De forma inédita, o I Wanna Be Tour chega como a realização de um sonho para o público brasileiro. Sempre almejando receber eventos de grande porte, como a Warped Tour, ou, mais recentemente, o When We Were Young, o Brasil finalmente tem um festival emo para chamar de seu. Com início neste sábado (2/3), em São Paulo, a turnê nacional promete celebrar o melhor do pop-punk com nomes internacionais e nacionais do gênero, como The Used, Simple Plan, Fresno e NX Zero.
Formada em 2000, a banda norte-americana The Used, que não se apresenta no Brasil há mais de 10 anos, chega ao país preparada para shows inesquecíveis. “Os fãs são incríveis. Eu me lembro o quão legais eles foram nas vezes que fomos para lá, e quão animados eles estavam, o que tornou toda a experiência ainda mais divertida para nós”, conta o vocalista Bert McCracken. “Nós estamos mais do que animados para os shows. Mal podemos esperar”, garante o cantor.
Segundo Bert, o público que espera há mais de uma década para rever o quarteto pode esperar “um show de rock insano”. “Nós tocamos muito bem”, ri o artista. A apresentação promete passar por grandes sucessos do grupo, como The taste of ink and All that I’ve got, além das principais faixas do trabalho mais recente, Toxic positivity, lançado em 2023. “Há muitas emoções neste álbum, é um disco muito pessoal, então eu acredito que, nos shows, ele acrescenta um senso a mais de proximidade entre a banda e o público, fazendo com que eles se sintam ainda mais conectados com a música”, avalia.
Festival que ainda passa por Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a realização do I Wanna Be Tour é um reflexo do retorno do emo ao mainstream visto nos últimos anos. Os altos e baixos do movimento, no entanto, nunca foram uma questão para o The Used — a banda nunca parou de lançar músicas ou fazer shows durante toda sua carreira. “Já era tempo de tudo isso voltar à tona. Agora estamos aproveitando a jornada e não podíamos estar mais agradecidos por sermos uma banda há 24 anos”, declara o norte-americano.
O segredo para a longevidade da banda, segundo ele, é a paixão pelo trabalho. “Nós amamos tocar e amamos tocar juntos. É muito terapêutico e catártico para nós”, garante o vocalista. “Nós sempre amamos e sempre amaremos tocar música ao vivo”, complementa. Nos próximos dias, o músico se mostra animado para poder prestigiar shows nacionais, como os de Fresno e NX Zero. “São bandas muito legais. Espero que a gente possa fazer ainda mais turnês juntos no futuro”, torce.
Cena nacional
Escolhidos para abrir a programação do festival, a banda gaúcha Fresno compartilha uma trajetória similar a dos norte-americanos. O grupo foi formado em 1999, e desde então tem carregado com orgulho o legado emo que constrói há 25 anos ininterruptos. “Eu vejo muitos comentários de pessoas falando que a Fresno carregou o emo nas costas durante o tempo em que a cena esteve em baixa. Eu nunca me senti carregando nada nas costas. Mas, ao mesmo tempo, a gente se sentiu carregando a nossa própria banda, e óbvio que ela acabou sendo um expoente do que um dia se entendeu como o emo brasileiro, que foi um movimento muito grande, de grande alcance popular”, avalia o vocalista Lucas Silveira.
“Obviamente, quando a gente parou de estar tanto no holofote de uma mídia mais popular, a gente meio que foi ficando apenas com os nossos fãs, e isso é um período natural para qualquer banda que vive um período de exposição muito grande. A verdade é que, se alguém ficou carregando alguma coisa, foi o nosso público, que nunca nos abandonou”, declara o cantor.
Desde a nova onda de popularização do emo e do pop-punk, a concretização de um evento como o de sábado já passava pela cabeça de Lucas. “A galera no geral não acreditava que poderia ter um evento desse tamanho aqui. Foi esperteza perceberem que existia uma demanda para isso, e principalmente para trazer as bandas internacionais que a gente achava que nunca mais veria”, elogia. “É muito massa saber que vamos compartilhar o palco com essas pessoas, mostrando para eles o tamanho que eles têm aqui no Brasil e também o tamanho que nós temos. Mostrar como essa onda veio e ficou para sempre”, afirma.
O grupo paulistano NX Zero, por sua vez, voltou aos palcos recentemente após um hiato de seis anos para uma turnê de sucesso ao redor do Brasil. O quinteto, que chegou a lotar estádios como Allianz Parque, aproveitou o convite para participar do I Wanna Be Tour para expandir a sequência de shows que começou no fim de maio. “Foi muito massa viver tudo o que a gente viveu ano passado com a turnê Cedo ou Tarde. O encontro que nós tivemos entre a gente, com os fãs e com a nossa música foi muito importante para nós. Foi a melhor turnê das nossas vidas. E aí fica esse gostinho de quero mais, tanto para gente, quanto para o público”, explica o baterista Dani Weksler. “Poder fazer um pouquinho mais de tudo que a gente sabe fazer de melhor, junto com várias outras pessoas que influenciaram e são influenciadas por toda essa história, é muito especial”, garante o músico.
Sem lançar um álbum inédito desde 2015, o NX resgata a nostalgia do início dos anos 2000 ao apresentar nos shows os maiores sucessos da banda, considerados também alguns dos principais sucessos nacionais do começo do milênio. “Esse movimento foi tão importante para tantas vidas que ele acaba se tornando atemporal. São músicas que marcaram a vida de muitas pessoas, marcaram época. A gente sente prazer ao poder tocar essas faixas que, para nós, não são datadas. São músicas que vão perdurar por muito tempo. É lindo ver isso depois de tantos anos, que a música continue trazendo significado para tanta gente”, comemora Dani.
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