famoso e aclamado da banda é o Roots de 1996, em que há uma mistura clara dos instrumentos do rock com sons brasileiros como tambores e berimbau.

O mais recente capítulo dos altos e baixos da banda ocorreu poucos dias antes do início da turnê quando Eloy Casagrande, baterista desde 2011, anunciou que sairia para outro projeto. De última hora Greyson Nekrutman, jovem norte-americano de 21 anos, conhecido pelo trabalho na banda Suicidal Tendencies, assumiu as baquetas e a responsabilidade de dar prosseguimento ao ritmo da banda que tem praticamente o dobro da idade dele.

Ao Correio, Paulo Jr. falou sobre a turnê, a jornada e Brasília. Nessa que pode ser a última vez que o "Sepultura from Brazil" é ouvido na cidade que foi um dia capital do rock.

Qual a relação de vocês com Brasília? Qual a importância dessa turnê de 40 anos e despedida passar pela cidade?

Desde os primeiros shows, no começo dos anos 1990, quando a gente foi,  em 1980, nem lembro direito quando foi a primeira data em Brasília, para te falar a verdade. Mas sempre um público bem fiel, um público bem roqueiro, então a nossa relação, eu pessoalmente nunca tive nada a reclamar de Brasília

Como foi a recepção do início da turnê?

Cara, foi maravilhosa. Dentro das consequências dessa mudança da dança que a gente teve, a gente estava um pouco apreensivo no começo, mas a recepção de Belo Horizonte foi fantástica e foi um pontapé inicial de primeira grandeza, não tem o que dizer. Isso fez com que a gente também se soltasse e relaxasse. Então, o segundo show de Juiz de Fora foi bem mais tranquilo. Eu acredito que pelo Brasil, daqui para frente, a tendência é só melhorar com essa nova formação, com o Greyson assumindo as baquetas do Sepultura. A tendência agora é só melhorar. Isso vai demorar um pouquinho, logicamente, porque não vem da noite para o dia, mas a química, essa primeira química nossa, está sendo ótima. Isso que importa e o resto é só abraçar, a gente já abraçou, agora é só caminhar e entregar o máximo que a gente puder nessa toada de se despedir.

Como foi a adaptação do novo baterista Greyson Nekrutman considerando que a saída do último baterista foi abrupta e em cima da hora para o início da turnê?

Não tem uma fórmula ou explicação pra isso. O cara aceitou o desafio e veio. Estava fora com outra banda quando tudo isso aconteceu. Possivelmente, só tive um ensaio com ele, depois a gente foi para Belo Horizonte e acertamos os detalhes durante o show. Greyson chegou preparado, não é uma tarefa fácil. É um menino que tem 21 anos, tem uma escola mais puxada para o jazz, mas se adapta super bem. O moleque é um monstro e ele só tem a crescer. Agora, ele precisa só, juntamente com nós três, readaptar essa química para caminharmos juntos para finalizar essa despedida da melhor forma possível, celebrar, realmente celebrar. Eu acho que, essa casca do heavy metal, ele vai criar no dia a dia. Como nós também, vamos alimentar essa nossa química no dia a dia, isso não é uma coisa que a gente consegue de um dia pro outro.

Qual o gosto que tem esse show para vocês?

Esse sentimento é de uma missão quase cumprida, que está começando a entrar nesse estágio de encerramento. A gente está super feliz em poder fazer isso, de poder celebrar isso com os nossos fãs pela última vez, pelo menos nesse ciclo de 40 anos. A gente pretende encerrar isso com a melhor dignidade possível, representando toda a história do Sepultura, que é uma história riquíssima, cheia de altos e baixos. Porém, no final, é um resultado superpositivo, eu vejo. Acho que a gente tem um gosto de vitória, sim, porque não foi fácil chegar onde a gente chegou e ter essas quatro décadas. Não é para qualquer um. Então, eu acho que essa turnê é uma celebração, um agradecimento, mas são vários fatores que desenvolvem a história da banda. Então, a ideia realmente é celebrar e divertir.

Olhando para trás e revendo essa bonita trajetória. Como vocês classificam o caminho do Sepultura? Existe algo que a banda não fez durante esses 40 anos e que ficou faltando?

As ideias estão sempre fluindo, então, se deixar, a cabeça está sempre funcionando, mas está sempre faltando alguma coisa. Eu acho que é uma coisa para se pensar, não sei. Em específico, não. A gente precisa se concentrar no que está aqui hoje, senão a cabeça vai longe. Ela começa a dar mil voltas e você acaba perdendo o foco do que realmente importa: a proposta do que é essa turma hoje. Mesmo você tocando as músicas todas, o mesmo repertório repetindo algumas vezes, o sentimento é um pouco diferente de cada palco, de cada público. Isso é o que marca o dia. No entanto, a cabeça tá sempre funcionando, ela nunca parou.

O que vocês fariam de novo?

Eu faria isso tudo de novo, sem medo nenhum. Mesmo com os erros, com os acertos também. É lógico que todo mundo teria feito alguma coisa melhor, mas a gente tem que, cada dia que a gente acorda, abrir os olhos, agradecer e se reinventar. Nunca se sabe o que está próximo de você, o que está por vir.

Os fãs que vocês fizeram estão espalhados pelo mundo inteiro. Qual a importância de rodar os maiores palcos do planeta gritando: "Sepultura from Brasil"?

É de uma grandeza sem explicação, eu não consigo mensurar isso. A felicidade, essa tarefa que foi nos dada e a gente conseguir chegar a esses quatro cantos do mundo e sendo aplaudido é uma satisfação muito grande, você saber que o mundo inteiro, no meio do rock te respeita. É muito gratificante você ser lembrado pelas coisas boas que você fez no heavy metal

Vocês acreditam que existe um metal antes e depois da banda? Com essa despedida, vocês acham que um pouco do metal que conhecemos vai embora junto?

Com certeza. A gente veio influenciado por várias escolas do rock, do blues, do heavy metal. E fizemos e faremos parte disso tudo também, mas vai ter uma nova geração, com certeza. já tem uma nova geração aí pelo mundo inteiro, e o Sepultura, eu acho que fez a sua parte e vai continuar fazendo, porque as coisas estão gravadas, então vão continuar a soar. A gente vê muita geração nova acompanhando o show, já sabendo tudo. Isso é muito grande, ver que o ciclo tá sendo renovado. No início dessa turnê, eu vi muita criança, muita adolescente. Isso é super saudável pro heavy metal. Estão dando que o ciclo está se regenerando e não vai deixar esse estilo de música morrer nunca. Quando subimos no palco vemos todas as gerações lá embaixo. Desde um pouco mais velha que a gente, da nossa geração e da sua futura. Isso é muito bacana, você ver a molecada toda entusiasmada, conhecendo as músicas, isso é muito gratificante.

Esse fim é para sempre?

Nunca se sabe o dia de amanhã. Esse é o fim o oficial da banda, mas não posso falar sobre o futuro. Estamos muito gratos por esses 40 anos e escolhemos a data para nos despedirmos dos nossos fãs. Mas, a nossa música está gravada e continuará para sempre. Ainda assim nunca se sabe o dia de amanhã, mas essa é a nossa despedida oficial.

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postado em 09/03/2024 00:01 / atualizado em 09/03/2024 16:43
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