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Análise: 'Silent Hill: the short message' mostra terror contemporâneo de nova era

Medo do real e do fictício se unem nesse novo título da Konami

Depois do cancelamento do projeto de Hideo Kojima com a Konami, Silent Hills, que seria protagonizado por Norman Reedus, manteve o repouso de 12 anos sem nenhum jogo da franquia. Agora, com o remake de Silent Hill 2 a caminho pela Bloober Team, os fãs ficaram ansiosos por qualquer material relacionado ao terror nebuloso da Konami. Então de surpresa, a empresa além de mostrar um pequeno trecho do remake e finalmente confirmando uma janela de lançamento, Silent Hill: the short message foi anunciado e lançado no mesmo dia, e gratuitamente para o PlayStation 5.

Inclusive, jogos surpresas parecem estar virando uma tendência crescente na indústria, já que também no início do ano passado, a Xbox anunciou e lançou de surpresa Hi-Fi Rush. E ambos contam com legendas e menus, tudo em Português do Brasil, e o exclusivo da Xbox até com dublagem.

Vertente nova?

 

Reprodução/Konami - A criatura que persegue Anita pelo prédio Villa.

O jogo é protagonizado pela estudante, Anita que se vê presa num edifício depois de receber um convite misterioso de uma amiga por mensagem. No edifício, ela vai se deparar com várias intervenções artísticas, questões pessoais e uma criatura que fica em seu encalço.

Em questão de jogabilidade, o jogo é todo visto em primeira pessoa, podemos andar pelo prédio e interagir com objetos no cenário, como portas e documentos, que revelam mais sobre acontecimentos históricos da região de Kettenstadt, onde o jogo se passa. E dentro da história, acontecimentos reais são integrados com o mundo de ficção, com citações a pandemia da covid-19 e a crise financeira de 2008.

Conforme avançamos pela construção abandonada, o edifício Villa se torna um cenário claustrofóbico, cheio de corredores, com poucas salas, e sinais severos de descuido, com diversas partes interditas.

Short message traz uma experiência diferente para Silent Hill, introduzindo esse terror psicológico numa série cheia de criaturas bizarras. Acredito que o maior elo dela com o título da franquia é a criatura ser baseada nos medos mais íntimos de Anita, assim como os monstros de Silent Hill 2 estão relacionados com os problemas de James Sunderland.

Medo real

 

Reprodução/Konami - Anita adentra uma sala lotada de papéis cheios de ofensas e xingamentos.

O maior destaque do jogo são as questões que ele levanta dentro de sua narrativa, como bullying, ansiedade, pressão familiar, maus tratos, tudo isso englobado em uma campanha relativamente curta que tem muito a dizer sobre esses monstros da vida real.

A própria Konami coloca um aviso antes de iniciar o jogo alertando que a mídia trata de temas sensíveis, e disponibiliza uma mensagem sobre procurar ajuda caso o jogador se sinta abalado ou se veja na mesma situação retratada no game.

Além disso tudo, o jogo ainda conta com uma forma direta de relação com as redes sociais, já que recebemos mensagens de texto ao longo da campanha, além de mostrar todo o lado ruim dos haters, trolls e os impactos que elas podem ter no mundo contemporâneo e principalmente nas pessoas.

O jogo trata de uma maneira bem aberta sobre todos os assuntos, alguns podem até ser considerados clichês, mas funcionam para uma experiência curta que dura no máximo 2 horas para finalizar. Os temas abordados são muito importantes de serem colocados em discussão no mundo dos games, existem poucos jogos que discutem a importância da saúde mental e os transtornos gerados pela falta de tratamento. Silent Hill: the short message comunica muito bem sua ideia através da ficção baseada em problemas reais, o que mostra uma modernização na saga e quem sabe uma nova vertente. O jogo é gratuito e está disponível exclusivamente para PlayStation 5.

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Reprodução/Konami - Anita protagonista do game.
Reprodução/Konami - A criatura que persegue Anita pelo prédio Villa.
Reprodução/Konami - Anita adentra uma sala lotada de papéis cheios de ofensas e xingamentos.