Em sua terceira novela e com a interpretação madura de quem fez teatro a vida toda, Samantha Jones tem dois reencontros especiais no remake de Renascer. A baiana de Salvador, que viveu em Ilhéus, tem a oportunidade de resgatar a sua origem e, no papel de Zinha, criada na fazenda junto com o protagonista João Pedro, repete a dobradinha em cena com Juan Paiva, com quem dividiu bastidores em sua primeira novela, Um lugar ao sol (2021), quando viveram Adél e Ravi, respectivamente. Sobre o colega, ela não poupa elogios: "Gigante!"
Aos 26 anos, a agora cria do Rio de Janeiro emenda o segundo sucesso consecutivo, já que vem da exitosa Todas as flores (2022), novela exibida pelo Globoplay, em que viveu a Ciça. Para Samantha, é um misto de privilégio e responsabilidade, e dá a receita do seu preparo para enfrentar esses desafios. "Considero muito meus impulsos e intuições; tenho que confiar neles, mas acredito nesse trabalho como uma conciliação desses desejos e projeções", afirmou a atriz, e também cantora e compositora, em entrevista exclusiva ao Correio.
Em Todas as flores (produzida para o streaming) e em Um lugar ao sol (a primeira original após a pandemia), Samantha vivenciou a experiência de assistir ao trabalho quando tudo já estava gravado. Em Renascer, pela primeira vez, vivencia uma obra aberta, que vai ao ar à medida que está sendo produzida. "Acho um luxo poder medir a temperatura do que já está sendo entregue, mas não concluído. É um trabalho contínuo, permite reparos", destacou a baiana.
ENTREVISTA // SAMANTHA JONES
Renascer é a sua terceira novela, mas a primeira que podemos chamar de aberta, que está sendo gravada enquanto vai ao ar. Está sentindo essa diferença?
Muito! Sempre fiquei curiosa para saber como era assistir a um trabalho enquanto ele está sendo feito. Novela aberta é a única experiência no audiovisual em que isso é possível. Acho um luxo poder medir a temperatura do que já está sendo entregue, mas não concluído. É um trabalho contínuo, permite reparos. Também é muito engraçado perceber que a gente sente o que o público está achando, mesmo sem procurar muito. O público é atento. Outro dia, saí de casa com o cabelo mais baixo e minha vizinha já perguntou se Zinha mudaria de estilo. Acho o máximo! A parte delicada disso tudo é que temos que estar preparados para possíveis e, às vezes, bruscas mudanças. O personagem é feito por muita gente. É um malabarismo delicioso e delicado.
Em que lugar, além da origem baiana, em Ilhéus, mais se manifestam as suas semelhanças com a Zinha?
A Zinha está dentro de um contexto megaverborrágico, mas se expressa mesmo no silêncio. Eu me identifico tanto com isso. De natureza, somos bem diferentes, mas sinto uma conexão forte e profunda com esse ser que precisa de algo que não seja exatamente a palavra para compartilhar as dores e as alegrias.
Zinha não era uma personagem feminina na versão original. Ela segue sendo "o melhor amigo" do João Pedro, mas agora com uma possibilidade de romance, com direito até a um festejado beijo. Qual é a sua expectativa para a curva dramática dessa nova personagem neste remake?
Essa novela tem uma capacidade de superar a expectativa do telespectador de uma forma inacreditável, de modo que os spoilers, mesmo prevendo alguns acontecimentos (já que se trata de um remake), não são capazes de compreender a proporção dos fatos ou como ele será apresentado — e isso é fantástico. A Zinha é um poço de sentimentos enclausurados. Ela se comunica, mas não expõe seus próprios contratempos; ela fala o que pensa, mas raramente de si. O que eu espero é que ela consiga lidar com as tantas questões que a rodeiam e a aprisionam, e floresça enquanto alguém que é capaz de sentir e expressar muita coisa além de raiva.
Renascer já é um sucesso estrondoso e você veio de outro, Todas as flores. Como se sente começando com os pés direitos assim? Como equilibrar o privilégio e a responsabilidade?
É uma alegria poder trabalhar com tanta gente que admiro, e um privilégio gigantesco participar de obras de peso como essas. Junto a isso, lidamos também com a expectativa de todo mundo que faz a obra ser esse sucesso. Acredito que seja também um exercício dessa profissão administrar esses interesses de uma forma que contemple os de quem escreve, assiste e faz. Considero muito meus impulsos e intuições; tenho que confiar neles, mas acredito nesse trabalho como uma conciliação desses desejos e projeções.
Como é a dobradinha com Juan Paiva, com quem já atuou em Um lugar ao sol?
Uma honra. Juan é, sem dúvidas, um dos maiores atores da nossa geração e te convida a entrar nos universos de uma forma tão delicada quanto comprometida. Gigante!
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