Há toda uma filosofia na prática das artes marciais, mas é a plástica dos movimentos, o enquadramento da harmonia e o contraste entre a força e a leveza que a exposição Do: o caminho da virtude quer enfocar. Em cartaz no Museu de Arte de Brasília (MAB) e organizada pela Japan House São Paulo, a mostra reúne fotografias e vídeos de nove modalidades de artes marciais praticadas no Japão com o intuito de divulgar um aspecto da cultura do país que fica a meio caminho entre a arte e a prática desportiva. As artes marciais funcionam como embaixadoras da cultura japonesa, na mesma medida que o sushi e a ikebana.
A exposição já esteve na Argentina, no Peru e no México, além de São Paulo, antes de desembarcar em Brasília. Do significa caminho e é a transcrição de um ideograma presente em muitos dos nomes das artes marciais japonesas, como aikido, kendo, karatedo, judo, kyudo e jukendo, todas representadas na exposição, que tem ainda naginata e shorinjikemp. "A gente quer primeiro falar do Do, que significa caminho e está muito presente na filosofia do Japão", explica Claudio Kurita, diretor institucional Japan House São Paulo. "As artes marciais são muito populares no Brasil. O brasileiro gosta e, talvez, a mais conhecida seja a embaixadora, que é o judô, e o dô do judô vem desse caminho."
Todas as fotografias mostradas no MAB foram realizadas em preto e branco e em estúdio. A ideia é levar ao público detalhes da prática de cada uma dessas artes registradas com um olhar artístico. Atletas brasileiros e japoneses foram convocados para posar, mas seus rostos não aparecem porque esse não é o foco da mostra. "A gente não quis retratar pessoas propriamente e sim a estética dos movimentos. Então, em quase nenhuma das fotos aparece a face do atleta, a gente quis colocar essa parte da forma, uma coisa que está muito presente nas imagens. Não era o principal personificar e sim representar a modalidade por meio da estética do movimento", avisa Kurita.
O judô é o mais conhecido dos esportes elencados e o sumô faz parte do imaginário internacional, enquanto outros, como o kendô, luta originada a partir dos combates dos samurais no Japão feudal e praticada com espada de madeira e armadura remetem a filmes e livros. "Algumas artes são desconhecidas do brasileiro e essa é uma oportunidade para apresentar essas modalidades que não são tão conhecidas", explica Kurita, ao lembrar do kyudo, praticado com arco, flecha e lança. "A exposição é para mostrar para o público que, além das artes tradicionais, que as pessoas já conhecem, a gente quer mostrar outras. É uma introdução a certas artes marciais que talvez os brasileiros nunca ouviram falar." A cenografia da mostra ocupa 200 m² do MAB e foi inspirada nos Dojôs, as casas nas quais ocorrem os treinos das artes marciais, com direito à arquitetura de encaixes de madeira típica da tradição construtiva japonesa. Um tatame para clínicas esportivas e demonstrações também integra o espaço expositivo.
A exposição fica em cartaz até 28 de abril e, durante esse tempo, o público poderá contar com oficinas e workshops desenvolvidos para aproximar os visitantes de cada uma das práticas mostradas. "A arte marcial está muito presente na vida do japonês, desde crianças", explica Kurita. Ainda na escola, as crianças são convidadas a escolher uma arte marcial para praticar no ambiente escolar ou no dia a dia. "Então é quase certo dizer que a maioria dos japoneses praticou, em algum momento da vida, a arte marcial. Além do condicionamento, tem essa coisa mais de filosofia, então a criança aprende disciplina, a trabalhar em equipe", conta. As oficinas, aulas e workshops serão realizados por professores de academias da cidade durante os fins de semana e o departamento educativo do MAB preparou uma série de atividades especialmente para os pequenos.
Serviço
Do: a caminho da virtude, Japan House São Paulo
Organizado pela Japan House São Paulo. Visitação até 28 de abril, de quarta a segunda, das 10h às 19h, no Museu de Arte de Brasília (MAB - SHTN Trecho 1, projeto Orla Polo 03, Lote 05). Entrada livre.
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